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terça-feira, 4 de agosto de 2015

“…e eu gosto de meninos e meninas..” – A Bissexualidade na sociedade

Estava eu conversando dia desses sobre bissexualidade e o assunto me chamou a atenção, dadas as conjunturas sociais comumente aceitas. É, aceitas! Parece incrível, mas a bissexualidade é menos rejeitada socialmente do que a homossexualidade propriamente dita.

Segundo a Wikipédia, bissexual é aquele indivíduo que sente “atração física e emocional por pessoas tanto do mesmo sexo quanto do oposto, com níveis variantes de interesse por cada um, e à identidade correspondente a esta orientação sexual”. Ou seja, meninos e meninas que gosta de meninas e meninos. Confere?

Todavia, em termos “morais”, mesmo tendo atração pelo mesmo sexo em boa porcentagem das vezes, uma pessoa bissexual não é vista como uma aberração tão assustadora, ou tão diabólica, quanto o homossexual. E isso é histórico. Explico: Era comum aos senhores de terras manterem suas esposas e suas amantes, mas também seus “escravos de alcova” para diversão. Ninguém reclamava. Era comum gregos e romanos, casados e pais, terem efebos sob sua proteção, ou seja, meninos a quem educavam e com quem mantinham relações homoafetivas. No oriente médio, grandes marajás (ou algo do tipo) mantinham mulheres e homens em seus haréns. Ninguém os chamava de veados. Essa “vista grossa” ainda perdura, de certa maneira. Uma espécie de concessão velada a práticas ditas amorais.
No que diz respeito a mulheres, a hipocrisia social vai bem mais longe. Alguns autointitulados especialistas até afirmam que todas as mulheres tem um quê homoerótico e que, assim, a bissexualidade feminina é latente. Menina beijar menina pode, em festas e ambientes socialmente favoráveis. Os meninos até gostam, não é verdade? Numa transa a três, é permitido e incentivado que as meninas se toquem. Afinal, é um joguinho inofensivo, e elas acabam mesmo transando com o menino

Até pra sair do armário as pessoas ainda usam a tática de “Mãe, pai, eu sou bi”. A tendência pelos dois gêneros é um atenuante ao “Mãe, pai, eu sou gay”. Cansamos de ver garotos que tentam e tentam se relacionar com garotas, ou garotas que se esforçam por gostar de garotos. Não seria isso uma autorrepressão? Não seria quase “homofobizar-se”? É mesmo necessário se passar por bissexual? Qual o limite verdadeiro entre o bi e o homo? Como explicar a um/uma adolescente que ele/ela pode, sim, gostar de ambos os sexos?

O próprio Relatório Kinsey classificou o total da população americana entre 60 e 70% de bissexuais, pelos parâmetros da pesquisa da época. Na minha opinião, é um tema muito pouco falado nos meios de comunicação de que dispomos. Eu chamaria de tabu o assunto bissexualidade. Esse comportamento, esses quereres, com certeza dão um nó na mente de qualquer um. Não é um desvio comportamental, não é ser hétero, não é ser gay.
Uma vez, quando eu saí do armário para uma amiga, ela disse “Deve ser muito mais fácil pra você, que gosta dos dois gêneros, arrumar alguém legal. Tem o dobro de chances!”.

Não foi a primeira nem a última vez que eu ouviria isso. Namorados, namoradas e rolos já tinham falado algo do tipo “existe o dobro de chance de você me trair”, o que sempre me deixou bem chateada. Se fosse verdade, talvez eu desse risada e falasse que as chances existem, vai de mim aproveitá-las ou não. Só que as coisas não são bem assim se você para pra fazer as contas!

Nós, bissexuais, sofremos preconceito de todos os lados. Algumas lésbicas (e infelizmente não sou poucas) acham que vamos traí-las com um homem. Os homens acham que vamos traí-los com mulheres ou acharemos o máximo a ideia de fazer um menage-a-trois – o que nem sempre é verdade.  Nossas amigas gays ficam falando que somos hetero, nossos amigos heteros ficam querendo que a gente beije uma menina para eles verem. Nossos pais acham que somos promíscuas. A vida das totalflex não é fácil!

O que acontece no final é que somos tão reprimidas, inclusive pela comunidade gay, que criamos esse casulo: vamos a festas de meninas e, quando perguntam, dizemos que somos lésbicas. Se estamos com um menino, demoramos a contar que somos bissexuais porque isso pode estragar o romantismo inicial – essa idéia do sexo a três parece que já vem de fábrica nos espécimes masculinos. Não sentimos que podemos ser totalmente nós mesmas, amar quem queremos e quando queremos.
Então vamos fazer as contas: Gostamos de homens e mulheres, sim. Mas qual a porcentagem dessas pessoas que confiam em nós, bissexuais?

Amamos as pessoas independente de seu sexo. Sim, é possível gostar dos dois! Se é possível amar duas PESSOAS ao mesmo tempo? Talvez seja, pra algumas pessoas. Mas isso não quer dizer que deva ser um homem e uma mulher. O que impede uma bi, por ser poligâmica ou poliamorosa, de amar dois homens ou duas mulheres? O que impede uma heterossexual ou uma homossexual de amar várias pessoas ou trair a namorada? Absolutamente nada.

No fim, somos todos iguais. Então abrace aquela sua amiga bi que você brincou falando “sua hétero” só porque ela achou o Malvino Salvador um gato na capa daquela revista e diga que a compreende. Porque o preconceito que você sofre em casa, na rua, na internet… ela também sofre. E quem vai estar do seu lado na luta contra a homofobia não vê gênero, e sim um ser humano.
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