Este Blog foi escrito para o Público LGBT de todas as idades que estão a pensar em assumir-se. Nós sabemos que tomar a decisão de se assumir pode ser assustadora e desgastante. É por estas razões e devido ao nosso trabalho na área de homossexuais que fizemos este Blog. Acreditamos que informação útil e as experiências de outras pessoas em assumirem-se podem preparar-te para algumas das consequências que podem resultar de te assumires perante a família e amigos. Blog que reúne as principais notícias sobre o público Gls Glbt Lgbt (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Tem por objetivo manter tal comunidade informada, para que usufruam de seus direitos, comemorem suas conquistas e lutem pela diminuição do preconceito. Deixe seu recado, mande suas fotos e videos poste no nosso blog Faça parte você também Participem deste blog, Mail sociedadelgbt@hotmail.com

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Entenda a bissexualidade

Se uma garota em um bar diz a um cara que ela é bissexual, há uma chance significativa de sua reação ser uma sobrancelha levantada e uma série de cenários de filmes pornográficos passando em sua mente. Se um cara diz a seus amigos que ele é bi, a reação tende a ser um “ah, então você é gay”. Numa época em que a compreensão e aceitação da homossexualidade está lentamente se tornando conhecimento geral, muitas pessoas ainda pensam que a bissexualidade é apenas um hobby sexy ou coisa de “gente sem vergonha”.

Antes de julgar, é melhor a gente entender do que realmente se trata esta opção sexual.

A maioria das pessoas parecem pensar que a bissexualidade não é real

3,1% dos adultos dos Estados Unidos se identificam como bissexuais, em comparação com apenas 2,5% que se identificam como gays ou lésbicas. Por outro lado, enquanto que cerca de três quartos de todos os indivíduos gays já saíram do armário, apenas 28% de todos os bissexuais se assumem, e apenas 12% dos homens bi se identificam abertamente como tal.

Apesar de ser a maior parte da comunidade LGBT, os bissexuais também são os menos confortáveis com sua sexualidade. E isso acontece devido ao fato de as pessoas simplesmente não acreditarem neles.

Por exemplo, em um estudo que foi pago por ninguém menos do que o famoso jornal The New York Times, com o título (em tradução livre) “Direto ao ponto: Gay ou não?”, pesquisadores decidiram testar se os homens bi estavam ou não dizendo a verdade usando uma máquina projetada para medir a sua excitação e mostrando-lhes pornôs gays e pornôs héteros.

Eles descobriram que todas as pessoas que afirmavam ser bi ficavam significativamente mais excitadas por um ou outro vídeo e, assim, aparentemente, estaria provado que eram gays ou não.

Claro, um terço dos homens não ficaram excitados com nenhum dos vídeos. Mas nem por isso foram identificados como assexuados.

Então por que os pesquisadores se permitiram tirar conclusões com um mínimo de dados? Afinal, convenhamos: esse parâmetro não diz lá muita coisa.

É assim que funciona a percepção de bissexuais

Ela simplesmente não funciona. Na consciência coletiva, existem coisas como a fusão de duas criaturas mitológicas existentes, como uma sereia, em vez de uma combinação real que existe, como um garfo. As pessoas definitivamente gostariam de rotular umas as outras em parâmetros simples, tipo preto ou branco, quando na verdade existem alguns 50 tons de cinza entre esse intervalo.

Obviamente, a comunidade bissexual ficou muito sentida com a “pesquisa” promovida pelo jornal. Isso, então, levou o New York Times a fazer um artigo que tinha como missão provar que bissexuais existem sim. Em última análise, o artigo concluiu que os bissexuais existem (obviamente – porque eles existem) e estão por aí – na verdade, por toda a parte.

Bissexuais não estão apenas lutando contra a ciência do reconhecimento. Mesmo dentro da comunidade LGBT, bissexuais são largamente marginalizados e ignorados.

Tem gente que acha que os bissexuais são pessoas que “topam qualquer negócio”

Se um personagem de novela é bi, há uma boa chance de que ele esteja fazendo mais sexo do que qualquer outra pessoa (como o personagem de Olivia Wilde na série House). E por que não? Como os bissexuais podem se divertir com praticamente qualquer pessoa, é apenas lógico que eles saiam por aí fanfarrando com todo mundo, certo?

Claro que não. Infelizmente, algumas pessoas acreditam que bissexuais topam qualquer negócio, a qualquer hora, sem tempo ruim. Outras acham que ter um relacionamento com uma pessoa bi não é sustentável porque essa pessoa não seria confiável – já que ela poderia estar dando em cima de qualquer um.

Essa corrente de desconfiança está errada

A maioria das pessoas veem a sexualidade feminina, por exemplo, como algo maleável. Há um tipo de insegurança de que como a pessoa pode desfrutar de relações íntimas com ambos os sexos, então ela tem que obrigatoriamente desfrutar do sexo com ambos os sexos. Como se isso fosse algo natural e subentendido.

E depois há a suspeita de que com todo o sexo promíscuo que os bissexuais fazem, eles devem ser uma verdadeira fonte de doenças sexualmente transmissíveis. Não é à toa que a Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, teve que gastar dinheiro pesquisando para provar por a + b que bis não são mais propensos a carregar pragas na virilha do que qualquer outra pessoa.

Todo mundo acha que um bi está sempre pronto para um sexo a 3


Ah, o Santo Graal da exploração sexual: o sexo a 3. Dizem por aí que isso é o que as pessoas fazem quando elas não estão exatamente prontas para participar de uma orgia real. E isso seria algo como um treinamento.

O problema óbvio, no entanto, é que, para ter o máximo de prazer, alguém precisa estar pronto para alimentar ambos os equipamentos. Caso contrário, você ficará apenas sentado, à espera da sua vez, enquanto as outras duas pessoas se divertem.

De acordo com relatos de uma mulher homossexual que concedeu uma entrevista ao site Cracked, ela precisa ser extremamente cuidadosa na hora de escolher com quem vai sair. Se afirmar como bissexual parece um convite para sexo a três e uma série de “brincadeiras” do tipo “quem sabe um dia?”.

Ainda segundo ela, é ainda pior online. Colocar “bi” no perfil garante que você vai ser inundada com pedidos de sexo a três, em sua maioria por homens, mas também por um bom número de meninas.

Se um homem se diz “bi”, as pessoas simplesmente o consideram como “gay”

Se você assistiu House of Cards, você sabe que o personagem Frank Underwood é um pervertido quando o assunto é sexo. Ele sai com uma mulher muito mais jovem (e agora muito mais morta) que ele, faz alusão a vários casos que tem com o pleno conhecimento de sua esposa, e no final da segunda temporada, faz uma mini orgia com sua esposa e seu guarda-costas.

Agora vá para o Google e pergunte: “Frank Underwood é gay?” e “Frank Underwood é bissexual?”. Você vai descobrir que o primeiro termo tem 6 vezes mais buscas que o segundo.

Não importa quantas vezes vemos Frank com Zoe ou carinhosamente beijando e acariciando sua esposa; ele beijou um cara por meio segundo uma vez em 26 episódios e, BAM, ele deve ser gay #comcerteza.

Se você assistiu ao seriado Sex and The City, deve se lembrar do episódio em que Carrie (a protagonista), namora um cara bissexual, mas afirma que ele estava apenas no caminho da homossexualidade. No final, ela termina com ele porque percebe que ele está vivendo em uma fase de experimentação e se diz muito velha para “seus joguinhos”.

Ser bissexual não implica em ter relações com todos os sexos igualmente


Este talvez seja o ponto central de confusão que gera todos os mal entendidos que falamos acima. As pessoas realmente precisam de rótulos para colar nas pessoas, como se eles fossem uma coisa fácil se de estabelecer. Assim, mesmo se alguém está disposto a aceitar que a bissexualidade é uma coisa, elas querem que isso signifique exatamente o que o nome diz: que eles preferem igualmente ambos os sexos. Mas esse raramente é o caso.

É mais ou menos assim: eu gosto de maçã e banana. Mas eu prefiro banana.

Inclusive, a maioria dos bissexuais tendem a preferir um sexo a outro. Só que é quase impossível para a maioria das pessoas entender isso. Afinal, este é um julgamento muito subjetivo.

Homossexualidade era comum no início do cristianismo romano

Depois de dez anos de pesquisa que culminaram na autoria do livro “Man to Man: Desire, Homosociality, and Authority in Late-Roman Manhood” (em tradução livre, “De homem para homem: Desejo, Homossocialidade e Autoridade dos Homens no Império Romano Tardio”), o Dr. Mark Masterson concluiu que a homossexualidade era prevalente em Roma no início do cristianismo.
“Meu trabalho incita o diálogo sobre a sexualidade em tempos antigos. A imagem usual do império cristão precoce é que a sociedade era ‘certinha’ e muito mais cuidadosa, mas a minha pesquisa sugere que as pessoas nem sempre obedecem as ‘regras’ – não fazem agora e nunca fizeram”, argumenta.

As evidências

O Dr. Masterson, da Faculdade de História da Arte, Clássicos e Estudos Religiosos da Universidade de Victoria, na Austrália, analisou comunicações de todos os tipos do final do século IV e início do século V em Roma, para desenvolver um quadro mais completo dos homens antigos.

Isso incluiu a correspondência entre civis, bem como avisos legais por parte das autoridades da época, que inicialmente governaram contra a prostituição homossexual e, mais tarde, talvez contra a própria homossexualidade – o “talvez” é devido à lei não ser muito clara, segundo Masterson.

“Enquanto o sexo entre homens não era contra a lei naqueles tempos, foi explicitamente desaprovado pelas autoridades”, disse. “Mas o fato de que as autoridades falavam sobre como os homens não deveriam fazer isso com outro homem, usando uma linguagem humorada e trocadilhos, revela que essas atividades eram predominantes e bastante conhecidas. Afinal de contas, você não faz decretos contra uma atividade a menos que seja algo que realmente aconteça na sociedade”.

O tom das cartas

Muitas das cartas entre homens tinham um elemento de “romance”.

“Eles usavam linguagem sexy e, quando você a analisa, você acha que eles estão citando poesia erótica uns aos outros, assim como o uso de palavras de amor. Embora isto não signifique necessariamente que os homens estavam tendo um relacionamento sexual, sua amizade é retratada de uma forma sexual para sublinhar a sua proximidade. Se você lê cartas como essas entre um homem e uma mulher, você imagina que eles estão em uma relação sexual”, compara Masterson.

Procurador pede que transfobia e homofobia sejam crimes como o racismo

O Brasil, em pleno 2015, ainda é um dos países que mais se registra casos de homofobia e transfobia em todo o mundo. Neste cenário de intolerância, violência e mortes, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em parecer enviado ao Supremo Tribunal Federal (ST), pede que ataques contra a população LGBTT passem a ser considerado crime, assim como a Lei 7.716/89/89, que configura racismo. Em breve, o Supremo deve se manifestar sobre a questão.
O pedido é uma resposta à inércia do Congresso Nacional para criminalizar infrações ligadas à homofobia e transfobia, que pode decretar Mora Legislativa, pressionando o Congresso a legislar sobre a questão e assim equiparar tais crimes ao racismo.

Discutida desde 2001, a pauta é uma questão de direito constitucional não assegurada pelo Estado, que se absteve da obrigatoriedade de indenização e se ausentou de proteger as vítimas de crimes de orientação e gênero.

“A homofobia decorre da mesma intolerância que suscitou outros tipos de discriminação, como aqueles em razão de cor, procedência nacional, religião, etnia, classe e gênero”, afirma o procurador geral em seu parecer, criando o vínculo da interpretação jurídica do texto.Em 2014, o Procurador já havia se manifestado sobre o assunto, em recurso movido pela Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) no mandado de injunção (MI) 4733, que pedia a criminalização da homofobia.

13 filmes para debater diversidade sexual e de gênero

No início, falava-se em GLS. Depois, retirou-se o “s”, de simpatizante, termo que, na realidade, poderia servir como um terreno confortável para os que não tinham coragem de assumir-se como gay ou lésbica. O “b”, de bissexual, e o “t”, de travesti, logo apareceram e a sigla passou a ser LGBT. Letras que, mais que simples iniciais, visibilizam o que a sociedade quer empurrar para dentro do armário. Ao longo do tempo,  novos grupos passaram a se reivindicar e novas letras apareceram. A sigla ganhou outro “t”, de transgênero, um “i” de intersex e um “q” de queer: LGBTTIQ. Uma sigla tão grande e diversa quanto as identidades e orientações que busca representar.
Para tirar as dúvidas
O que é intersex? E queer? Ainda se usa a palavra hermafrodita? O que é correto: ‘a’ travesti ou ‘o’ travesti? Transgênero é quem muda de sexo? Uma travesti é transgênero? Qual a diferença entre identidade de gênero e orientação sexual? A resposta a essas questões, muito comuns, podem ser conferidas em um guia educativo para jornalistas, mas que serve para qualquer um sanar suas dúvidas a respeito do tema.

O vai e vem de letras e conceitos, ao longo dos anos, entretanto, não indicam que esses grupos, ou comunidades, surgiram apenas agora. Eles sempre existiram, mas apenas nos últimos anos conseguiram fazer-se ver e ouvir. Há quem resista. Prova disso foram os recentes debates que ocorreram em diversos municípios em torno às questões vinculadas aos direitos e ao combate à violência e discriminação contra mulheres e à comunidade LGBTTIQ, durante as elaborações e aprovações dos Planos Municipais de Educação.

A discussão colocou, de um lado, aqueles que defendem que a escola tem um papel fundamental na educação sexual de crianças e adolescentes; e de outro, os que acreditam que somente a família pode educar nesse sentido – representados, sobretudo, por setores religiosos. Enquanto o primeiro grupo sustenta que é desde cedo que debates relacionados à sexualidade, papeis de gênero e tolerância à diversidade devem ocorrer, o segundo grupo afirma que trazer tais conteúdos para a escola tem o objetivo de estimular que crianças e adolescentes “escolham” ser algo diferente do que são.

Para Maria Helena Vilela, diretora executiva do Instituto Kaplan, temas relacionados à sexualidade sempre estarão presentes na escola, quer ela queira, quer não, ainda que informalmente e nos corredores. “A sexualidade está presente na escola porque ela é um espaço de convívio social, onde as pessoas se mostram, se conhecem, interagem e porque é um espaço de aprendizagem“. Para ela, a comunidade escolar, portanto, “não tem escapatória” e precisa assumir esse desafio.

“Um jovem com um problema sexual ou que sofre por conflitos relacionados à identidade de gêneros ou orientação sexual não vai se concentrar na aula. Se a escola não olha para isso, ela sai perdendo também”, resume. Tratar desses aspectos, adequando os conteúdos a cada etapa do desenvolvimento, também é considerado fundamental dentro da perspectiva da educação integral.

Segundo Maria Helena, para que esse debate possa se dar no espaço escolar, entretanto, duas questões são fundamentais: uma é pensar em qual educação sexual necessitamos e, outra, formar docentes para que possam desempenhar tais funções.

Pensando nos desafios que docentes podem encontrar em sala de aula, e como fazer uma primeira aproximação aos temas relacionados à sexualidade, identidade de gêneros e orientação sexual, o Centro de Referências em Educação Integral selecionou filmes para serem vistos por docentes e equipes escolares. Alguns também podem ser passados em sala de aula, seguindo a orientação da classificação indicativa ao fim de cada resenha.

1. XXY (Lucía Puezo, 2006)

Essa produção argentina conta a história de Alex, uma adolescente intersex de 15 anos, cujos pais decidem se isolar em uma pequena cidade, logo após seu nascimento. Com traços fenotípicos predominantemente femininos, Alex possui, entretanto, genitais masculinos. Seus conflitos de identidade permanecem sob controle até entrar na adolescência e interessar-se por um rapaz. Alex, inicia, então, um processo de busca por sua identidade e descobertas relacionadas a sua sexualidade.
Classificação indicativa: 16 anos.

2. Tomboy (Céline, Sciamma, 2012)

Em uma cidade do interior da França, Laure, 10 anos, muda com sua família, durante as férias de verão, para um novo bairro. Laure passa os dias brincando com sua irmã mais nova, ao lado do pai e da mãe, grávida de um irmãozinho. Aos poucos, vai se enturmando com as outras crianças do condomínio, dedicadas a uma rotina de brincadeiras e descobertas. Tudo perfeito se não fosse por um detalhe: Laure não se identifica como menina, mas como menino e se apresenta aos novos colegas como Michael. Os pais, ainda que bastante afetuosos, não conseguem lidar com a complexidade da situação.

Classificação indicativa: 10 anos.

3. De gravata e unha vermelha (Miriam Chnaiderman, 2015)

“Nunca fui uma mulher, mas lógico que nunca vou ser um homem”. A frase de Bianca Soares  dá uma mostra da discussão proposta pelo premiado documentário brasileiro, da psicanalista Miriam Chnaiderman. O filme traz entrevistas com diversas personalidades que, em suas histórias de vida, colocaram em perspectiva o modelo de identificação binário homem/mulher, e questionaram os estereótipos construídos para cada um dos sexos. São entrevistados o cantor Ney Matogrosso, a cartunista Laerte, a atriz Rogéria e o estilista Johnny Luxo, entre outros.
Classificação indicativa: 12 anos.

4. Laurence Anyways (Xavier Dolan, 2012)

O jovem diretor canadense Xavier Dolan, que em seus filmes sempre aborda temáticas relacionadas à diversidade sexual e identidade de gêneros, conta a história do professor de literatura Laurence, um homem que, em seu aniversário de 30 anos, revela à sua namorada que quer se tornar uma mulher e irá fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Mesmo abalada com a revelação, a namorada resolve permanecer ao seu lado. Ambientado na década de 1990, o filme mostra como o casal lida com os preconceitos de familiares, amigos e colegas de trabalho.
Classificação indicativa: 14 anos.

5. Transamerica (Duncan Tucker, 2005)

O longa conta a história de Bree, uma mulher transgênero que, uma semana antes de fazer a cirurgia de readequação sexual, descobre ter um filho de 17 anos, concebido quando ainda possuía uma identidade masculina. Orientada por sua psicóloga a buscar o filho – que está preso – antes da operação, Bree parte rumo a Nova York. No caminho de volta para Los Angeles, Bree e o jovem passam a se conhecer, convivem e, entre conflitos, buscam entender um ao outro.
Classificação indicativa: 14 anos.

6. Minha Vida em Cor de Rosa (Alan Berliner, 1997)

Este filme já é um clássico entre os que abordam identidade de gênero. Nele, o caçula da família Fabre, Ludovic, um menino de sete anos, começa a assumir uma identidade feminina. Sua família oscila entre a repressão e a aceitação. Os conflitos se intensificam quando Ludovic se maquia e veste roupas tidas como femininas, em uma festa da família. O menino passa a questionar cada vez mais sua identidade de gênero e a nutrir a ilusão de que conforme cresça, se tornará uma mulher.
Classificação indicativa: 14 anos

7. Vestido nuevo (Sergi Pérez, 2008)

“Gosto muito do dia de carnaval. É muito divertido, porque nos fantasiamos e nos deixam ir sem uniforme. Ir como queremos”. Com essa fala do pequeno Mário começa essa sensível produção, feita pela TV pública espanhola, que mostra a história de um menino, que, em um dia de carnaval, chega à escola de vestido rosa e unhas pintadas. Com apenas 13 minutos de duração, o curta traz à tona como o ambiente escolar possui um papel fundamental e formador, nesses casos. Mostra, ainda, a forma diferente como adultos e crianças lidam com a questão.
Classificação indicativa: 12 anos.

8. “Tle Light”, HolySiz (Benoît Pétré, 2014)

O vídeo, de pouco menos de 4 minutos, é na verdade um clipe de uma canção, mas pode ser perfeitamente visto como um curta-metragem. A narrativa visita o mesmo tema e ambiente de Vestido Nuevo: um menino decide, um dia, ir à escola de vestido. De novo, aparece o ambiente escolar como um espaço importante e como o olhar dos adultos, já formatados em uma lógica binária, acabam atribuindo sentidos diferentes aos das crianças. E mostra, sobretudo, que os preconceitos podem e devem ser superados.
Classificação indicativa: 12 anos

9. Contra a corrente (Javier Fuentes-Leon, 2009)

Essa sensível produção se passa em um cenário paradisíaco de uma cidadezinha da costa peruana. Miguel, um jovem pescador, espera seu primeiro filho ao lado da esposa, Mariela. Um dia, conhece ao artista plástico Santiago e inicia um caso. Miguel sustenta uma vida dupla, mas as contradições não demoram a aparecer. O filme mostra o caminho de autoaceitação percorrido pelo personagem, superando não só os preconceitos da comunidade, mas os seus próprios.
Classificação indicativa: 16 anos

 10. Hoje eu quero voltar sozinho (Daniel Ribeiro, 2014)

O premiado filme de Daniel Ribeiro poderia ser apenas mais uma obra sobre o despertar da sexualidade na adolescência, se não fosse por duas importantes variantes: Léo, o protagonista, é cego e começa a gostar de Gabriel, um estudante de sua sala, de quem se torna amigo. Claudia Mogadouro selecionou o filme em sua lista de 15 filmes nacionais para crianças e adolescentes verem em cada momento do desenvolvimento.
Segundo a especialista é uma boa obra para passar para estudantes do ensino médio. “O tema da homossexualidade pode trazer nervosismo e, com isso, piadas de mau gosto. Sem reprimi-las, sugere-se que as aproveite para discutir a homofobia em nossa cultura. O filme também trata do desejo de autonomia em relação aos pais, o que é comum entre os adolescentes. Mas a deficiência visual de Léo potencializa esse problema, dando a oportunidade de se discutir a relativa e crescente autonomia que os adolescentes vão conquistando à medida que amadurecem.”.
Classificação indicativa: 12 anos

11. Meninos não choram (Kimberley Pierce, 1999)

O filme norte-americano foi baseado em fatos reais e relata um caso de transfobia. Na obra, somos apresentados a Brandon Teena, um jovem que, biologicamente, possui um corpo feminino, mas que se identifica com o gênero masculino. Brandon muda-se para uma pequena e conservadora cidade do interior do Nebraska e, ali, apresenta-se à sociedade como homem, ocultando sua identidade trans, o que o obriga a uma vida dupla. Apaixona-se por Lana e é correspondido. A relação gera ciúmes em outros homens da cidade que descobrem sua condição de transgênero e o perseguem.
Classificação indicativa: 18 anos

12. C.R.A.Z.Y. – Loucos de amor (Jean-Marc Valleé, 2005)

Nessa comédia de costumes canadense Zac é um menino que vive com sua família em Québec, Canadá, nas décadas de 1960 e 1970. A narrativa percorre sua vida, da infância à juventude, junto a outros quatro irmãos, sua mãe e um pai machista e homofóbico. Zac sente atração por homens, mas, entre a culpa e o desejo, reprime sua homossexualidade, em busca da aprovação familiar. O filme aborda a temática com humor e possui uma trilha sonora repleta de clássicos do rock da época.
Classificação indicativa: 16 anos.

13. Milk – a voz da igualdade (Gus, Van Sant, 2009)

O premiado filme norte-americano relata a história verdadeira de Harvey Milk, um político e ativista gay que foi o primeiro homossexual declarado a ser eleito para um cargo público na Califórnia, como membro da Câmara de Supervisores de São Francisco. Milk iniciou seu ativismo opondo-se à violência policial contra a comunidade gay. O filme pode servir como um disparador para debater a questão da luta pelos direitos humanos e civis da comunidade LGBTTIQ.
Classificação indicativa: 16 anos.

Pessoas homofóbicas podem ter personalidades disfuncionais

De acordo com um novo estudo italiano, atitudes homofóbicas podem dizer muito sobre a personalidade das pessoas que as têm. Por exemplo, indivíduos que têm pontos de vista fortemente negativos sobre homossexuais também têm níveis mais elevados de psicoticismo e são mais imaturos em relacionamentos do que aqueles que aceitam a homossexualidade.

Isso não significa que as pessoas homofóbicas são obrigatoriamente psicóticas. O psicoticismo é um traço de personalidade marcado pela hostilidade, raiva e agressividade para com os outros. O que o estudo encontrou é que essas características, além de outras como insegurança e imaturidade, podem ser frequentes em pessoas homofóbicas.

Uma mistura de coisas

A homofobia é um tema complexo. Alguns estudos sugerem que pessoas com reações muito negativas para com gays e lésbicas muitas vezes têm desejos próprios por pessoas do mesmo sexo.

Homofóbicos são homossexuais reprimidos?

Outros estudos, porém, contestam essa ideia e sugerem que as pessoas homofóbicas são realmente avessas a atração pelo mesmo sexo. Outros fatores como religiosidade, sensibilidade à repugnância, hipermasculindade e misoginia também parecem desempenhar um papel no comportamento anti-gay.

Como ninguém tinha olhado para a saúde mental ou psicopatologia de pessoas homofóbicas, a pesquisadora Emmanuele Jannini, endocrinologista e sexóloga da Universidade de Roma Tor Vergata, resolveu tomar essa abordagem.

A nova pesquisa

Jannini e seus colegas pesquisadores pediram a 551 estudantes universitários italianos, variando em idade de 18 a 30 anos, para preencher questionários sobre os seus níveis de homofobia, bem como sua psicopatologia, incluindo níveis de depressão, ansiedade e psicoticismo.

A escala de homofobia pedia aos participantes para classificar o quanto eles concordavam ou não (em uma escala de 5 pontos) com 25 frases, tais como: “Pessoas gays me deixam nervoso”; “Acho que as pessoas homossexuais não devem trabalhar com crianças”; “Eu provoco ou faço piadas sobre pessoas homossexuais” e “Não me importa se meus amigos são gays ou heterossexuais”.

Os alunos também responderam perguntas sobre seus relacionamentos, em especial o que é chamado de “estilo de apego”. Pessoas com um estilo “saudável” disseram se sentir confortáveis em se aproximar dos outros e com os outros se aproximando deles. Já pessoas inseguras, por outro lado, evitavam a intimidade, ou se tornavam muito pegajosas, ou ainda queriam proximidade, mas se sentiam desconfortáveis em confiar nos outros.

Finalmente, os estudantes responderam perguntas sobre suas estratégias de enfrentamento – mecanismos de defesa que as pessoas usam quando passam por situações desagradáveis ou assustadoras. Esses mecanismos podem ser saudáveis (“maduros”) ou não (“imaturos”). Os maduros, por exemplo, incluíam a regulação das emoções e não depender dos outros para validação. Os imaturos incluíam ações impulsivas, agressão passiva ou a negação de um problema.

Resultados

No geral, quanto melhor a saúde mental da pessoa (com base nas respostas ao questionário), menor a probabilidade de ele ou ela ser homofóbico.

As pessoas com estilos de apego inseguros foram significativamente mais homofóbicas. O mesmo aconteceu com as pessoas com níveis mais elevados de mecanismos de defesa imaturos.

Altos níveis de hostilidade e raiva, medidos como psicoticismo, também estavam ligados à homofobia.

Outros problemas de saúde mental tiveram a associação oposta: depressão e mecanismos de defesa neuróticos (como hipocondria ou repressão) foram vinculados com menores níveis de homofobia.

Homofóbico e problemas psicológicos

A homofobia foi um traço mais frequentemente visto em personalidades disfuncionais, mas a personalidade não é a história toda.

De acordo com Jannini, a homofobia é uma “doença induzida pela cultura”, então traços de personalidade provavelmente interagem com fatores como religião e valores conservadores.

O próximo passo dos pesquisadores é expandir o estudo para estudantes na Albânia, e analisar como o medo de não ser “homem o suficiente” pode influenciar atitudes homofóbicas.

Ela nasceu menino e ele nasceu menina, hoje são um casal

Katie Hill, hoje uma charmosa garota de 19 anos, nasceu como menino chamado Luke, e atualmente namora o jovem Arin Andrews, de 17 anos, que nasceu como Emerald, uma menina que ganhou concursos de beleza e fazia balé. Nós na cabeça à parte o importante é que este casal transgênero não se contentou em fazer parte dos padrões estabelecidos pela sociedade, e foi perseguir seus sonhos.

Os dois tiveram uma infância difícil, foram alvo de piadas maldosas no tempo da escola e não se reconheciam no espelho. Arin não entendia porque tinha que ficar na fila das meninas quando os professores iriam separá-los para alguma brincadeira. “Foi uma tortura todos os dias”, disse Arin.

Na foto abaixo, à esquerda, Emerald Andrews antes e à direita atualmente, como Arin Andrews.

À esquerda, Emerald Andrews antes e à direita atualmente, como Arin Andrews


Homens gays relatam drama de viver casamentos de fachada com mulheres Britânico criou grupo de apoio: 'Não existimos no mundo gay, nem no mundo hétero; somos invisíveis."


Membros do grupo de apoio a homns gays casados estão em diferentes estágios: alguns apenas suspeitam que são gays, enquanto outros já contaram a suas esposas
Décadas atrás, quando os gays da Grã-Bretanha e de outros países ocidentais tinham de enfrentar o ostracismo e viviam sob a ameaça de serem processados, muitos optaram por se casar e esconder sua sexualidade.
Mas mesmo agora, com uma aceitação crescente, alguns continuam optando pelo mesmo caminho.
Nick, que está na casa dos 50 anos, é casado com sua esposa há 30 anos. Ele é gay.
Ele acha que sua mulher suspeitava há muitos anos de sua sexualidade, mas conta que tudo veio à tona quando ele teve um relacionamento com outro homem.
"Ela (esposa) perguntou se eu queria deixá-la, mas eu não queria. Acima de tudo, ela é minha melhor amiga. Então decidimos que continuaríamos juntos como melhores amigos", diz.
Nick não é seu nome real – muitos amigos e parentes do casal não sabem que ele é gay e ele prefere se manter anônimo para proteger sua esposa.
Ele conta que, desde o começo, o casamento não era completo, com muitas dúvidas sobre se eles haviam feito a coisa certa. Ele sempre teve dúvidas sobre sua orientação sexual, e isso se agravou com o tempo.
Tolerância
Como muitos outros homens nessa situação, Nick se viu vivendo uma vida dupla. Na superfície, ele era um homem em um casamento feliz. Mas ele também tinha o hábito de ver pornografia gay. E conta que há seis anos, acabou se relacionando com um amigo gay quando ambos ficaram bêbados.
Nick conta que sua esposa ficou irritada e desapontada quando ela descobriu, e que, àquela altura, ele não tinha mais como negar que era gay.
"Senti que era a oportunidade ideal para ser honesto e contar para ela sobre algo que ela já suspeitava. Então, concordamos que eu se eu não fizesse mais isso, não tocaríamos no assunto – e quando voltasse a acontecer, iríamos falar sobre isso."
Nick admite que seria melhor para sua esposa se ele tivesse admitido antes que era gay. Ela lhe disse que estava desapontada porque ele não havia confiado nela.
"Eu ainda me sinto totalmente grato a ela todos os dias por ela ser tão tolerante", conta.


John, que criou grupo de apoio a homens gays casados com mulheres: 'Não existimos no mundo gay, nem no mundo hétero, somos invisíveis.'
O casal optou por permanecer junto não por conta das crianças, já que eles não têm filhos, mas, sim, pelos sentimentos que nutrem um pelo outro.
"Está tudo bem com a minha esposa. Tanto que ainda amamos um ao outro e ainda estamos juntos. Mas as coisas poderiam ter sido bem diferentes."
Apesar de o casal continuar junto, eles agora dormem em quartos separados.
Nick prometeu à mulher que ele não vai mais ter relações sexuais com outros homens – ele diz que deve isso a ela.
Mas será que ele consegue manter sua promessa. "Espero que sim. Essa é minha intenção. Sinto como se não tivesse tido uma opção no passado, como se algo tivesse sido imposto a mim. Agora estou tomando a decisão que me parece acertada, que é manter o celibato."
Grupo de apoio
Nick participa de um grupo de apoio chamado Gay Married Men (Homens gays casados), que tem sede na cidade britânica de Manchester e foi fundado há 10 anos. Vários homens viajam de outras partes do país para participar das reuniões.
O fundador do grupo, que prefere ser chamado apenas de John, conta que os homens são, em sua maioria, mais velhos, sendo que muitos casaram nos anos 70 e 80, quando a sociedade era mais hostil aos gays.
Mas por que então eles se casaram?
Nick conta que muitos dos participantes participam do grupo justamente para tentarem se entender.
Andy, de 56 anos, dá seu depoimento: "Alguns achavam que estavam apenas passando por uma fase e que logo encontraria uma mulher que o transformaria em uma homem de verdade, como muita gente dizia."
John, um professor de Manchester que foi casado por sete anos, diz que ele demorou para perceber que era gay. Ele sabia que sua sexualidade era ambígua, mas ele não tinha nem vocabulário para defini-la.
"Eu não sabia como era um homem gay. Na verdade, eu sabia que os gays era afeminados. E eu não me sentia assim. Logo, eu não poderia ser gay, não é?"
'Não existimos no mundo gay porque somos casados'
Os membros do grupo estão em diferentes estágios. Alguns apenas suspeitam que sejam gays, enquanto outros vivem ou viveram com suas esposas, sendo que algumas delas já se casaram com outros homens.
John agora é casado com um homem que é seu parceiro há 23 anos. Andy está se divorciando de sua mulher após 30 anos de casamento e quatro filhos.
"Eu ainda a amo. Nós somos muitos próximos. Somos melhores amigos – o que pode soar estranho para alguns, mas temos quatro filhos juntos…"
Mas muitos outros continuam casados seja por conta da expectativa de amigos e parentes ou porque eles têm filhos e não querem que a família se separe.
Jonh diz que muitos homens se veem desesperados e sem nenhum apoio – muitos sofrem de depressão severa.
"Já vimos muitos caírem no choro porque eles estavam decepcionados e agora estão aliviados por terem descoberto que há outros homens na mesma situação. Porque isso é parte do problema, nós somos um mito, não existimos", conta John.
"Não existimos no mundo gay. Estamos no limite do mundo gay porque somos casados. E não existimos também no mundo hétero. Então, somos invisíveis."
Os membros do grupo dizem que não julgam pessoas como Nick e que a mensagem principal é a de que esses homens não precisam passar por isso sozinhos.
"Há pessoas que estão conseguindo lidar com sua sexualidade e sua família. Eles ainda se relacionam com os filhos, não foram cortados do relacionamento familiar", conta Nick.
"Eu, definitivamente, estou mais feliz agora – ser honesto com a minha mulher me tirou um peso das costas."

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