Este Blog foi escrito para o Público LGBT de todas as idades que estão a pensar em assumir-se. Nós sabemos que tomar a decisão de se assumir pode ser assustadora e desgastante. É por estas razões e devido ao nosso trabalho na área de homossexuais que fizemos este Blog. Acreditamos que informação útil e as experiências de outras pessoas em assumirem-se podem preparar-te para algumas das consequências que podem resultar de te assumires perante a família e amigos. Blog que reúne as principais notícias sobre o público Gls Glbt Lgbt (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Tem por objetivo manter tal comunidade informada, para que usufruam de seus direitos, comemorem suas conquistas e lutem pela diminuição do preconceito. Deixe seu recado, mande suas fotos e videos poste no nosso blog Faça parte você também Participem deste blog, Mail sociedadelgbt@hotmail.com

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

População participa de parada gay em Curitiba 2012

População participa de parada gay em Curitiba  Foto: Joyce Carvalho/Especial para Terra

Parada Gay será realizada
neste domingo em Curitiba

14ª edição do evento será realizada a partir das 13h na Praça do Homem Nu.
Expectativa dos organizadores é reunir 150 mil pessoas no encontro.

Parada Gay será realizada neste domingo em Curitiba

14ª edição do evento será realizada a partir das 13h na Praça do Homem Nu.
Expectativa dos organizadores é reunir 150 mil pessoas no encontro.

A 14ª edição da Parada LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais), será realizada na tarde deste domingo (13), em Curitiba. A concentração do evento, que também é conhecido popularmente como Parada Gay, será a partir das 13h na Praça do Homem Nu.
Às 15h estão previstos pronunciamentos em dois trios elétricos, segundo a Associação Paranaense da Parada da Diversidade (APPAD). O tema abordado este ano será “Estamos ao redor do mundo”.
Em seguida, os participantes irão se deslocar pela Avenida Cândido de Abreu em direção ao Palácio Iguaçu, onde haverá show com a Banda Decafonis, a partir das 17h30.
A expectativa dos organizadores é que 150 mil pessoas participem do encontro.
Linhas de ônibus terão rotas alteradas
Quarenta linhas de ônibus urbanos e metropolitanos que passam na região do Centro Cívico, terão seus percursos parcialmente alterados pela Urbanização de Curitiba (Urbs).

Desde o início das programações, a rua que fica ao lado da Assembléia Legislativa e o trecho da Avenida Cândido de Abreu que acompanha a praça Nossa Senhora de Salete, do Palácio Iguaçu à rótula, estarão congeladas para concentração dos participantes. Motoristas que passariam pela Rua Marechal Hermes, sentido bairro/centro, devem desviar pela Rua Deputado Mário de Barros.

 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Evento em Belém discute direitos sexuais e homofobia

Conferência propõe discussão a partir da Antropologia e do Direito.
Em 2012, dez pessoas já teriam sido assassinadas por preconceito. 

Apesar de conquistas, população LGBT ainda enfrenta muitos desafios (Foto: Reprodução EPTV)Nome social, casamento homoafetivo, boletins de ocorrência que registram a orientação sexual das vítimas. Esses são alguns dos direitos e políticas públicas recentemente conquistadas pela população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no Pará. Para discutir esses avanços e ainda as questões que precisam de melhorias, a Universidade Federal do Pará (UFPA) promove uma conferência sobre “Direitos Sexuais e Homofobia” no dia 14 de setembro, a partir das 9h30, no Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Instituição, em Belém. A programação é gratuita e não há inscrições prévias para o evento.
 O evento conta com a presença de Roger Raupp Rios, que, além de juiz federal, é pesquisador da Pós-Graduação em Direito da UniRitter Laureate International Universities, e pretende debater as questões sobre os direitos sexuais e pontuar os desafios vivenciados pela população LGBT, a partir do ponto de vista das áreas de Direito e Antropologia.

Para a professora da Faculdade de Direito da UFPA, Cristina Terezo, que organiza o evento, a discussão desses assuntos é fundamental em vista das recentes decisões tomadas sobre a união homoafetiva e dos impasses na garantia efetiva dos direitos sexuais.

Segundo Simmy Larrat, representante do Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), é fundamental a realização de debates em torno da orientação sexual e gênero, principalmente em ambientes acadêmicos. “Ainda sentimos uma carência de estudos acerca do assunto e é necessário a Academia olhar mais para essa realidade e fomentar discussões científicas sobre a sexualidade”, acredita Simmy. O Movimento Gretta é uma rede que reúne todos os grupos do estado, que atualmente é formado por 36 grupos

 Em junho, dezoito casais do mesmo sexo disseram o 'sim' no primeiro casamento igualitário do estado (Foto: Igor Mota/ Amazônia Jornal)Números da violência
“A situação atual dos homossexuais no Estado é a mesma de séculos. São pessoas excluídas e oprimidas. A imensa maioria está fora da escola e vive um processo de exclusão iniciado dentro de suas próprias casas, ou seja, uma realidade que não difere da do restante do País”, afirma Simmy Larrat.

Entretanto, recentemente no Pará, LGBTs obtiveram algumas conquistas, como a criação de políticas públicas e a criação de uma delegacia para crimes homofóbicos, que entrará em funcionamento ainda neste mês de setembro, de acordo com o governo do Estado.


Segundo o Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Gretta), em 2010, foram registrados dez casos de homofobia. Já em 2011, foram registradas 22 vítimas fatais. Este ano, já chegam a dez os casos de violência extrema contra vítimas LGBT. “Tudo isto comprova que a sociedade está respondendo de maneira violenta às conquistas homossexuais”, defende Simmy Larrat.

Sérgio Nascimento assume Coordenação de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania LGBT do DF

Coordenação quer tirar do papel as propostas debatidas nas Conferências Distritais.
Ex-presidente da Elos fala como SEJUS vai lidar questão LGBT dentro da Secretaria.

 Sérgio Nascimento diz que existe três prioridades de ações definida ainda para estes último meses do ano (Foto: Reprodução/Facebook)Sérgio Nascimento, ex-presidente da Ong Elos LGBT-DF, assumiu nesta semana o cargo de Coordenador de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Distrito Federal (Coordenação de Diversidade Sexual), órgão vinculado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania - SEJUS/GDF, atualmente, coordenada pelo Secretário Alírio Neto. Para Nascimento, "Esta Coordenação terá como principal missão tirar do papel as propostas amplamente debatidas nas I e II Conferência Distrital LGBT."
 O que é e o que faz a Coordenação LGBT?
Sérgio Nascimento:
A Coordenação de Promoção dos Direitos Humanos e Cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Distrito Federal (Coordenação de Diversidade Sexual) foi criada 2011 dentro da estrutura da SEJUS, com o objetivo de promover, elaborar, coordenar, desenvolver e acompanhar programas, projetos e atividades, visando a efetiva promoção dos direitos da e da cidadania da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais - LGBT do DF.

 Como a SEJUS pretende trabalhar a questão LGBT dentro da Secretaria?
Sérgio Nascimento:
Dentro da estrutura do SEJUS existem vários programas que irão passar a atender de forma qualificada a população LGBT, entre eles está o Pró-Vitima que oferece assistência multidisciplinar nas áreas psicossocial e jurídica a vítimas de crimes violentos e a Gerência de Tráfico de pessoas com um olhar mais voltado para jovens travestis e transexuais que muito cedo são aliciadas e exploradas sexualmente. Outra iniciativa que será abraçada pela secretaria diz respeito à Regulamentação da Lei. 2.615-2000, Lei que determina sanções às práticas discriminatórias em razão da orientação sexual das pessoas.

 Existe uma prioridade de ação definida ainda para estes último meses do ano?
Sérgio Nascimento:
O nosso planejamento estratégico para esses três últimos meses de 2012, tem 3 prioridades. A primeira é "arrumar a casa", capacitar servidores da SEJUS para o atendimento a LGBT, a inclusão do nome social em formulários de registro em toda a secretaria e outras. A secretaria é muito grande e sabemos que não conseguiremos fazer isso tudo de uma única vez e percebemos que esse processo será contínuo. A segunda é a publicação no Diário Oficial e convocação dos conselheiros do Conselho de Promoção dos Direitos Humanos e da Cidadania LGBT do Distrito Federal. Essa é uma demanda antiga do movimento e essa coordenação pretende fazer uma gestão com amplo debate e participação do movimento LGBT do DF. A terceira e não menos importante é a retomada do diálogo com as demais secretarias de Estado para que juntas possamos dar continuidade a execução das demandas da II Conferência Distrital LGBT.

O que mais pode atrasar o desenvolvimento das ações a serem desenvolvidas por essa coordenação?
Sérgio Nascimento:
Acredito que principalmente a morosidade do Estado, em conversas com coordenadores de outros Estados pude sentir que o excesso de burocracia, mais atrapalha do que ajuda.

O Mundo Gay e a Resistência Hetero.


O mundo é gay. É o que dizem. E se não é, parece que esta se tornando, alguns acabam colocando a culpa no apocalipse, fim do mundo, desrespeito, doença e qualquer outra baboseira que justifique o surgimento de tantos gays.

O fato é que eles não surgiram nem brotaram de um dia pro outro, sempre estiveram aí, só que nos dias de hoje, com o amadurecimento do pensamento das pessoas e a sociedade caminhando para a liberalidade, eles se sentem mais confortáveis de se assumirem sem que ninguém venha a agredi-los por sua escolha.

Alias alguns (e eu) acreditam que não se trata de uma escolha. Acredito que ninguém simplesmente escolha tomar o caminho mais difícil, sendo alvo de preconceito e chacota e às vezes até de agressão. Não me parece ser uma escolha das mais acertadas.

Então partindo do principio que a atração pelo mesmo sexo nasce com o individuo não há de se por a culpa em suas escolhas, pois muitas vezes os homossexuais reprimem seus desejos em prol de estar de acordo com o raio da sociedade.

Mas como nem tudo são flores, existe aquele grupo que muito se incomoda com os dois caras andando de mãos dadas pelo centro da cidade, como se a simples presença deles ofendesse sua integridade sexual. Não entendo como alguém pode se ofender ao ponto de perder a razão e agredir um casal homossexual e consegue conviver com verdadeiros abusos cometidos por aí, a disposição que um individuo tem de descer uma lâmpada florescente na cabeça de um gay morre quando se trata de simplesmente reivindicar um direito.

“Não sou obrigado a ver dois gays se beijando”, nem eu sou obrigado a ver alguém apanhando porque beijou outra pessoa, mesmo sexo ou não. Não tem muito tempo, agrediram um pai e filho porque acharam tratar-se de um casal homossexual.

A coisa tende a melhorar, as leis estão aí garantindo proteção a eles de forma igualitária, já podem se casar perante a lei e para muitos isso basta. Claro que um papel é só um papel mas o simplesmente poder fazer algo igual aos outros que são “normais” é um simbolismo que muitos não dispensam.

Diante da crescente de tolerância (e respeito, porque só tolerância não basta), surgem figurinhas que puxam pra si os holofotes com palavras de ignorância e vazias, usando suas prerrogativas políticas ou usando Deus. Instaura-se uma verdadeira inquisição contra pessoas de bem que em nada ofendem as pessoas em sua expressão de amor. Sua fúria faz parecer que eles são obrigados a beijar alguém do mesmo sexo e não percebem que, combatendo o que chamam de falta de vergonha, se tornam verdadeiros nazistas.

Um outro fenômeno que ocorre, este apenas contra os homens homossexuais é o que chamo de homofobia unilateral. Homens não podem ser gay mas mulheres podem, desde que sejam bissexuais. Nada mais é do que a simples manutenção do desejo de todo homem de ter consigo duas mulheres.

Engraçado que muitos dos que levantam a bandeira homofóbica estão no time que mencionei mais acima, dos que reprimem seus desejos. E sabendo que chega um momento há a necessidade de ligar a válvula de escape, procuram seus homens nos travestis. É um homem mas a figura é feminina, deve aliviar sua culpa.

Sou heterossexual seguro, seguro ao ponto de não me sentir ameaçado pela presença de gays, de não me ofender ao ver gays se beijando e creio, sinceramente, que aqueles que sentem ódio só de estar perto, tem medo, medo de se sentir atraído, medo de querer fazer igual.

A resistência hetero não deve ser confundida com ofensiva heterossexual, este conceito é individual e você não é menos ou mais seguro de si dependendo da existência de gays ou o quão próximos eles estão. Ser Homem ou Mulher está muito alem de sexualidade.

Não é fácil ser gay, mas eu ainda escolheria!


Eu não escolhi ser gay, e ser gay definitivamente não é fácil. Não quero me fazer de vítima, mas uma verdade que certa vez ouvi sempre me soou evidente: outros grupos que sofrem preconceito, como negros, judeus, ciganos, encontram apoio entre os seus. Se você é judeu, mesmo que se depare com antissemitas fora de casa, encontrará apoio e força entre outros judeus. Se você é negro, mesmo que se depare com um racista, encontrará conforto e consolo na sua família negra. No entanto, isso é válido, a rigor, se você é hétero... Porque se você for judeu e gay, negro e gay, cigano e gay... Ou ainda branco e gay, pardo e gay... Muitas vezes, será dentro da sua própria família e da sua própria casa que você primeiro enfrentará o preconceito.
Por causa disso, quando somos mais jovens, e nisso eu me incluo, existe um medo visceral de que nossas famílias “descubram”. Conforme amadurecemos e vamos conhecendo outros gays, as histórias que ouvimos ou presenciamos também não ajudam. São pais que tratam seus filhos como doentes e chegam a separar talheres, irmãos que socam o outro por causa da homossexualidade, família que expulsa de casa ou que obriga a fazer “tratamento” com pseudopsicólogos, gente que leva à igreja para fazer exorcismo, coloca a cruz embaixo do travesseiro para libertar a alma – e eu não estou falando disso como simples elementos discursivos, porque conheço pessoalmente exemplos de gays e lésbicas que sofreram esse tipo de abuso por parte de suas famílias. Muitos são amigos meus, e creio que vocês deverão entender eu não citá-los nominalmente, pois são histórias pessoais e muito dolorosas.
Eu tive uma certa sorte. Minha família nunca chegou a esses extremos – mas não quer dizer que tenha sido fácil. Comecei a perceber a minha atração por outros meninos, de forma declaradamente sexual, já nos meus 12, 13 anos de idade, no comecinho da puberdade. Se, porém, fizer um restrospecto de desde quando me interesso pelo sexo masculino, a resposta recairá em fases tão precoces quanto aos 9, quando já me encontrava “apaixonadinho” pelo ator Lauro Corona, que faleceu em 1989, ou... Aos 5, quando eu me recordo de que já sentia um imenso prazer numa brincadeira que um vizinho mais velho, de cerca de 30, fazia comigo: ele me deitava no chão e pisava de leve em mim, fazendo cócegas. Era uma brincadeira masculina, inocente para ele, mas, para mim, as coisas eram diferentes... Tanto que, aos 7, quando fazia judô, já gostava de ser derrubado pelos outros meninos e pelo professor. Não preciso dizer que minha carreira no esporte foi assaz curta. Afinal, o objetivo é derrubar o oponente, e não ser derrubado por ele e senti-lo por cima rs.
O que muitos não sabem é que eu “nasci” no meio evangélico, apenas com exceção de meu pai, e fui criado na igreja. Frequentava-a desde que consigo me lembrar: aos 5 anos, já estava eu na classe dos “Cordeirinhos”, na escola dominical. Aos 12, eu tinha me convertido durante a pregação de um convidado estrangeiro na Igreja Batista Central de Guarulhos. Aos 14, na Igreja Batista Bíblica de Vila São Jorge, eu me batizei.
Como vocês devem supor, descobrir-me gay com todos aqueles hormônios da puberdade e frequentando a igreja foi uma verdadeira provação. Existia muita culpa, e eu simplesmente não tinha com quem conversar a respeito. Minha família era evangélica e adotaria uma visão certamente proibitiva e de condenação, pensava eu – e como podia ser diferente, se eu mesmo me recriminava? Os amigos, cada vez mais interessados nas mulheres e formas femininas, dificilmente entenderiam eu preferir pernas peludas e vozes grossas a seios e bumbuns salientes. Como explicar que eu gostava mais de olhar as pernas do Fábio em vez dos peitos da Simone, superdesenvolvidos para a idade? E, vamos combinar, não tinham suficiente maturidade para me ajudar. Tínhamos a mesma faixa etária, afinal. Por isso, para todos os efeitos, eu era “hétero” para todo mundo, embora ninguém soubesse da existência dessa palavra na época, assim como “gay” ou “homossexual”. Só tínhamos uma ideia do que era ser “bicha” e do que era não ser – e era algo bem ruim. Ninguém queria ser a bichinha da turma. Pensando hoje, uma triste tradição que os pais ensinam a seus filhos.
Aos 12 anos, eu tive acesso, por acaso, ao primeiro material pornográfico de que me lembro: revistas de sexo. Depois, filmes pornôs. Todos héteros. Eles também me causavam culpa, afinal eu era evangélico, mas eu continuei consultando-os. Sim, me masturbava com eles, mas algo sempre foi claro para mim: numa cena hétero, eu sempre achei que o papel feminino era mais legal. Nas minhas fantasias masturbativas, era na posição feminina, de ser penetrado, que eu gostava de me imaginar, embora não com o corpo feminino. Acho que sempre fui passivo, né? Rs.
Por uma época, nessa fase, até cheguei a ter coleção de fotos de mulheres peladas, que eu recortava de revistas. Não tinha internet na época, e minha coleção era uma das maiores. Outros amigos meus tinham semelhantes. Eu me masturbava com essas fotos também, mas sinceramente não sei dizer se era por atração pelas mulheres ou se simplesmente “seguia o rebanho” (no caso, meus amigos), porque não me recordo de já ter me imaginado efetivamente transando com uma delas: minha imaginação evocava as cenas dos filmes pornôs, nas quais a posição feminina e os gemidos delas eram bem mais legais de vivenciar.
Minha coleção de mulheres peladas chegou ao fim por causa de um homem de shorts – e aí eu já deveria ter meus 13 ou 14 anos. Era um anúncio numa revista de turismo, de uma bicicleta ergométrica. O rapaz da foto, de regata e shorts, pernas peludas e braços bem torneados, simplesmente se sentava na bicicleta e fazia propaganda do produto, mas aquela foto foi um marco para mim. Ela trabalhou de tal forma a minha libido que depois simplesmente não consegui usar nenhuma das fotos de mulheres para meus momentos de prazer solitário. Era impossível, até mesmo para fazer a operação triangular de evocar as cenas dos filmes pornôs. Só conseguia usar o modelo de shorts e regata. Joguei a coleção fora.
À medida que, com essas experiências, cada vez mais eu descobria que curtia meninos, a situação ia ficando mais complexa. Até a 6ª série, eu estudava em escola particular. A partir da 7ª, mudei para uma escola pública, onde a média de idade era maior. Ver meninos mais altos e mais desenvolvidos apenas acentuou a questão – e, embora eu tivesse uma boa relação com a maioria, alguns, talvez por perceberem algo que eu ainda nem tinha concluído, já faziam “brincadeiras”, piadinhas, etc. no que hoje as pessoas chamariam de bullying. Isso não tornava nada mais fácil.
Lembro que, na época, eu, que sempre fui estudioso, comecei a procurar informações onde podia. Minha irmã cinco anos mais velha tinha uma coleção que, se não me engano, ganhara dos meus pais, um dicionário de Sexo, contendo vários verbetes espalhados em fascículos com capa dura azul. A linguagem era similar às dos livros escolares, e enfocava o aspecto biológico da coisa, mas serviu para tirar muitas dúvidas que surgiam na época, e eu compartilhava as informações com meus amigos.
Também encontrei na estante da sala livros de orientação psicológica e, em alguns deles, encontrei, afinal, informações sobre homossexualidade – ou “homossexualismo”, que era a palavra que usavam. Infelizmente, por serem livros antigos, da década de 60, o assunto era tratado como desvio, algo que hoje a psicologia não defende mais. Claro que eu não sabia disso na época: então, se estava escrito que era desvio, era desvio. Eu, que já me sentia mal por ter aqueles desejos incompatíveis com a religião e destoante dos meus amigos, ainda era um desviado. Que péssimo!
Um dos livros, porém, dizia que interesse pelo mesmo sexo podia acontecer durante a puberdade como uma confusão causada pela admiração que a pessoa tinha por um amigo mais velho. Não era que a pessoa era homossexual e não se casaria com o sexo oposto na vida adulta – e eu achava que ia casar. Já tinha até escolhido os nomes dos meus cinco filhos. Era algo transitório e passava. Assumi aquela explicação como minha. Eu não tinha nenhum amigo mais velho, mas dane-se. ERA aquilo e IA passar.
Claro que não passou. Aí, eu acabei me tornando mais fechado, pelo menos, até o término do ensino fundamental. Além disso, eu era feio, hehehe. Não ia “pegar ninguém” mesmo. No entanto, aos 16 anos, as coisas começaram a mudar. Fui ganhando mais corpo, em parte devido à natação que eu então praticava, as espinhas foram rareando e aí fui ficando mais apresentável. Nessa idade, recebi a minha primeira cantada – de outro homem, um gordinho chamado Wagner que me seguiu de carro. Foi um tanto traumatizante porque eu pensei que fosse bandido, algo assim. No entanto, depois de passado o susto, até que gostei. Peguei até o telefone! Só não liguei...
O Wagner foi o primeiro, e a partir daí outros também vieram. Com o tempo, comecei a gostar daquela atenção, mas eu só provocava. Ir até o fim, jamais. Já me sentia culpado pelos desejos homos – e, nessa época, eu já tinha tido contato com as passagens condenatórias bíblicas, o que me deixava ainda pior. Pelo menos, pensava eu, enquanto não transasse, não ia para o inferno. Essa fase coincidiu com muita oração de libertação, quase diária. Lembravam as orações antimasturbação que eu fazia (era pecado também, né?), que sempre vinham acompanhadas de datas que eu marcava para não me masturbar mais – e sempre falhava.
As mudanças físicas dos meus 16 anos, quando eu já estava no ensino médio, também coincidiram com mudanças comportamentais. Eu fui me tornando progressivamente mais extrovertido – exceto por um assunto: mulheres, como me lembrou meu amigo Wellington anos mais tarde. Era tal o bloqueio que, ao contrário de boa parte dos meus conhecidos, eu não tinha beijado NINGUÉM até aquela idade. Essa característica fez com que meus amigos então começassem a desconfiar da minha sexualidade, embora fizessem o favor de nada comentar: favor que prezei especialmente após terem me dito, anos depois, que uma menina da sala de aula, quando eu já estava no segundo ano do ensino médio, estava “na minha”, mas eu jamais dera o aguardado e esperado passo que outros rapazes teriam dado. Os bullyings também se tornaram mais raros, mas, por dentro, minha crise estava cada vez mais aguda, porque os desejos estavam cada vez mais fortes.
Então, aliada à extroversão, vinha uma depressão, que, normalmente, eu vivia em casa. Virei um Frankenstein adolescente. Fora, com os amigos “do mundo” (como se diz no jargão evangélico, para identificar quem não é), eu era extrovertido e bem-humorado, mas totalmente bloqueado sempre que o assunto namoro, relacionamento e mulheres aparecia, embora pudesse discursar sobre o sexo horas a fio, desde que na abordagem científica da questão, um resquício dos estudos que eu fiz e fazia, como contei mais atrás, e que faziam meus amigos tirarem dúvidas comigo. Em casa, às vezes, me entregava a um choro sem explicações para minha família. Eu dizia que eram as estrias de crescimento, algumas que surgiram na minha pele. Ainda as tenho, e havia um quê de verdade para um adolescente vaidoso, mas, claro que não era só isso. Nem era a maior parte da verdade... Na igreja, quando a fé vinha mais forte, eu me tornava mais tímido e fechado, de maneira que quem me conhecesse na igreja dificilmente me reconheceria no colégio. Na rua, se os homens me cantavam, me sentia bem em provocá-los.
No fim das contas, eu estava me tornando um gay, evangélico, carregado de culpas por todos os lados, com dificuldades de me relacionar afetivamente, deprimido e com múltiplas personalidades. Era muito para quem ainda era adolescente e tinha de lidar com os hormônios e todas as dúvidas típicas da idade. Mais do que tudo, eu não queria ser gay: minha visão era de que gays eram pessoas que viviam à noite, em becos, não tinham família ou amigos e tinham de se esgueirar pelos cantos, em lugares sujos. Aquela imagem dos becos nova-iorquinos, com fumacinha e tudo, era recorrente na minha mente. Não por acaso, fiz tentativas de flertar com a heterossexualidade.
Na 7ª série, anos antes, aos 13, a primeira. Havia uma menina na igreja de quem eu me sentia próximo e resolvi escrever-lhe uma carta e entregar na casa dela, para flertar com ela. Pedi ajuda para meu melhor amigo, o Wellington (de novo!), que me acompanhou, mas, por vergonha, acabou me deixando sozinho lá na “hora H”. Pensando hoje, foi engraçado... Mas, na hora, bem embaraçoso – e a carta não funcionou. Sei, hoje refletindo, que estava apenas indo na onda de meus amigos de então. Os meninos estavam começando a se interessar pelas meninas tanto na igreja quanto na escola, e eu queria “experimentar” aquilo, ter experiências, digamos, normais. Afinal, eu queria ser “normal”, e nada mais natural que tentar fazer o que todos faziam. No entanto, eu realmente estava interessado nela, de beijá-la, abraçá-la, ficar com ela? Não. Gostava dela como amiga, e apenas procurava me convencer de que era como qualquer outro menino e deixar de ser “virgem de boca”: é a dura verdade. Mesma lógica ocorreria um ano depois, quando tentei, também sem sucesso, abraçar outra na escola.
Mais uma tentativa se deu aos 18 anos. Havia um pequeno bordel perto de minha casa, numa rua do centro de Guarulhos onde também havia um cinema pornô. Mais maduro, eu já praticamente não tinha dúvidas do que eu era e do que realmente gostava, mas resolvi, assim mesmo, tirar a prova dos nove. Entrei, pedi um suco de abacaxi (totalmente inexperiente, não?) e chamei atenção de uma gordinha, que se esfregou em mim, rebolando e se insinuando. Praticamente, saí correndo: definitivamente não era de mulher que eu gostava. Minha irmã, anos depois, chegou a dizer que a questão é que se tratava de uma gordinha... Mas, como, em minha vida sexual, depois de tudo isso que estou contando, eu fiquei com gordinhOs sem problema algum, demonstrei a ela que, definitivamente, não era o peso o problema.
Seja como for, fiquei “virgem de boca” e totalmente travado nessa questão até os 18 anos. Embora estivesse me tornando progressivamente mais bonito (ou menos feio rs), não conseguia passar a barreira sexual que tinha erguido, e o medo do inferno me consumia. Até que, aos 18 anos, eu tive minha primeira relação homo. Minha iniciação se deu em duas vezes. Em uma, fiz sexo oral (antes de ter dado o primeiro beijo!) e foi um tanto quanto traumatizante, pois o homem estava bêbado. A culpa foi avassaladora, e, com medo de doenças, fiz trocentos exames que pedi a um farmacêutico amigo com contatos. Passei meses assexuado, mas pelo menos descobri que meu tipo sanguíneo é O+ rs.
A segunda vez foi com um homem casado de 25 anos chamado Walison. Ele estava de passagem por Guarulhos, e eu apenas o vi aquela única vez. Com ele, sim, tive o pacote completo. Afinal, dei meu primeiro beijo e entreguei a virgindade num terreno baldio. A culpa evangélica ali também apareceu e quase estragou tudo. Walison quase desistiu porque eu estava “mais frio que uma geladeira”. Foi essa a expressão, dado meu travamento. Lembro que olhei para a lua, pedi perdão a Deus, mas não deixei a oportunidade passar. Para espanto dele, depois contei que era virgem – e foi uma delícia.
Daí em diante, foi mais fácil me relacionar com outros homens. Sempre na surdina, sempre escondido, sempre à noite e sempre com medo – e com culpa depois. Maior do que antes, porque eu tinha dado o passo fatal. Agora, eu tinha transado: ia mesmo pro inferno, e, por algum tempo, eu tentei separar minhas vidas: a gay, proibida, e a não-gay, na igreja e em outros espaços.
Evidentemente, não deu muito certo e, na igreja, sobretudo, num processo que começou quando os desejos homossexuais foram ficando mais fortes, eu vestia cada vez mais a carapuça de conservador. De certa forma, era uma maneira de eu procurar me purgar de meus próprios pecados. Hoje, acredito firmemente que, quando alguém é conservador demais, reacionário e moralista, é porque ali tem. Existe algo na pessoa que, para se livrar, somente ela indo aos extremos para conter. Como a pessoa que tem mania de limpeza por ter um prazer incomum com a ideia de sujeira, prazer que ela rejeita. É tão forte o impulso, que só tendo mania de limpeza para contê-lo. O problema era ter consciência disso e ainda se sentir hipócrita e piorar a culpa...
Minhas primeiras experiências gays foram seguidas de aconselhamento. Já não conseguia mais guardar aquilo só para mim. Chamei um homem que entregava marmitas na empresa em que eu trabalhava e com quem havia tido uma identificação e me confessei com ele. Contei que tinha transado com homem, entre lágrimas. Ele era adventista, e, embora tivesse tentado me confortar, me orientou a continuar orando.
A segunda pessoa a quem pedi ajuda foi o pastor da minha igreja, o Heralto. Eu não lhe disse com todas as letras o que acontecia, mas, para um bom entendedor, meia palavra basta. Ele captou qual era o problema, foi bastante compreensivo até, de uma forma que eu não imaginava, mas também me aconselhou a orar e buscar a orientação de Deus. Era algo complicado porque, afinal, o que eu vinha fazendo todos aqueles anos, senão exatamente aquilo? E nada mudava...
No entanto, houve algo de muito bom nessa história toda. A partir de certo momento, eu simplesmente não podia acreditar que as coisas podiam ser tão injustas. Eu era um bom filho, afinal. Vivia tudo aquilo escondido, para “poupar minha família”, e era um bom amigo. Tinha me convertido, procurava seguir a Palavra de Deus e sofria quando não conseguia – transando com homens, por exemplo. Meu arrependimento era sincero. Por que Deus me mandaria para o inferno mesmo assim?
Passei a acreditar que as coisas não podiam ser tão horríveis. Haveria de existir algo, uma tradução incorreta, que dissesse que meu destino não eram as chamas e a danação. Adicionalmente, tive a sorte de ir conhecendo outros gays e vi que, como eu, eram pessoas que trabalhavam, estudavam, tinham famílias... Muitos namoravam, e eram devotados àqueles que amavam. Viviam durante o dia. Nada de becos noturnos esfumaçados...
Essa nova convicção me fez me aprofundar na história da Bíblia, do cristianismo e na psicologia. Antes que eu pudesse perceber, acabei por descobrir detalhes nada convenientes de como tudo acontecera na religião – e que os livros de psicologia da década de 60 estavam desatualizados. Em pouco tempo, aquela pesquisa toda me fez começar a questionar os fundamentos de minha fé.
O resultado foi dramático. Embora, por muito tempo, ainda escondesse tudo de minha família, a culpa foi desanuviando. Eu me tornei uma pessoa mais compreensiva, menos conservadora, julgava menos os outros e até mais feminista. Certa vez, quando participávamos de um campeonato musical entre as igrejas batistas de Guarulhos, nosso compositor foi flagrado bebendo cerveja. Tivemos de fazer uma reunião do grupo musical, porque uma das regras era que todos estivessem em comunhão e frequentando suas igrejas. Na reunião, eu disse, a respeito do Davi, que todos tínhamos nossos pecados – e a única diferença era que o dele havia sido descoberto.
O resto é história. Eu fui me afastando da igreja e, aos 21 anos, quando me apaixonei, houve o golpe de misericórdia. Afinal, Deus era amor – e não fazia sentido que algo tão puro, belo e, afinal, divino, nascesse daquilo que a igreja considerava tão sujo e pecaminoso. Meu afastamento me levou a ser questionado frente a uma Comissão de Ética e à União de Jovens. Falei dos meus questionamentos teológicos, ainda que sem detalhá-los, e, no fim, resultei desligado da igreja.
A verdade, porém, é que me orgulho muito desse novo João, pós-evangélico, que tem sido apurado ao longo dos anos. Ninguém é perfeito, e eu tenho ainda muito a ser aprendido e a ser consertado, mas, mesmo que tenha sido tão difícil me descobrir gay e ainda tenha de enfrentar preconceitos e dificuldades aqui e ali por causa disso e que tenha sido trabalhosa a revelação da minha homossexualidade para minha família anos depois, eu sou hoje uma versão de mim mesmo muito melhor do que era antes.
Existem gays que têm mau caráter, são falsos, mentirosos e hipócritas. Até bandidos, assim como muitos héteros e bis. Não é a orientação sexual, afinal, que define isso. No entanto, no meu caso particular (e só meu), eu credito a ela a razão de ser quem eu sou hoje e das qualidades minhas de que mais me orgulho.
Foi minha homossexualidade que me impulsionou ao questionamento, aos livros, à busca de informação, a compreender o próximo, a deixar o conservadorismo para trás, a ser mais flexível e a pensar duas vezes antes de julgar o outro só porque é diferente. Foi ela que me deu o impulso para procurar me corrigir quando percebo se agi assim. Foi ela que me fez experimentar o amor por duas vezes e saber que pessoas rancorosas como um Silas Malafaia da vida estão erradas – e foi ela que estava por trás de uma nova concepção de divindade que invadiu minha vida. Menos castigadora, menos punitiva e mais amiga, com quem, por sinal, me relaciono muito bem hoje em dia.
Cada um faz o uso que quer de sua característica que a natureza lhe dá. Eu fiz esse, e é por isso que me orgulho de ser gay. Não pelo fato de transar com homem em si, ou de devotar a eles meu desejo – mas pelo fato de que essa característica, no fim das contas, me fez ser uma pessoa melhor. Então, apesar de tudo que passei, eu escolheria ser gay, sim. Além do mais, preciso confessar: é gostoso à beça!

E se ser gay fosse uma escolha?

Você é gay? Se sim, escolheu ser gay? Penso que, como eu, a resposta é "não escolhi" - mas fica a pergunta: e se ser gay fosse uma escolha, isso, por acaso, "justificaria" a homofobia?

Há algo que me soa inegável: o direito que temos sobre nossos corpos, sobre a gerência de nossa afetividade, sobre o nosso sexo, sobre o nosso prazer... É soberano!


É preciso tomar cuidado com este discurso, que pode facilmente se tornar vitimista, de que "ah, eu não escolhi ser assim, então, me respeite (= tenha dó de mim), 'porque, se pudesse, eu seria outra coisa'".


MESMO que ser gay fosse uma escolha, não caberia a terceiros julgar você por isso e nem disparar preconceitos em cima disso. Seu corpo, seu prazer, seu sentimento... São seus!


Então, mesmo que eu, de livre e espontânea vontade, escolhesse ser gay, AINDA ASSIM, haveria de ser respeitado nas escolhas que fiz sobre minha vida particular.


Dessa forma, eu digo, como na minha miniautobiografia: eu não escolhi ser gay, mas eu escolheria... E se escolhesse, ainda deveria ser respeitado, sim, senhor

Novelas e o beijo gay, o que muda no pensamento social?

Esta é uma entrevista que concedi aos estudantes de jornalismo da Universidade Nove de Julho, para uma publicação de circulação interna da universidade, não sei se foi publicada, mas agora vocês podem conferir aqui:
Você acredita que a imagem do homossexual é muito estereotipada nas novelas? Por quê? 


 Sim, há um estereótipo forte e contumaz, contudo, ele retrata, ou melhor, ele satisfaz, plenamente, à proposta última desse movimento cultural, filosófico, literário das denominadas novelas. Acontece que esse estilo vem de forma imediata do movimento Romântico (séc. XIX, Inglaterra, Alemanha e França) e o mesmo não era um movimento de ruptura social, pelo contrário, era um movimento burguês de escapismo, utopia, subjetivismo, fantasia, individualismo. A "idealização" do ideal burguês faz parte disso; as coisas não são vistas como realmente são, mas como deveriam ser segundo uma ótica pessoal: a pátria é sempre perfeita; a mulher é vista como virgem, frágil, bela, submissa e inatingível; o amor é quase sempre espiritual e inalcançável; o homossexual, nesse período, é encarado como um doente, uma caricatura, um mal que deve ser combatido. Sem embargo, o Romance projeta o gosto do público burguês; os primeiros romances editados no Brasil, ainda na década de 1830, marcam-se pelo aspecto do folhetinesco. O folhetim, publicado com periodicidade regular pela imprensa, equivale as atuais novelas de televisão e confina com a subliteratura.




A abordagem do homossexualismo nas novelas ajuda a combater o preconceito ainda existente? 


Vamos corrigir primeiro um termo: homossexualismo. Vamos chamar de homossexualidade. “Ismos” têm ligações com partidos políticos e movimentos religiosos, filosóficos, práticas ideológicas, etc; “idade” como sufixo, na língua portuguesa, é forma de substantivos a partir de adjetivos, que expressam caráter, qualidade, atributo daquilo que é próprio de algo ou alguém, modo de ser, estado, admiração e pluralidade. Assim “idade” retrata melhor o homossexual naquilo que ele é, ou seja, seu modo de ser, existir.

Nessa pergunta dois há um paradoxo, por conta de uma fenomenologia social; a abordagem da homossexualidade nas novelas, em princípio, não ajuda a combater nada, afinal, não há uma proposta de quebra de paradigma sociocultural, politizada, uma ideia de ruptura com as estruturas de poder. Não é a proposta do movimento Romântico, não é a proposta de uma novela. Contudo, em contrapartida, existe o marketing, e, sendo ele positivo ou negativo, real ou “caricaturado”, ele traz a figura do gay para dentro da casa de pessoas, fazendo com que este se torne familiar ao ambiente, mais perto da realidade daquele núcleo, que antes fechava tal possibilidade, é algo extremamente ambíguo, afinal, as pessoas que estão nesse ciclo passam a admitir a possibilidade do gay, desde que este esteja na casa do vizinho, nunca na casa deles mesmos. O homossexual nessa perspectiva seria admitido desde que ele seja: o filho do meu amigo, o colega de trabalho, escola, alguém na casa do vizinho ao lado, nunca no meu núcleo, NUNCA MEU FILHO.


Então respondendo diretamente a pergunta, óbvio, que dentro desse contexto fundamentado, a novela ajuda a popularizar uma imagem distorcida de um homossexual, mas não combate a homofobia, ela traz a possibilidade do gay como algo comum (ainda que um bobo da corte, afetado), mas o preconceito continua lá, silencioso, tácito. Entretanto, como ele passa a ser uma realidade presente e possível, torna-se mais fácil discutir o tema HOMOSSEXUALIDADE dentro da coletividade, pois ele passa a ocupar a agenda do dia, mas a novela em si mesma só popularizou algo, a redução do preconceito se da efetivamente no combate da militância e das políticas públicas.


Toda a divulgação realizada pela mídia se torna positiva?


Depende, vários fatores, mas, enquanto tornar comum o homossexual, sim, é positivo esse aspecto.


A visão homossexual demonstrada nas novelas está longe da realidade? Por quê? 

Sinceramente, eu acredito que esteja sim. Em Ti-Ti-Ti, eu cheguei a ficar arrepiado com o Thales e o Julinho. Julinho foi retratado como um “gay de família”, praticamente uma donzela incauta, pura, quase virgem, esperando ser assumido por seu “príncipe encantado”! Na verdade, o que se tem é uma leitura de um romance heterossexual, sendo escrito para homossexuais vivenciarem. Em outras palavras, há um óculo heterossexual na leitura do que seria um romance gay, então o romance gay da novela é escrito de forma a abordar os ideais da heteronormatividade para o casal gay em si. Algo, que em meu entender é incompatível com o universo da homossexualidade em si.

Penso que o homossexual não pode, e nem deve querer, ser retratado dessa forma. O homossexual deve valorizar seu jeito de ser gay, criar seu universo, e se orgulhar dele, e não ficar mendigando a vivência das marcas estabelecidas do que se tem e se acha, por isso, algo “natural”. Queremos nosso Direito Civil pleno, mas o enquadramento ao estilo hetero de ser não, caso fosse assim, seria melhor transarmos também com pessoas do sexo oposto.


Ser homossexual é algo muito além de curtir o sexo com iguais, mas é ter identidade própria, uma ontologia própria. O homossexual tem uma forma própria de se relacionar, de se estabelecer e se articular. O homossexualidade não é uma forma de desejo (anormal para o heterossexual), não pode ser reduzida a isso, mas é algo desejável, que cada gay deve se orgulhar.


Ser homossexual é ser envolto em implicações históricas; por muito tempo as sociedades heteronormativas condicionaram o comportamento gay às relações casuais, ao desejo, à libido. A imagem de rapazes transando, sem vínculos, apenas guiados a uma satisfação imediata, responderia aos ditames sociais severos, assim, tranquilizaria o senso comum às caricaturas preconcebidas (prostitutos, promíscuos, lascivos, doentes, invertidos, histriônicos). Mas estarrece, quando a homossexualidade passa ser desejada por seus atores, muito mais do que um conformismo, passivo, inexpressivo. Agora ela é bem mais do que mero sexo, ela forma comportamento, modo de vida homossexual. Contudo, esse modo de vida é muito diferente do casal Julinho e Thales em Ti-Ti-Ti, porque esse modo de vida é ideal de uma cultura normativa, diferente daquela que o homossexual, de fato, preconiza, estabelece.


Assim, penso que há um erro de leitura. O gay sendo retratado como um casal tipo hetero é um demérito, um contrassenso, ao estilo de vida gay. A questão não é a caricatura, que é uma forma de deboche, mas também não é o enquadramento de um estilo próprio dos heterossexuais. O estilo gay é próprio, é de identidade, é ontológico, e se estabelece no ORGULHO disso, e não vislumbrei tal feito sendo retratado nas novelas. 

Pastor denuncia homofobia na sua própria igreja e é demitido pela comissão administrativa

O pastor da Igreja Batista da Graça, Sérgio Emílio Meira Santos, compareceu agora à tarde ao Distrito Integrado de Segurança Pública/Disep para prestar queixa contra o que considera uma prática homofóbica ocorrida dentro de sua congregação. Segundo o religioso, um adolescente de 16 anos, membro da igreja, estaria sofrendo constrangimentos em função de sua orientação homossexual, o que teria acarretado, inclusive, sua demissão da condição de pastor em função da defesa que fez para que o jovem continuasse freqüentando a igreja.


Inconformado com a situação, o pastor esteve hoje, acompanhado do pai do adolescente, Carlos André da Silva, na sala da delegada plantonista Carla Rodrigues, a quem narrou toda a situação. Logo depois, pai e filho prestaram queixa contra integrantes do conselho administrativo da Igreja. Entre as pessoas citadas, está a ex-vereadora e vice-presidente do Conselho, Helita Figueira que, segundo informou o pastor, teria manifestado publicamente durante um culto da igreja sua insatisfação quanto à freqüência do jovem homossexual na congregação, fato relatado à delegada Carla Rodrigues.



Segundo o pastor, a opção sexual do adolescente motivou uma reunião do conselho, quando ele voltou a defender que, com base nas Escrituras Sagradas, não poderia, “em hipótese nenhuma”, negar a freqüência do adolescente aos cultos, inclusive na condição de músico. Logo depois – lembra o pastor – recebeu em casa uma carta assinada por membros do conselho informando sobre sua demissão do cargo. Entre outras coisas, alegava-se que o mesmo não estaria cumprindo a contento suas atribuições de pastor. Para ele, as alegações foram apenas uma “nuvem de fumaça” para encobrir os reais motivos da demissão.



“Sei que houve uma reunião na casa de um membro do corpo administrativo da Igreja Batista da Graça, reunião que teria ocorrido no dia 23 de dezembro, e um dos assuntos discutidos é que eu haveria colocado uma pessoa de orientação sexual homossexual para tocar o teclado e por isso eu não poderia continuar como pastor dessa igreja. E o que me surpreendeu é que eu presidi o culto no dia 31 de dezembro, presidi a escola dominical e o culto do dia 1 de janeiro, com todos os membros presentes, e nada foi falado sobre minha saída da Igreja. Mas no dia 02 de Janeiro, sem comunicação aos membros da igreja, que é dirigida pela sua assembléia geral, um táxi, de forma anônima, entregou a carta ao meu pai, que não é uma pessoa evangélica. No decorrer dessa balbúrdia, descobrimos que um dos assuntos tratados na reunião da vice-presidente do Conselho Administrativo (Helita Figueira) é que eu não tinha condições de continuar pastor uma vez que coloquei um homossexual tocando teclado”.

domingo, 9 de setembro de 2012

Jerusalém: o desafio de ser gay na cidade "sagrada"

Apesar de reunir uma pluralidade de crenças e estilos de vida, a intolerância contra homossexuais ainda é grande
Uma terra de contrastes. Ao mesmo tempo em que Jerusalém é considerada sagrada por três religiões monoteístas – o cristianismo, o judaísmo e o islamismo – e reúne símbolos e pessoas tão diferentes entre si, é também terreno sinuoso para a manifestação de direitos civis. A cidade abriga uma comunidade homossexual vibrante, mas que frequentemente é alvo das camadas mais conservadoras.

Em Jerusalém, há apenas um bar gay e a realização da Parada do Orgulho Gay foi um direito conquistado após muito esforço. Ela reuniu quatro mil pessoas em 2011, que exigiram a aprovação de uma legislação que proteja os homossexuais em Israel. Indignados com o desfile, grupos de judeus ortodoxos protestaram em diversos pontos da cidade, controlados por cerca de mil policiais espalhados por Jerusalém -- alguns chegaram a agredir os participantes do evento. Em junho daquele ano, a marcha em Tel Aviv conseguiu reunir 70 mil pessoas.

“Embora não existam tantos homossexuais quanto em Tel Aviv, todos os anos Jerusalém atrai milhares de ativistas gays para participar da marcha, para mostrar que, mesmo que os religiosos nos considerem ‘sujos’, esta é nossa cidade também”, comenta A.S. um membro da comunidade homossexual da cidade.


Apesar das diversas ameaças de morte que recebem ano após ano durante a parada, a marcha anual se supera cada vez mais em termos de assistência e organização. “A diferença entre a nossa marcha anual e a de Tel Aviv e outras partes do mundo é que, em Jerusalém, adquire também um significado de luta pelos nossos direitos e contra o ódio que uma ampla maioria da população de Jerusalém sente por nós”, acrescenta Natalie V., uma belga que desembarcou em Jerusalém há cinco anos.

Natalie, que há cinco anos namora uma mulher israelense, é prova da dualidade do estado de Israel em relação à homossexualidade. Embora Israel seja um país democrático, o judaísmo ortodoxo interfere em muitos assuntos civis, incluindo os casamentos. Em Israel, é impossível realizar um casamento civil, mesmo entre heterossexuais. No entanto, em uma distorção, estão permitidas as uniões homossexuais, inclusive se uma delas for estrangeira, como é o caso de Natalie.

“É curioso que isto seja possível em um país onde predomina tanto a religião. Eu quero deixar claro que em Jerusalém e Israel, até o momento, não tive nenhum problema por andar de mãos dadas com a minha namorada, nem por darmos um beijo”, diz. “No entanto, trabalho com uma família ortodoxa judia e não comentei nada sobre a minha orientação sexual em quase quatro anos", conta Natalie.

Ultraortodoxos caminhando ao lado de uma mulher muçulmana usando o véu e uma menina de minissaia logo atrás são cenas comuns nas ruas de Jerusalém. E é nessa heterogeneidade que, no final, reside uma espécie de acordo tácito de não agressão. Embora, às vezes, essa bolha possa estourar, como aconteceu durante a Parada do Orgulho Gay de 2005, quando um judeu ultraortodoxo esfaqueou vários participantes. Atentado pior aconteceu à comunidade gay de Tel Aviv, quando uma bomba matou duas pessoas e feriu uma. O culpado, um colono da Cisjordânia, afirmou que os homossexuais são “animais”.

Portanto, apesar da mescla aparentemente suave entre religiosos e seculares em Jerusalém, assim como no resto do país, uma tensão soterrada pulsa abaixo da superfície. “Aqui, em geral, como os gays não carregam um cartaz dizendo ‘sou gay’, não há tantos problemas, mas também você não vai dar um beijo em outro homem em Mea Shearim (o bairro ultraortodoxo), não queremos provocá-los em seu bairro”, diz Adam.


Segundo ele, porém, o resto da cidade é de todos. O bar Mikve, antes conhecido como Shushan, na rua Shushan, foi o primeiro voltado para o público gay a ser aberto na cidade. O lugar está vivendo uma nova era dourada depois de permanecer fechado durante muitos anos devido às pressões dos ortodoxos. Durante toda a semana há festas para clientes homossexuais e as segundas-feiras são exclusivas das drag queens.

“Em Jerusalém, não há muitas festas nem lugares para dançar, por isso sempre aparecem heterossexuais. Na cidade, todos nos conhecemos e amigos de todas as orientações sexuais se juntam a nós. Estamos misturados”, conta com um sorriso Daniel R., empresário.

A empresa encarregada de organizar as festas, Unibra, garante que é um sucesso, que atrai dezenas de pessoas a semana toda, embora as festas drag sejam as preferidas. “As pessoas querem se divertir, já estão cansadas de se esconder, mas infelizmente nesta cidade não há lugares para onde sair à noite”, lamenta a Unibra.

Palestinos

Para os membros da comunidade homossexual palestina os desafios são ainda maiores. “Para eles é mais difícil, pois vem de uma sociedade mais conservadora, em que a homossexualidade é punida ou humilhada em público. Por isso, a última coisa que querem é fazer uma declaração pública de que são gays, sejam homens ou mulheres”, explica Adam.

A organização para palestinos homossexuais em Israel Al Qaws organiza eventos para os palestinos e ajuda a criar uma rede de apoio e conscientização entre a comunidade árabe. Uma vez por mês organiza uma festa para que os gays e lésbicas palestinos que vivem em Israel possam se conhecer.

“Mesmo que os palestinos que vivem em Israel contem com os mesmos direitos que os cidadãos judeus, muitas vezes há racismo e incompreensão em relação aos gays palestinos”, comenta a Al Qaws. “Há também muita incompreensão por parte da comunidade internacional, que se foca na ocupação israelense. Além disso, a opinião da comunidade palestina pesa demais. Dessa forma, não podemos esperar que eles saiam do armário como no Ocidente.”

Às vezes, Israel chega a acolher como refugiados os palestinos homossexuais que correm risco de morte ou que tenham recebido ameaças, embora não seja algo tão frequente. Enquanto isso, em Jerusalém, continua a luta para que a comunidade religiosa aceite aos homossexuais, se não como iguais, como cidadãos com os mesmos direitos de todos.

“Este é o nosso objetivo. Não queremos nem mais nem menos do que têm os demais e poder passear tranquilamente de mãos dadas, sem ter medo que nos façam sentir inferiores, nem ter a nossa Parada do Orgulho Gay cercada por centenas de policiais”, diz Adam.

Para mostrar que, embora nem sempre venha à tona, o ódio contra os gays corre solto em Jerusalém, em 2006 foi a homofobia que uniu representantes das três religiões monoteístas para protestar contra a marcha gay daquele ano. “É uma pena. Poderiam ter se unido para protestar contra outras coisas mais importantes”, lamenta Adam.

Entre sapiossexuais e assexuais

Sapiossexual? Assexual?

O que têm a dizer as "novas" sexualidades saídas do armário recentemente

Que me perdoem os assexuais e os novíssimos "sapiossexuais", mas devo dizer que, do meu ponto de vista, essas "novas" sexualidades não têm realmente muito a dizer.

O que vejo acontecer hoje é que virou uma festa. Antes, era fácil: existiam os homossexuais, os heterossexuais, os bissexuais e até podemos admitir os pansexuais,
conforme tenham atração pelo mesmo sexo, sexo oposto, ambos os sexos ou outros tipos de atração que comportem a fluidez e/ou a transição entre os gêneros.

Recentemente, os assexuais saíram do armário e têm tencionado um reconhecimento da assexualidade como uma verdadeira "quarta" orientação sexual à parte – se desconsiderarmos a pansexualidade. Dizem os assexuais que não têm interesse por relações sexuais, o que os diferenciaria dos héteros, homos, bis.


É verdade que, há um certo tempo, já se sabe que hétero, homo e bi são tipos ideais. Como tenho defendido, não existe entre eles fronteiras: existe um degradê, e há pessoas que ficam entre as cores intermediárias, difíceis de encaixar nas três orientações clássicas. Os exemplos são muitos, do homem que curte exclusivamente travestis à travesti que se relaciona com mulheres exclusivamente.


No entanto, este não é o caso da assexualidade. Se formos pensar no que diz a proposta dos assexuais, a ideia é que o "a-" representa a ausência de interesse por relações sexuais, que estariam no bojo das outras três orientações clássicas.


É aqui que a porca torce o rabo.


No fundo, com esse entendimento, os assexuais estão promovendo um retrocesso a tudo que a psicologia tem estudado e construído a respeito da complexa sexualidade humana e, para nos mantermos no tema, a respeito das orientações sexuais.


A primeira delas diz respeito ao conceito de sexualidade: um conceito amplo, que passa pelas sensações físicas provocadas por diferentes estímulos e vai até o ponto de conter as próprias orientações sexuais em si. Adultos têm sexualidade. Idosos têm sexualidade – mas, vale dizer, crianças também têm sexualidade, ainda que seja difícil determinar, nas mais tenras idades, qual seja sua orientação sexual.


O caso clássico das "fases sexuais", trazidas pela psicanálise, é aqui interessante. Quem nunca ouviu falar das fases oral, anal, genital... Que marcam o desenvolvimento do ser humano? Ora, a criança que está na fase oral está exercitando sua sexualidade, que difere da do adulto, ainda que não seja possível, ou muito difícil, determinar sua orientação sexual.


Essa verdade indica o óbvio, se o leitor acompanhou meu raciocínio: sexualidade
vai muito além do ato sexual genital, do aquilo naquilo. Dentro desse espectro amplo da sexualidade, insere-se a orientação sexual, com o que se compatibiliza.

Com efeito, vamos manter um exemplo, uma pessoa é hétero se tem atração/desejo pelo sexo oposto. Ora, compatibilizando esse fundamento à noção ampla de sexualidade, é evidentemente que essa atração/desejo
não se esgota no ato sexual, nem mesmo no desejo de realizá-lo. O desejo, aqui, deve ser tomado em uma acepção igualmente ampla, na qual o ato sexual se insere, mas que não se esgota nele e chega, inclusive, a abarcar a afetividade. Ninguém é hétero porque "transa" exclusivamente com alguém do sexo oposto: a pessoa "transa" exclusivamente com alguém do sexo oposto porque é hétero.

Tendo isso como pano de fundo, não é difícil chegar a seu resultado lógico: o ato sexual é
resultado da orientação sexual, e não seu determinante. Mais ainda: pela própria amplitude do conceito de sexualidade e, compatível com ele, orientação sexual, esse ato sexual (= genital) pode ser resultado da orientação... Ou não.

Dito isso, por que a proposta dos assexuais é um retrocesso? Porque, indo na contramão da psicologia e de todo o conhecimento científico acumulado até agora, identifica a relação sexual com a orientação sexual, quando a segunda inclui a primeira, podendo esta ser seu resultado ou não. Em suma, para o assexual, o hétero é hétero porque "transa" exclusivamente com alguém do sexo oposto. É um erro conceitual, que cheira a naftalina e não faz jus ao conceito de orientação sexual.


Desse ponto de vista, portanto, a suposta assexualidade, excluindo-se os casos em que se instalou por traumas, não é uma "quarta" orientação sexual. É tão somente um dos resultados possíveis das três orientações sexuais clássicas, no que diz respeito ao ato.


Retomando o exemplo do heterossexual, existirão aqueles héteros que mantêm relações sexuais, os héteros que as mantêm em excesso (satiristas ou ninfomaníacas) e os héteros que não mantêm qualquer relação ("assexuais"): havendo atração pelo sexo oposto, e tomando essa atração ou desejo em sua acepção ampla, que inclui a afetividade – amor Eros –, a pessoa é hétero. "Transar" ou "não transar" é apenas um detalhe.


Não deixa de ser, aliás, comum observar que os assexuais mesmo dizem que não gostam do sexo em si, do ato em si – mas gostam do carinho, do afeto, do companheirismo e até do toque (não genital ou erotizado) de companheiros, com quem se envolvem, se apaixonam e gostam de dividir suas angústias e sentimentos. Lamento dizer: mas isso não é assexualidade. É a mesma velha e conhecida sexualidade humana, com a única diferença de não resultar ou não levar ao ato genital.


Assim, o "assexual" que dispensa esse tipo de carga emocional, desejo ou atração para o sexo oposto, por exemplo, não é assexual. É um hétero, tanto quanto aquele que transa, porque a transa é só um detalhe no conceito de orientação sexual, e, mais ainda, no conceito de sexualidade.


A mesma lógica vale para os agora autodeclarados "sapiossexuais". Ora, a inteligência e os valores são "afrodisíacos" tanto quanto podem ser determinados atributos físicos, como a cor do olho ou presença de pelos. Alguns darão aos primeiros mais peso. Outros menos... Mas fica a pergunta: ao buscar a inteligência da pessoa para determinar quem será meu parceiro, eu gostaria que ela fosse do sexo oposto? Então, lamento dizer: você é hétero – e não "sapio". Afinal, quem foi que disse que sexualidade, atração, desejo, orientação se esgotam em sua dimensão física?  


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

150 confissões sexuais

VIDA HÉTERO: envolvimento com o sexo oposto e com o que envolve o sexo oposto, rsrsrs...
1- Que já tive uma coleção de fotos de mulher pelada
2- Que já tive tesão por uma mulher (mas ela era lésbica... E eu achei que fosse um rapaz, rs)
3- Que garotas já quiseram ficar comigo (mas não fiquei)
4- Que já fui a um bordel (para ver se era gay mesmo)
5- Que já seduzi homem hétero
6- Que já fiz sexo com homem hétero (é possível!)
7- Que já transei com homens casados (com mulheres) e com namoradas
8- Que já fiz sexo com homem bi e tenho fetiche por eles, mas neura de namorá-los

CROSSDRESSING: quando EU fiz o papel do sexo oposto, rsrsrs...
9- Que já usei sutiã
10- Que já depilei peito, pernas, bumbum e axilas por razões sexuais
11- Que já fiz sexo imitando mulher (gemidinhos, gritinhos, dancinhas e até nominho, rs)
12- Que já fiz sexo de calcinha
13- Que já fiz sexo de batom e meia-calça
14- Que já fiz sexo de baby doll

FETICHES: coisas, lugares e personagens incomuns, mas que muitos adoram, rsrsrs...
15- Que já fiz sexo com amigos (e até ao mesmo tempo)
16- Que já fiz sexo com um rapaz, com o pai dele em casa
17- Que já fiz sexo na casa da família, na virada do ano (sem ninguém saber)
18- Que já fiz sexo interpretando papéis (até com figurino)
19- Que já fiz sexo vestido de social e gravata
20- Que já fiz sexo com quem vestia social e gravata
21- Que já fiz sexo em escritório
22- Que já fiz oral em sargento do exército
23- Que já fiz oral em astrólogo (e aí ganhei o mapa astral)
24- Que já usei disque-sexo e fiz sexo por telefone
25- Que já fiz sexo virtual
26- Que já fiz oral em homens dirigindo
27- Que já fiz oral em rodovia e via expressa (e à tarde)
28- Que já fiz oral em boleia de caminhão (e nos caminhoneiros, rs)
29- Que já fiz oral em taxista (corrida regular)
30- Que já viajei apenas para fazer sexo
31- Que já fiz oral em um porto
32- Que já fiz sexo em um navio (depois do porto, rsrs)
33- Que já fiz sexo com estrangeiros
34- Que já fiz sexo "speaking only English, oh yeah, babe"
35- Que já fui visitar turista em hotel para fazer sexo
36- Que já seduzi garçom
37- Que já fiz sexo com chantilly
38- Que já fiz oral em bêbado
39- Que já fiz sexo com obesos
40- Que já fiz sexo em bairros ricos (um luxo!)
41- Que já fiz sexo na periferia (tô chegando na Cohab, rsrsr... E ex-favelas)
42- Que já fiz sexo em construção
43- Que já fiz sexo com trabalhadores braçais (funcionário de limpeza, pedreiro, etc.)
44- Que já fiz oral em homeless (sem teto)
45- Que já fiz sexo com garoto de programa
46- Que já fiz sexo sem preservativo (com pessoas especiais, claro)
47- Que já usei um dildo (e até o emprestei)
48- Que já gravei um homem se masturbando
49- Que já tirei fotos eróticas de homens que transaram comigo
50- Que já tirei fotos de homens sem que soubessem, para uso sexual
51- Que já fui gravado e fotografado durante o sexo
52- Que já transei como exibicionista, com gente assistindo (e gostei)
53- Que já fui voyeur (e gostei também)
54- Que já fui a cinemas pornôs e fiz sexo lá dentro
55- Que já fiz oral e pegação em cinema normal (também)
56- Que já fiz sexo em cabines eróticas
57- Que já fiz oral em glory holes (e até sem saber quem era o outro)
58- Que já fiz sexo em sauna
59- Que já fiz sexo em sex club
60- Que já fiz sexo com funcionário do sex club
61- Que já fiz oral em darkroom (completo não, porque sou de família, rsrs)
62- Que faço compras em sex shops
63- Que já fiquei com um reverendo
64- Que já seduzi um padre
65- Que já fiz sexo com um pai-de-santo
66- Que já fiz sexo com surdo
67- Que já fiz sexo com idosos
68- Que já fiz contos eróticos baseados em minhas experiências

GRUPAL E ORGIA: mais de dois e progressão aritmética rsrsrs...
69- Que já fiz masturbação em grupo
70- Que já fiz ménage à trois com desconhecidos
71- Que já fiz ménage à trois com casal (e fiquei com os casados à parte também)
72- Que já fiz gang bang (um passivo versus "trocentos" ativos)
73- Que já participei de orgia (com direito a "trenzinho"!)

BDSM: bondage, disciplina, dominação, submissão e sadomasoquismo, a zona hardcore rsrsrs...
74- Que já fui dominado (e curto ser submisso)
75- Que já dominei (bom experimentar)
76- Que já fui xingado no sexo
77- Que já sofri humilhação pública sexual
78- Que já fiz podolatria e trampling
79- Que já recebi spitting (cuspe)
80- Que já recebi pissing (xixi)
81- Que já fui amarrado no sexo
82- Que já fiz sexo vendado
83- Que já fiz sexo amordaçado
84- Que já usei pregador no mamilo
85- Que já usaram cera de vela em mim
86- Que já fiquei muito marcado por causa de sexo (chupadas, mordidas, hematomas) e já tive de me maquiar para esconder
87- Que já recebi spanking (e com seis objetos...)
88- Que já recebi tortura genital (e não gostei)
89- Que já recebi asfixia erótica (e também não gostei)
90- Que já fui "semifistado"

ZONA PROIBIDA: recomenda-se não tentar fazer; pode causar problemas, até com a lei rsrsrs
91- Que já traí (fui perdoado)
92- Que já menti e fiz mentirem para esconder um caso
93- Que já "roubei" o encontro de um amigo
94- Que já obtive vantagens pessoais por ter feito sexo
95- Que já ganhei desconto por ter feito sexo com um profissional
96- Que já arrumei trabalho por ter feito sexo com um profissional
97- Que já fiz sexo no meio do expediente
98- Que já fiz sexo em praça, bosque, terreno baldio e matagal
99- Que já fiz sexo numa passarela, em cima de uma avenida
100- Que já fiz oral em ônibus (de viagem, executivo e urbano rs)
101- Que já fiz sexo na rua e em carros estacionados na rua
102- Que já fiz sexo em estacionamento (à tarde, com ele aberto)
103- Que já fiz sexo em lava-rápido
104- Que já fiz sexo em banheiro público
105- Que já fiz sexo em casa invadida
106- Que já fiz oral no antigo Parque da Mônica, no shopping Eldorado
107- Que já fiz sexo com menor de idade (mas não sabia)
108- Que já fiz sexo com usuário de drogas
109- Que já fiz sexo com bandido

MUNDO ESTRANHO: você não pensou ou não sabia, mas eu fiz assim mesmo rsrsrs...
110- Que já me masturbei usando um chuveirinho (pergunte-me como)
111- Que já me masturbei usando corda de pular (não me pergunte como rs)
112- Que minha primeira experiência, antes do primeiro beijo, já foi o sexo oral
113- Que já fiz sexo com uma pessoa enquanto ela dormia
114- Que já fizeram sexo comigo enquanto EU dormia rs
115- Que já fui ativo (poucas vezes, é claro)
116- Que o maior p... que já pus na boca tinha 27 cm

SKILLS: coisas que sei fazer e melhoram a performance rsrsrs...
117- Que recebo gozo facial
118- Que faço garganta profunda
119- Que uso bolinhas tailandesas
120- Que sei fingir orgasmo (sim, é possível)
121- Que, às vezes, tenho orgasmo seco
122- Que já cheguei ao orgasmo mais de uma vez na mesma penetração
123- Que consigo dar várias vezes seguidas (desde que não goze – e o recorde foi sete)
124- Que sei "atender" bem-dotados (mas nunca desprezei os mais modestos)
125- Que sei usar movimentos anais (até "empurrar para dentro")
126- Que lambo axilas
127- Que já fui casado e consigo ser monogâmico (verdade!)
128- Que não faço sexo chapado ou em uso de substâncias que alterem a consciência

COLEÇÕES: é preciso sempre aprimorar o conhecimento rsrsrs...
129- Que tenho coleção de filmes pornôs (inclusive héteros)
130- Que tenho coleção de fotos de homem pelado
131- Que tenho coleção de revistas eróticas
132- Que tenho coleção de calcinhas
133- Que tenho coleção de fotos amadoras que eu mesmo tirei
134- Que já fiz um banco de dados de quem saiu comigo (que que tem? Eu precisei, rs)
135- Que tenho um par de algemas

GAFES: porque nem tudo sai perfeito rsrsrs...
136- Que já tive de me esconder sem roupas (quase fui flagrado)
137- Que já me engasgei com aquele líquido branco que... Deixa pra lá, rs
138- Que já bocejei no meio de uma transa
139- Que já passei cheque (não nasci sabendo, né, rs...)
140- Que já deixei o tal líquido branco cair no olho de alguém (mas era o dele próprio, rsrsrs...)
141- Que já transformei alguém em passivo
142- Que já larguei homem com o p... na mão porque não estava legal
143- Que já quase desmaiei dando (entrou rápido demais...)
144- Que já tive de ir ao médico por ter dado (era enooooooorme!)

WANNABE: os próximos passos rsrsrs...
145- Que quero tentar dupla penetração
146- Que quero tentar fisting completo
147- Que já fiz sexo com negros, morenos, brancos, orientais, loiros, com pelos e sem pelos, mas... Nunca um ruivo natural e quero fazer
148- Que quero fazer sexo com cadeirante
149- Que quero fazer sexo com pessoa amputada
150- Que quero fazer sexo com um cego

... E você, que confissões você faria? Sabia que os segredos podem nos consumir?

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