Este Blog foi escrito para o Público LGBT de todas as idades que estão a pensar em assumir-se. Nós sabemos que tomar a decisão de se assumir pode ser assustadora e desgastante. É por estas razões e devido ao nosso trabalho na área de homossexuais que fizemos este Blog. Acreditamos que informação útil e as experiências de outras pessoas em assumirem-se podem preparar-te para algumas das consequências que podem resultar de te assumires perante a família e amigos. Blog que reúne as principais notícias sobre o público Gls Glbt Lgbt (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Tem por objetivo manter tal comunidade informada, para que usufruam de seus direitos, comemorem suas conquistas e lutem pela diminuição do preconceito. Deixe seu recado, mande suas fotos e videos poste no nosso blog Faça parte você também Participem deste blog, Mail sociedadelgbt@hotmail.com

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Globo já estuda criar programa para público LGBT, diz colunista

Uma das ideias se trata de uma espécie de variação do programa "Amor & Sexo".
Para uma emissora que proibiu beijo dramatúrgico entre gays durante mais de 20 anos, até que a Globo de repente progrediu no tempo e se tornou "moderninha". Se dizendo "atenta ao momento da sociedade", a emissora mostrou nos últimos meses beijo entre dois homens em novela, beijo entre duas mulheres em reality show e novela, e agora prepara mais um passo: um programa dedicado especificamente ao público LGBT.

Segundo o jornalista Ricardo Feltrin do UOL, não se trata de um projeto para ir ao ar imediatamente, mas para ser viabilizado em 2015 ou, no máximo, 2016. Uma das ideias em gestação trata de uma espécie de variação do programa "Amor & Sexo", apresentado por Fernanda Lima.

As questões envolvendo sexualidade, bem como convidados, seriam sempre pautadas pela temática LGBT. Outra ideia seria a criação de um reality show mostrando a rotina de casais do mesmo sexo convivendo (nos moldes de "A Família Ousborne", da MTV).

Uma outra ideia seria incluir em tal programa um quadro em que personalidades nacionais, bem como telespectadores comuns, sairiam do armário e assumiriam sua orientação em público.

O projeto prevê que o programa comece a ser exibido no eixo Rio-São Paulo, dependendo da reação, e só depois migre para rede nacional.

Esse programa teria também artistas convidados a cantar ou se apresentar. Em comum, todas e todos teriam que ser lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou que tivessem LGBTs como público principal.

Se um grupo defende a criação da atração, outro prefere que a emissora "saia do armário" como vem fazendo: passo a passo.

Daí a ideia de que, antes de ter um espaço exclusivo, o programa vire algum quadro fixo de "Amor & Sexo", de Fernanda.

Jovens se unem para criação da UniGay em Brasília

União Gay não quer ser um grupo de Paradas.
Na noite da última quinta-feira, 24, jovens se reuniram com Fabiana Ferreira para criação da União Gay (UniGay) com objetivo de oferecer atendimentos, informações e ficar mais próximo do publico LGBT.

Ao contrario de outras entidades do DF, a UniGay não quer ser um grupo de Paradas lembra Henrique Elias. "Paradas são importantes na luta contro a homofobia, mas a UniGay vai trabalhar com prevenção, atendimentos e informações" diz Elias que foi eleito presidente da UniGay. 
 


Chileno é condenado à prisão perpétua por morte de jovem gay

Daniel Zamudio, de 24 anos, morreu depois de 24 dias em coma em março do ano passado.
Um tribunal chileno condenou Patricio Ahumada à prisão perpétua pelo assassinato do jovem gay Daniel Zamudio, e a penas de 7 e 15 anos outros três envolvidos no crime. Zamudio, de 24 anos, morreu depois de 24 dias em coma, em março do ano passado, num crime que gerou grande polêmica no país.
"É uma pena exemplar, eles vão apodrecer na cadeia" disse Iván Zamudio, pai da vítima, após a divulgação da sentença. 

Os quatro já haviam sido declarados culpados em outubro, depois que a justiça determinou que eles tiveram responsabilidade no brutal ataque sofrido por Zamudio em um parque no centro da capital Santiago, segundo a investigação judicial. Ahumada, que depois de 20 anos poderá pedir benefícios carcerários, foi considerado o líder do grupo que golpeou o jovem até provocar sua morte. A defesa dos condenados tem 10 dias para recorrer da sentença

 O túmulo de um jovem gay morto depois de ser atacado por quatro homens em 2012 se transformou em um santuário no Chile.
A gaveta temporária que abriga o corpo de Daniel Zamudio no Cemitério Geral de Santiago está coberto de frases como 'Dani lindo, anjinho bonito, cuide de nós', ou 'Daniel, onde estiver, rogue por nós. Respeito para você', 'Cuide de nós e nos liberte, nos ajude a seguir em frente'.

O jovem morreu em 2012 aos 24 anos, depois de ser atacado por quatro homens em um parque no centro da capital chilena. De acordo com o veredito dado em outubro, os agressores agiram com 'crueldade extrema e total desprezo pela vida humana'.

A comoção causada pelo crime levou à aprovação de uma lei contra a discriminação que leva o nome de Zamudio. No entanto, esta lei não tem aplicação retroativa.

Por isso, os agressores responsáveis pela morte de Zamudio não enfrentarão o agravante de discriminação pela condição sexual. A promotoria pede penas que variam entre oito anos e prisão perpétua para os agressores e a condenação deve ser determinada no dia 28 de outubro.

'Animita'
Entre outros golpes, os agressores acertaram Zamudio com os chutes, socos, cortes e queimaduras, desenharam suásticas no abdome da vítima com cacos de vidro e, com uma pedra de oito quilos, fraturaram a perna direita de Zamudio.

O jovem foi encontrado por um guarda na manhã do dia 3 de março de 2012. O guarda declarou que 'nunca havia visto uma agressão tão brutal'.

Ele permaneceu em coma em um hospital público durante quase um mês.

Quando a morte de Zamudio foi anunciada, uma multidão acendeu velas na porta do hospital e cerca de duas mil pessoas acompanharam o enterro.

Mais de um ano depois da morte, os funcionários do cemitério sabem onde fica seu túmulo e dão informações aos visitantes que querem deixar suas homenagens ao jovem. Entre os frequentadores estão estudantes, casais, homens e mulheres.

"Rezam, falam com ele, se benzem, pedem coisas", contam os funcionários, que já conhecem bem o fenômeno chamado no Chile de 'animitas', a criação de lugares de peregrinação, geralmente ligados a mortes violentas ou injustas.

"Daniel Zamudio tem todos os elementos para se transformar em uma animita", afirma Claudia Lira, pesquisadora de cultura popular e tradicional da Universidade Católica de Santiago.

"É uma morte cruel, inesperada, onde há muito derramamento de sangue, há uma tragédia. As pessoas sentem que esta morte é injusta, porque ele era uma pessoa discriminada, morreu indefeso, na rua", acrescentou.

"Na cosmovisão chilena, mesmo que exista um processo judicial, ele se converte em um mártir, uma concepção que vem do catolicismo e que se junta com a idiossincrasia chilena; a pessoa pode estar mais próxima de Deus porque o sofrimento a transformou e, portanto, se pode pedir coisas a esta pessoa", afirmou.

Cartas
Parte dos bilhetes deixados no túmulo de Daniel Zamudio são guardados pelo Movimento de Integração e Liberação LGBT do Chile, o Movilh.

"Vamos quase todas as semanas ver Daniel e recolhemos muitas cartas que as pessoas escrevem por razões diferentes. Meninos, meninas que pedem ajuda, ou mensagens de carinho", contou presidente do Movilh, Rolando Jiménez.

"A última vez que contei tínhamos entre 150, 200 (cartas)", disse o ativista, que espera incorporar os textos de alguma forma ao túmulo e memorial à diversidade que o movimento está construindo no Cemitério Geral de Santiago e para onde pretende levar de forma definitiva os restos de Zamudio.

"Não temos vínculos com nenhuma religião ou crença. Somos ateus, entre outros motivos, pelo papel da Igreja Católica na difusão e promoção da homofobia no nível cultural", afirmou.

"Mas se as pessoas sentem uma proximidade com Daniel a partir desta lógica, respeitamos. E no túmulo memorial haverá espaço para que as pessoas continuem deixando suas cartas e as coisas que que hoje levam, presentes, brinquedos, corações."

O Movilh também planeja instalar algum memorial no parque onde Zamudio foi atacado.

Atualmente apenas uma cruz e flores marcam o local do ataque.

Falta de consenso impede votação do substitutivo do PLC 122

Projeto que criminaliza preconceito contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais é retirado da pauta da CDH.
Manifestações de deputados da bancada evangélica e de representantes de igrejas marcaram a primeira tentativa de votação, nesta quarta-feira (20), na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), do substitutivo de Paulo Paim (PT-RS) ao projeto que torna crime a discriminação ou o preconceito pela orientação sexual e identidade de gênero (PLS 122/2006).

A pedido de lideranças partidárias e de senadores da CDH, Paim pediu a retirada da matéria da pauta da comissão, para buscar consenso sobre o texto. Ele, no entanto, disse já ter realizado diversas conversas para a elaboração do substitutivo, tanto com entidades religiosas como com grupos do movimento de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT).

Para atender a demandas dos grupos religiosos, o relator já havia, por exemplo, modificado artigo que torna crime “impedir ou restringir a manifestação de afetividade de qualquer pessoa em local público ou privado aberto ao público”, incluindo ressalva para que seja “resguardado o respeito devido aos espaços religiosos”.

A medida, no entanto, não foi suficiente para o entendimento.

"Um dos argumentos que ouvi aqui hoje foi de que uma celebração religiosa pode ser realizada em um ginásio de esporte, que não é um templo. Nesse caso, como é que fica? Eles querem que fique mais clara essa questão" explicou, ao reafirmar sua disposição ao diálogo.

Empenho
Também a presidente da CDH, senadora Ana Rita (PT-ES), disse que a comissão buscará promover o entendimento, para que o projeto seja aprovado ainda este ano.

"É importante que os líderes partidários se empenhem. Não gostaríamos de deixar isso para o ano que vem, até porque houve debate intenso sobre esse assunto. É matéria que, do nosso ponto de vista, contempla perfeitamente todos os setores discriminados" opinou.

Gustavo Bernardes, representante do Conselho Nacional LGBT, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, considera que o substitutivo é fruto de entendimento, onde cada setor cedeu um pouco, e deve ser votado, para que o país possa ter uma legislação de proteção às minorias.

"Apesar de, em 2012, terem sido registrados 310 assassinatos motivados por homofobia no Brasil, ainda há setores que se negam a reconhecer que exista violência contra a população LGBT" frisou.

Tramitação
De autoria da deputada Iara Bernardi (PT-SP), o PLC 122/2006 já foi aprovado na Câmara dos Deputados e tramita no Senado há sete anos. O texto passou pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde foi modificado por substitutivo apresentado pela então senadora Fátima Cleide.

Na CDH, Paulo Paim elaborou novo substitutivo, na tentativa de superar a polêmica que acompanha a matéria. Na busca do consenso, ele ampliou a lei que já pune a discriminação racial (Lei 7.716/1989) e o capítulo do Código Penal (Decreto-Lei 2.848/1940) que trata do crime de injúria, para incluir o combate a todo tipo de preconceito, não apenas de aos LGBT, mas também ao direcionado a idosos, mulheres e deficientes físicos.

De acordo com Paim, a nova lei terá como o objetivo “o combate ao ódio, à intolerância e à violência de um ser humano contra o outro”.

Depois da votação na CDH, o projeto ainda precisa passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), antes de ir a Plenário.

Em quase duas semanas, dez LGBTs foram vítimas de homolesbotransfobia no DF

Aumento de 431,11% casos na capital segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
 Casos de preconceito contra Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) são frequentes no Distrito Federal. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República mostra aumento de 431,11% nas ocorrências brasilienses — subiu de 45, em 2011, para 239 no ano seguinte.
Em quase duas semanas, dez LGBTs foram vítimas no DF. Em Taguatinga, uma travesti foi morta com dez tiros na quarta-feira (19). De acordo com a Polícia Civil, ela era conhecida como Paulete. Nos dias seguintes, mais uma travesti foi assassinada na W3 norte e outra encontrada esfaqueada na Rodoviária do Plano Piloto.

No domingo (23), um jovem de 17 anos foi agredido e teve a perna quebrada em Planaltina pelo pai ao encontra foto de beijo com o namorado do filho no celular.

Na terça-feira (25), duas lésbicas de 22 e 24 anos, foram espancadas depois de discutir com um rapaz que chamou uma delas de “sapatona” em um restaurante do Setor Comercial Sul.

E na madrugada desta sexta-feira (28), mais quatro lésbicas foram espancadas na área externa de um bar de Brasília depois que um rapaz confundiu uma das moças com um homem e achou que ela teria "dado em cima" da moça que o acompanhava.

Há três meses, o professor de inglês Flávio Brebis, 42 anos, foi alvo de dois jovens, em Taguatinga, por causa da orientação sexual. “Xingaram-me de ‘viadinho, gay, boiola’. Um deles só não me bateu porque tinha muita gente em volta, e o outro o conteve”, conta. Para Fabiana Ferreira, ganhadora do Prêmio de Cidadania e Direitos Humanos em 2013, a homofobia tem aumentado devido discursos carregados de preconceito de fundamentalistas. "Não podemos deixar que posicionamentos homofóbicos de uma pequena parte da sociedade seja motivos para o aumento do sofrimento do próximo pelo simples fato de amar", diz a assessora parlamentar que trabalha por um DF sem preconceito.

Michel Platini, do Grupo Estruturação LGBT de Brasília, ressalta que a homofobia não vitimiza apenas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. “Nós já vimos pai e filho serem confundidos com homossexuais, e, por isso, serem vítimas de violência gratuita”, lamenta Platini. 

Hernanny Queiroz, conselheiro de juventude pela temática LGBT, reafirma a importâncias de leis que pune discriminação baseada na orientação sexual ou identidade de gênero. "Para que parte da sociedade seja tratada como igual aos demais é preciso dar privilégios, isso acontece com a lei do racismo, lei maria da penha. Por isso, precisamos da regulamentação da lei 2.615 que faz 14 anos que foi aprovada pela Câmara Legislativa Distrital e um ano que foi regulamentada e revogada em menos de 24 horas pelo governo Agnelo cedendo a pressão de religiosos fundamentalistas", lembra o jovem.

Casal gay é agredido no centro de São Paulo e agressores são liberados

Segundo as vítimas, um dos agressores utilizava uma mochila para bater.


Um casal de gays de 35 e 23 anos foram agredidos por ao menos dez pessoas na rua Augusta, na Consolação, região central de São Paulo, por volta das 4h desta quarta-feira.

As vítimas disseram à polícia que estavam se despedindo com um beijo em frente a um bar quando começaram a ser agredidas por um grupo de skinheads. Segundo as vítimas, um dos agressores utilizava uma mochila para bater.

Os dois agredidos tiveram ferimentos na cabeça e foram levados ao pronto-socorro da Santa Casa de São Paulo, onde foram atendidos e liberados.

Apesar da dificuldade das vítimas em descrever os agressores, os policiais conseguiram deter três homens e uma mulher suspeitos na avenida Augusta.

Com os suspeitos detidos foram apreendidos uma madeira com pregos na ponta, duas facas, um canivete e uma arma de artes marciais chamada de nunchacku (dois bastões unidos por uma corda ou corrente).

Segundo a Polícia Militar, os homens detidos são carecas, um deles tem uma tatuagem na cabeça e outro uma no peito escrito skinhead. As facas estavam escondidas na bolsa da mulher detida, segundo a PM.

O casal reconheceu os agressores, mas preferiu não denunciá-los e foram liberados.

Leis pró-LGBT avançam na América Latina, mas exclusão ainda persiste, diz Banco Mundial

Em 2013 uma pessoa foi vítima de homofobia a cada 28 horas no Brasil.
Desde o início de 2014, ano em que o Brasil parou para ver o primeiro beijo entre duas pessoas do mesmo sexo em uma novela da TV Globo, já houve 74 homicídios, segundo o Grupo Gay da Bahia. Em 2012, o Brasil registrou 44% de todos os casos de homofobia letal do mundo.

A economista do Banco Mundial, Louise Cord, afirma que lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais ainda são excluídas e excluídos em muitas sociedades. O estudo "A Inclusão Importa", realizado pelo Banco Mundial, constata que a exclusão das minorias afeta o acesso a oportunidades e a serviços básicos como educação e saúde, alertando que "o custo para o desenvolvimento é difícil de medir, mas sem dúvida é substancial".

De acordo com o estudo, 83 países em todo o mundo penalizam a homossexualidade; de 143 países com dados coletados para a pesquisa, 128 têm leis que discriminam as mulheres, enquanto muitos outros possuem normas que formalizam preconceitos contra diversos grupos minoritários.

Declarar-se homossexual já não é delito em nenhum país latino-americano de idioma espanhol. Os casamentos entre pessoas do mesmo sexo foram legalizados na Argentina, Brasil, Uruguai e Cidade do México.

Brasil, Peru e Equador aprovaram leis contra a discriminação. Além disso, Argentina e Uruguai regularam as adoções por parte de casais do mesmo sexo.

No entanto, apesar de todas essas leis, as minorias sexuais ainda correm perigo na América Latina. Estima-se que no Brasil, a homofobia custou a vida de 312 pessoas em 2013 – o equivalente a uma vítima a cada 28 horas. No México, foram 400 entre 1995 e 2005. E em Honduras, 186 entre 2009 e 2012.

O ativista Carlos Quesada, assessor em direitos LGBT da ONG Global Rights, acredita que os mesmos países latino-americanos que aprovaram essas leis ainda não conseguem fazer com que elas sejam cumpridas e que a sensação de impunidade endossa a existência de mais delitos e preconceitos.

"O fato de [o país] ter leis progressistas não significa que as pessoas estejam de acordo com elas e as cumpram", alerta Quesada.

A dificuldade de determinar com precisão um número de episódios violentos ou de discriminação baseados em preconceitos dificulta a formulação de políticas públicas para promover a inclusão, bem como para diminuir a violência.

"Ainda há pouco interesse em investigar os crimes de ódio e em fortalecer a capacidade do Estado para documentá-los. No Brasil, por exemplo, as estatísticas de homicídios homofóbicos não são reunidas pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, senão pelo Grupo Gay da Bahia, que obtém a informação dos jornais", disse Quesada.


África do Sul vira principal refúgio para LGBT perseguidos no continente

Legislação liberal atrai lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de países vizinhos, pouco simpáticos direitos LGBT.Cercada por países pouco simpáticos aos direitos LGBT, a Áfrida do Sul tornou-se o refúgio para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais africanos. Com uma Constituição que reconhece o casamento entre pessoas do mesmo sexo, pune a discriminação e protege o direito dos refugiados, o país é o destino mais procurado pelos chamados 'asilados sexuais' do continente. Mas apesar da legislação liberal, LGBTs ainda sofrem com episíodios de homofobia e com o preconceito contra imigrantes no país.Segundo a agência da ONU para refugiados (Acnur), a África do Sul tornou-se o principal destino dos "asilados sexuais" do continente. Só em 2013, a África do Sul recebeu mais de 290 mil refugiados, boa parte deles LGBTs, o que fez do país o líder em pedidos de asilo e refúgio pelo quarto ano consecutivo, segund a Acnur.
O cerco a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em países como Nigéria e Uganda faz com que muitos imigrantes busquem refúgio na "legislação progressista" sul-africana.

Em documento oficial do Departamento de Assuntos Internos sul-africano, o diretor-geral Mkuseli Apleni diz que as 72 entradas por terra ajudam a explicar porque o país entrou na rota de fuga de quem foge da homofobia no continente.

Na prática, porém, a perseguição e as dificuldades vividas por esses "asilados sexuais" não necessariamente acabam quando eles chegam à nação de Nelson Mandela.

"Existe uma desconexão com a forma que o país se porta internacionalmente e o modo como os refugiados sexuais são tratados aqui", afirma Yellavarne Moodley, pesquisador da Unidade dos Direitos de Refugiados da Universidade da Cidade do Cabo (UCT, na sigla em inglês).

Segundo o estudo, a burocracia para receber o status de asilo e preconceito por parte dos sul-africanos estão entre alguns dos problemas enfrentados.

Criminalização da homossexualidade
Para Moodley, o número de asilados no país deve se tornar ainda maior nos próximos anos devido à criminalização da homossexualidade que vem se tornando cada vez mais comum no continente. Somente neste ano, duas nações entraram para a lista dos países onde ser LGBT é proibido.

Em janeiro, a Nigéria aprovou uma legislação que torna o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo um crime severo que prevê uma sentença de 14 anos atrás das grades. Em março, o presidente da Uganda, Yoweri Museveni, decidiu punir com prisão perpétua quem tem relações com pessoas de mesmo sexo.

De acordo com informações da Anistia Internacional, relações entre pessoas do mesmo sexo são consideradas crime em 38 das 54 nações africanas.

Desemprego e preconceito
Apesar de ser sinônimo de esperança para LGBTs ao redor da África, o país sul-africano possui uma realidade um pouco mais amarga do que as aparências levam a acreditar.

O advogado Guillain Koko, que oferece apoio e consultoria para refugiados LGBTs na Cidade do Cabo, afirma que a Constituição liberal e inclusiva nem sempre reflete o comportamento da população.

"Eles (refugiados) sofrem preconceito, são alvos de ataques xenofóbicos e muitas vezes não encontram emprego", acusa quem afirma ter recebido em seu escritório pelo menos cem pessoas somente no ano passado.

Segundo pesquisa realizada pela organização Passop (Pessoas contra o Sofrimento, a Opressão e a Pobreza), 90% dos refugiados sexuais não conseguem encontrar emprego fixo no país. O relatório indica que a principal razão é discriminação e 51% dos entrevistados relatou que a falta de documentação também dificulta a procura por trabalho. "Muitos aguardam o status de asilado há mais de quatro anos", reclama Koko.

Em depoimento oficial, o Departamento de Assuntos Internos da África do Sul afirmou estar revendo seus procedimentos e tomando medidas para processar os pedidos de asilo de forma mais 'eficiente e justa'.

A ministra do Departamento de Assuntos Internos Nalendi Pandor aposta em parcerias com organizações internacionais, incluindo o ACNUR: "É importante para nós que os refugiados continuem a ver a África do Sul como um país que respeita as diferenças e representa esperança para um futuro melhor".

A realidade de quem foge
"Entre morte e prisão, viver com preconceito acaba se tornando o menor dos males". É essa a visão de um refugiado congolês quando questionado pela BBC Brasil sobre o porquê de ter escolhido a África do Sul como refúgio. Marc Kadima acabou emprestando nome e rosto ao dilema vivênciado por milhares de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais africanos.

Durante oito meses, o congolense de 25 anos enfrentou chuva, fome e frio. Em busca de liberdade, Kadima percorreu o sul do continente a pé e se escondeu em caminhões de carga até chegar a terras sul-africanas. "Eu sabia que iria morrer se continuasse no Congo", conta ele, que foi perseguido pelos próprios amigos e familiares. "Um grupo de conhecidos me levou para a rua e o espancamento começou. Consegui correr e fugi sem olhar para trás", relembra.

Apesar das dificuldades de adaptação que experimentou na África do Sul, onde vive há cinco anos, Kadima é grato pelo país que o recebeu. "Ainda existe homofobia no país e eu sofra por isso, eu não corro mais o risco de ser preso ou assassinado só por ser gay", diz.

Tiwonge Chimbalanga concorda. "Eu escuto insultos na rua, mas não estou mais presa", comemora ela, que há cinco anos se encontrava atrás das grades. Em 2009, o governo do Malauí condenou a transexual a 14 anos de prisão e trabalho forçado como punição por ter realizado uma festa tradicional de noivado com um homem.

Depois de quase um ano encarcerada, onde afirma ter sofrido torturas físicas e humilhações diárias, a transexual de 24 anos foi libertada pelas as autoridades do Malauí, que acabaram cedendo à pressão da comunidade internacional. "Aproveitei a atenção da mídia e pedi asilo para a África do Sul pelo fato de ser um país livre e próximo da minha aldeia natal. Eu sabia que se continuasse no Malauí acabaria sendo morta", explica.

O sofrimento de Tiwonge não é um caso isolado. Em relatório publicado em junho de 2013, a Anistia Internacional declara que ataques homofóbicos têm atingido níveis perigosos na África e que as autoridades vêm adotando cada vez mais novas leis para criminalizar a relação entre pessoas do mesmo sexo.

"Essa abordagem passa a ideia 'tóxica' de que pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais são criminosas", diz o documento da Anistia Internacional titulado 'Fazer do amor um crime'.

Embaixadas hasteiam bandeira LGBT pelo Dia Internacional Contra a Homofobia

Data foi escolhida lembrando-se da exclusão da Homossexualidade da CID da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990.Data foi escolhida lembrando-se da exclusão da Homossexualidade da CID da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de maio de 1990.O hasteamento da bandeira começou no ano passado, por iniciativa da Embaixada da Holanda e teve a adesão de outros países.
Segundo a embaixada holandesa, o objetivo é reafirmar o compromisso desses países de defender a igualdade e lutar contra discriminação da orientação sexual e identidades de gêneros.

O vice-embaixador da Holanda, Paul Zwetsloot, disse na última quarta (14), em discurso na abertura de uma exposição de fotografias cujo tema era o combate à homofobia, que o país enfrenta o "bullying homofóbico". Segundo ele, isso tem provocado aumento da taxa de suicídio entre jovens lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.O vice-embaixador do Reino Unido, Jonathan Dunn, disse que a ocasião é mais uma oportunidade de "celebrar" a diversidade. “Avaliamos [a iniciativa] como ótima. Todos nós somos iguais e não se deve discriminar pela forma diferente de pensar e agir[...] Pretendemos todos os anos marcar o dia de alguma forma”, disse.



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