Marcelo Tas falou pela primeira vez sobre a relação com o filho
transexual. Em entrevista à revista Crescer de outubro, o apresentador
contou como foi ver Luiza se transformar em Luc, hoje com 25 anos, feliz
e casado com outro transexual.
Na entrevista, Tas destaca que as preferências do filho nunca estiveram acima da relação dos dois.
— Uma novidade desse tamanho sempre é
surpreendente. Antes de tudo, devemos admitir que independente da
orientação — hetero, homo, trans, bi… — a sexualidade é um assunto que
desafia e intriga os seres humanos desde que o mundo é mundo. Por outro
lado, creio que eu faça parte talvez de uma primeira safra de pais que
souberam acolher e tratar com mais naturalidade a questão de forma
transparente.
Luc se assumiu bissexual aos 15 anos.
Com 22, virou transexual. Hoje, mora nos Estados Unidos e trabalha como
advogado. O jovem revela que nunca se sentiu desamparado em casa.
— Sou muito sortudo. A realidade é que
minha família sempre me apoiou em tudo. Eu contei que era bi quando
ainda era muito novo, e eles nem piscaram. Quanto a eu ser trans,
acredito que foi um pouco mais difícil, tanto para mim quanto para eles.
(…) Hoje em dia, eles sempre usam os pronomes certos para se referir a
mim (ele/dele, etc.) e meu nome (Luc).
O tempo todo, pai e filho falam um do outro com admiração e respeito. Tas fala que o filho sempre foi muito decidido.
— Lembro que no casamento do meu irmão,
Luc tinha uns 2 ou 3 anos e devia ser a “dama” de honra. Deu um
escândalo tão grande porque não queria botar o vestido. Foi de fraldas
até a cerimônia e só resolveu vestir a roupa já no altar. Acabou
curtindo a experiência. Não estou dizendo que ali já pressentia uma
questão de gênero, mas sim que via nele um ser bastante decidido sobre o
que queria ou não fazer.
Tas também é pai de Miguel e Clarice, de
13 e 9 anos, frutos do casamento com a atriz Bel Kowarick. Segundo o
apresentador, as crianças foram exemplares ao saberem da decisão do
irmão.
— Miguel e Clarice nos deram uma aula de
como conduzir o assunto. Para eles foi algo natural. Lembro que Bel e
eu criamos uma atmosfera solene para comunicar o fato dentro de casa.
Clarice na hora rebateu que ela sempre percebeu que o Luc não gostava de
usar roupas femininas e que tinha certeza de que ele estava fazendo a
coisa certa. E ela concluiu com uma tirada incrível: “E a gente só tem
que fazer uma coisa, passar a chamar ela de ele. Só isso!”. Eu fico
surpreso e até esperançoso de ver como as crianças nos ensinam a tratar
assuntos aparentemente espinhosos e complicados de uma forma generosa e
elevada.
O apresentador finaliza a entrevista destacando que os pais nunca devem perder o foco do relacionamento familiar.
— As questões de sexualidade e gênero
são importantes. Mas não são mais importantes do que o amor
incondicional que devemos manter na nossa família. Este sim é o assunto
mais importante da nossa vida.