Este Blog foi escrito para o Público LGBT de todas as idades que estão a pensar em assumir-se. Nós sabemos que tomar a decisão de se assumir pode ser assustadora e desgastante. É por estas razões e devido ao nosso trabalho na área de homossexuais que fizemos este Blog. Acreditamos que informação útil e as experiências de outras pessoas em assumirem-se podem preparar-te para algumas das consequências que podem resultar de te assumires perante a família e amigos. Blog que reúne as principais notícias sobre o público Gls Glbt Lgbt (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). Tem por objetivo manter tal comunidade informada, para que usufruam de seus direitos, comemorem suas conquistas e lutem pela diminuição do preconceito. Deixe seu recado, mande suas fotos e videos poste no nosso blog Faça parte você também Participem deste blog, Mail sociedadelgbt@hotmail.com

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

"Pacto de morte": Pais não aceitam namoro gay e adolescente se enforca

Um "pacto de morte" entre dois estudantes de 16 anos deixou um deles morto dentro do Instituto Federal Catarinense na cidade de Sombrio, em Santa Catarina, na última segunda-feira (18.11). Segundo a Polícia Civil, o menor que sobreviveu disse que namorava o outro e decidiram fazer um pacto porque as famílias de ambos não aceitavam o relacionamento gay.
O delegado Luís Otávio Pohlmann informou que o corpo do adolescente foi achado enforcado dentro do banheiro da unidade, no prédio do ensino médio. Segundo Pohlmann, o corpo não tinha indícios de suicídio, mas sim de ter sido asfixiado por outra pessoa.
De acordo com o depoimento do suspeito prestado à polícia, ele ajudaria o namorado a se matar e depois cometeria suicídio. Ao ver o corpo do rapaz, ele se desesperou e chamou socorro. A polícia informou que o menor ainda tentou se matar, mas não conseguiu porque ficou nervoso.
Ele foi detido e encaminhado para a delegacia do município, onde prestou depoimento. O delegado informou que aguarda o laudo do IML (Instituto Médico Legal) para saber a causa da morte antes de indiciar o suspeito.
O Instituto Federal divulgou por meio de nota que lamenta a morte do aluno e que ambos os envolvidos no caso eram bons estudantes, sem nenhum indício de mau comportamento. A instituição informou ainda que repudia qualquer gesto de preconceito.
 
"Pacto de morte" deixa um morto em escola após pais não aceitarem namoro gay

Entrevista a Rubén Noé , primeiro transexual que engravidou de gémeos

 

O transexual que andou na «boca» dos espanhóis por ter sido o primeiro no mundo a engravidar de gémeos. Rubén Noé Coronado não vê porque não há-de aproveitar o que a natureza lhe deu e que ele ainda mantém: trompas, útero e ovários (e vagina), que só extrairá do seu corpo quando conseguir ter o filho ou filha que quer. Tentou uma vez, por inseminação artificial (IA), sem sucesso. O aborto aconteceu às 17 semanas de gestação, em Março passado. Eram gémeos, não sabe de que sexo. Recomposto da perda, está a tentar uma nova gravidez por IA, na mesma clínica, em Barcelona, a única que o aceitou - foi a 15 e enviou emails a todas as 155 de Madrid, a maioria recusou-o e muitas ignoraram-no, nem se deram ao trabalho de lhe responder. Isto, apesar de em Espanha a lei que regulamenta as técnicas de procriação medicamente assistida permitir que pessoas como Rubén acedam à inseminação artificial.



A sua decisão gerou imensas rejeições. Muitas pessoas dizem que com a gravidez o que procura é a fama e ser notícia na imprensa...

As pessoas podem dizer o que quiserem. Sei o que desejo, o meu objectivo está muito bem definido. Sejam quais forem as críticas que me fazem, positivas ou negativas, a minha consciência está tranquila. Não faço caso do que dizem, senão ia-me abaixo.



Como é que consegue não fazer caso dos insultos?

Há muitas maneiras de reagir às situações. Tento defender-me, não fazendo caso. Sei que não posso viver numa redoma, por isso aprendi a viver em sociedade, a dar-me com todo o tipo de pessoas, o que inclui, naturalmente, sobreviver às rejeições. Comecei a interiorizar isso quando iniciei o meu processo de mudança de sexo. A transexualidade ensinou-me que não posso ser aquilo que as pessoas esperam que eu seja, ensinou-me que o mais importante é aquilo que eu quero, o que quero alcançar, onde quero chegar e que tenho de percorrer esse caminho, com ou sem ajuda. Cada um de nós tem de tomar as suas próprias decisões, o que exige estarmos preparados para as consequências. As pessoas dizem-me coisas muitos insultuosas, é verdade, enviam-me emails, escrevem comentários no meu blogue sob a capa do anonimato...



Estive a ver o seu blogue. Não fala da transexualidade nem da gravidez, apenas dos seus animais...

Ultimamente não, porque agora quero estar mais tranquilo. Estou a preparar-me para fazer outra vez a inseminação artificial e penso que serei mais bem sucedido se estiver sossegado, sem perturbações. Embora eu tente passar por cima das coisas desagradáveis que dizem, não me são totalmente indiferentes, mexem-me um pouco com os nervos.



Sente que deve dar explicações ao mundo?

Sobre a minha transexualidade e a minha vontade de engravidar, não, não acho que deva explicações a ninguém. Em todo o caso reconheço que tanto uma como outra são questões sensíveis, talvez por serem ainda invulgares.



Na rua também o insultam?

Na rua os comentários são geralmente positivos. De pessoas que dizem admirar a minha determinação e coragem. Sabe, há muita falta de frontalidade, quem diz mal não mostra a cara, não diz o nome, e quem ofende menos ainda. Os comentários negativos são quase sempre anónimos.



Estava de dezassete semanas quando abortou. Por algum problema específico?

Não. Tenho epilepsia que, como deve saber, faz com que a minha fosse uma gravidez de risco, mas não foi a causa do aborto. O problema residiu no facto de serem dois bebés e eu não ter espaço suficiente na minha barriga para eles se desenvolverem. O meu médico explicou-me que isso sucede em certos casos de gravidezes gemelares, a barriga não se expande, provocando asfixia nos fetos e em consequência o aborto. Foi um aborto natural.



Conhecia o sexo dos bebés?

Não. A imprensa espanhola especulou muito, houve quem dissesse que eram rapazes, mas na verdade nunca o soubemos.



Tem preferência?

Não. Também se especulou muito sobre isso, que eu preferia meninos e a minha namorada meninas. Não é verdade. A mim, a nós, tanto faz. Quero é ser pai, esse é o meu objectivo. Esperanza já tem dois adolescentes rapazes, o mais pequeno tem 14 anos e o mais velho 16. Não vivem connosco, por isso não temos essa experiência de criar filhos juntos.



Seria «pai» nesta altura, se não tivesse abortado?

Sim, a esta hora estaria com os dois ao colo [longa pausa]. O parto estava previsto para finais de Setembro.



Como reagiu ao aborto?

[Suspende a respiração] Mal, muito mal. Tive que fazer terapia para ultrapassar a situação. Não foi bem uma sensação de perda o que senti, porque a minha barriga não chegou a ficar grande ao ponto de se notar que algo estava a crescer lá dentro, foi mais a angústia de me confrontar com o adiamento de ser pai, um desejo muito forte em mim. Não sei, não sei definir o que senti. A clínica ajudou-me muito nessa fase, disponibilizou-me uma equipa multidisciplinar composta por um ginecologista, um endocrinologista, um psicólogo e um psiquiatra, que me acompanham ainda hoje. Aliás, é também com base na opinião destes especialistas sobre a minha condição física e psicológica que se «decidiu» se estaria ou não preparado para me submeter a mais um processo de inseminação artificial.



E está?

Sim, e já estou a tentar engravidar outra vez. Quando é que sai esta entrevista em Portugal? Dezembro. Se calhar, nessa altura já estarei grávido outra vez [Rubén prometeu que nos informaria, mas até ao fecho desta edição não recebemos notícias]. Os meus médicos dizem que estou preparado, que não é nada do outro mundo. Da primeira vez não usei medicação, e desta também não. Estou a tentar engravidar da forma mais natural possível, à excepção, claro, do facto de me introduzirem o esperma no meu aparelho reprodutor. Tudo o resto é natural, não é por acção de medicamentos. Não há estimulação da ovulação através de fármacos.



Onde arranjou o esperma? Há quem o compre na internet...

Na internet? [mostra-se surpreso] Não, não. Recorri a um banco, é de um dador anónimo.



Prefere não tomar medicamentos porquê, se a probabilidade de engravidar é maior?

Eu não sou infértil, não preciso de fazer estimulação da ovulação. Está tudo bem comigo, eu posso engravidar, tenho ovulação desde que parei de tomar hormonas, a testosterona. É por isso que prefiro que seja tudo o mais natural possível. Mais natural do que isto só se dormisse com um homem. Mas não quero deitar-me com um homem para engravidar, para mim é muito difícil «fazê-lo» com um homem. Além disso, quero evitar as complicações legais que poderiam surgir caso esse homem viesse mais tarde reclamar o direito de paternidade ou a custódia da criança. Essas «coisas» dão sempre problemas. Mais: por ser uma gravidez mediática, o «pai» poderia eventualmente aproveitar-se e querer retirar dividendos da situação. Não. A opção mais viável foi recorrer a uma clínica de reprodução medicamente assistida. Faço a inseminação com sémen proveniente de um banco de esperma, e pronto, é simples.



Sempre desejou ter filhos ou só pensou neles depois de conhecer Esperanza?

Sempre foi um desejo, nunca quis abdicar da possibilidade de ser pai.



Pai?

Sim, pai. Sou um homem. Um dos momentos mais difíceis dos transexuais masculinos é aquele em que temos que decidir se queremos ser estéreis ou não. A tendência nos transexuais tem sido a de retirar os órgãos reprodutores, mas eu decidi adiar essa cirurgia precisamente porque pensava que se um dia quisesse ser pai poderia sê-lo. Por que havia de tirar o meu útero, os meus ovários, as trompas se queria ter filhos? Por ser transexual? Por querer ser homem? Por ser homem? Um dia irei retirá-los, sim, mas só quando tiver um filho ou filha. Além disso, o meu endocrinologista disse-me que eu podia interromper o processo de esterilização e adiar a cirurgia de redesignação do sexo. Quando conheci Esperanza, a minha companheira, muitas coisas vieram-me à cabeça, entre elas o facto de Esperanza ter dois filhos já crescidos - o mais novo, Pablo, tem sindroma de Asperger e por esse motivo está num centro hospitalar. O mais velho optou por viver com o pai em Málaga, é lá que estuda, é lá que tem os amigos. Nós gostávamos de ter juntos a experiência de ter um filho, como qualquer casal. Basicamente o que queremos com a minha gravidez é isso.



Esperanza não pode engravidar?

Seria demasiado arriscado. Esperanza padece de retinopatia pigmentária, não pode fazer esforços, e com o esforço do parto poderia cegar.



Adoptar não é uma possibilidade?

Considero-me qualificado para criar um bebé. Não me considero capacitado para criar um menino adoptado, que já tem uma bagagem pesada cheia de problemas, traumas. Sei como é, também fui adoptado. Sabe, quando se é adoptado não existe essa coisa de perguntar «quem sou? de onde sou?, para onde vou?» e isso é terrível para uma criança, não saber nada ou saber muito pouco da sua vida, do seu passado, dos seus pais. Adoptar está fora de questão. Um filho nosso, à partida, não desenvolverá o tipo de traumas de um menino adoptado.



Não desenvolverá outros? Não o preocupa os eventuais problemas que a criança possa ter quando souber que o pai afinal é a mãe biológica?

Por essa razão não vejo por que terá problemas. Em todo o caso, penso que são situações incomparáveis, a de um menino nascido e criado no seio de uma família atípica e a de um menino adoptado. Tenho para mim que os traumas das crianças adoptadas estão muito associados ao desconhecimento da realidade, não encontram resposta para as perguntas que têm na cabeça. Qualquer tipo de trauma, seja ele qual for, deve-se em grande medida ao desconhecimento de uma parte da verdade. Isso não acontecerá com o meu filho, ele vai saber de tudo na altura certa, à medida que for crescendo e for capaz de compreender. Independentemente de uma criança ser filha de um casal homossexual, de um casal de lésbicas, de uma mãe solteira ou de um casal atípico, como eu e Esperanza, o importante é proporcionar-lhe um ambiente familiar estável, sólido, com muito carinho e amor, para que seja uma criança feliz e tenha um desenvolvimento normal. Nós podemos garantir isso a um filho nosso. Não haverá melhor pai do que eu no mundo. Não há ninguém com autoridade nem legitimidade para questionar a minha paternidade nem a minha capacidade de ser um bom pai.



Quando iniciou o processo de mudança de sexo?

Em Agosto de 2002.



Quando se apercebeu que tinha um problema de identidade?

Foi uma descoberta. Descobri que era transexual quando saí da aldeia onde nasci e fui para Madrid. Saí de casa aos 18 anos, tinha um passado de inadaptação social; em casa as coisas não eram melhores, não me sentia compreendido pelos meus pais. Em Madrid fui dar com uma associação, não interessa agora explicar porque razão, e lá uma funcionária, ainda me lembro do seu nome, Ana Franco, disse-me claramente, sem papas na língua: «O que tu tens tem um nome, chama-se transexualidade». Sugeriu-me que fosse à AET - Associacion Española de Transexuales, onde encontraria ajuda e informação para as dúvidas que tinha em relação ao que sentia. Fui à AET e aí aprendi que a transexualidade era uma realidade e, mais importante, que me identificava com todas aquelas pessoas, que esse era o meu caminho.



Até aí como se sentia com o corpo de mulher? Nunca desconfiou de que poderia ser transexual?

Não, essa palavra não existia no meu vocabulário, não sabia que a transexualidade existia. Em relação ao meu corpo, não pensava nele, não tinha consciência daquilo que eu era. Quando não conhece uma realidade, não pensa sobre ela, certo? Foi o que me aconteceu. Não pensava nisso, simplesmente. Não me preocupava se era mais masculino ou mais feminino, só sei que me sentia estranho e isso, sim, era um conflito para mim. Mas eram tantos os meus conflitos, que de todos esse era o menos importante.



Não namorava?

Não, enquanto mulher nunca tive namorados nem relações sexuais. Mantinha-me em absoluta asexualidade. Era uma pessoa anti-social, não saía com os colegas, não praticava desporto fora da escola, convivia somente com a minha cadela e os meus pais. Eles levavam-me para todo o lado com eles, mas eu não conseguia interagir com as pessoas. Na escola falava com os colegas, mas mesmo aí mantinha-me recatado, afastado.


O que fez assim que descobriu que era transexual?

Primeiro, tive que entender o que se passava comigo, que afinal não era o que socialmente as pessoas pensavam e esperavam de mim. Depois de «digerir» a situação, tive que aceitá-la, procurei ajuda. Encontrei-a na Fundación Sexpol [Associação para o Desenvolvimento da Saúde e do Bem-Estar Sexual, em Madrid], porque era o único sítio onde poderia receber acompanhamento psicológica gratuito (nessa altura não tinha dinheiro, não poderia pagar esse apoio). Na Sexpol disponibilizaram-me um psicoterapeuta, que me seguiu e diagnosticou, disse-me que o meu problema era um problema de género e encaminhou-me então para um endocrinologista que me receitou as hormonas de testosterona. A partir daí iniciei o processo de mudança de sexo.



Quando começaram a surgir as primeiras transformações?

Não demoraram muito tempo. Na transexualidade masculina as mudanças acontecem depressa. A testosterona tem uma actuação bastante rápida. No segundo ou terceiro mês notei uma alteração da voz, tornou-se mais grave, fiquei com voz de homem como se costuma dizer. No quarto mês este osso aqui [aponta para a maçã de Adão] começou a ficar saliente. No sexto mês surgiram-me pêlos na cara, no peito e nas pernas, esse tipo de coisas. Pouco a pouco, foram-se passando coisas no meu corpo que me fizeram sentir mais eu. É uma alegria verificares a cada dia que passa as transformações no teu corpo e sentires que agora sim, começas a identificar-te com aquilo que vês no espelho. No espelho e não só, cá dentro também, sentes que estás a ir pelo caminho certo e que tudo vai ficar bem contigo. [ri] Cada pelito novo que nasce na cara é uma alegria, significa muito.



Pouco depois conheceu Esperanza...

Quando vi Esperanza a primeira vez foi numa festa, senti logo qualquer coisa por ela. Ela não me ligava, dizia que eu era ainda um menino. Eu já era fisicamente um homem, mas temos uma grande diferença de idades (tenho 26 anos, ela tem 43). Começámos por ser amigos, trocávamos correspondência, escrevíamos emails. Esperanza continua a dizer-me que não se enamorou logo por mim, mas investigou-me na internet para ver se eu estava no Facebook, no Hi5. Ela achava-me graça e sobretudo persistente – eu telefonava-lhe todos os dias, mandava-lhe emails. Conquistei-a.



Esperanza foi a primeira namorada?

Não, tive três namoradas antes. Elas sabiam da minha transexualidade, claro, e tiveram problemas com isso. Despertei para a sexualidade apenas a partir do momento em que descobri que era transexual. Antes de ser transexual, não tive relações com ninguém, não tive namorados, não me interessava.



Nem com a gravidez se sentiu mulher? Saber que dois bebés estavam a crescer dentro de si... Como se sentia?

Feliz. Sentia-me feliz. Os meus objectivos são muito claros. Quero ser pai e se para isso tenho de utilizar o que a natureza me deu, não vejo problema algum. Vivi todos os momentos em que estive grávido com muita emoção, muita alegria e expectativa, mas nunca me vi grávido, porque não cheguei a ter a barriga muito grande. A expectativa sim, era grande. Esperanza e eu passávamos pelas lojas de produtos para bebés e ficávamos parados a olhar para as montras. Víamos coisas muito bonitas e ficávamos ali, a escrever uma lista na nossa cabeça das coisas que tínhamos de comprar.



Compraram alguma coisa?

Não. Tínhamos medo. Esperanza disse-me que até ao sexto mês não devíamos comprar nada para o bebé, que não era o momento. Suponho que era por superstição, mas também em parte porque ainda não sabíamos onde seria a nossa morada definitiva. Se nos mudássemos, seria melhor não termos que transportar muita coisa. Além disso, eu estava sempre muito agoniado, não tinha muita disposição para andar às compras.



Como reagiram os seus pais à transexualidade e à gravidez?

São muito antiquados. Em relação à transexualidade, a minha mãe acabou por aceitar, o meu pai não, nunca conseguiu, o que, naturalmente, levou a que nos afastássemos mais, raramente falamos, as conversas que temos são cordiais sem serem amigáveis. Com a minha mãe a relação era mais tranquila - ela morreu em Setembro do ano passado, antes da minha gravidez. Não sei como ela reagiria a isso. O meu pai julgo que soube da minha gravidez, mas como não temos uma relação de afecto não lhe perguntei o que achava e ele também não me disse.



E o resto da família?

Não tenho irmãos, tenho tios e primos, falamos de vez em quando. Não quero que se metam nos meus assuntos, por isso não alimento conversas sobre a minha vida privada. Também não me meto na deles. Prefiro assim. Quero viver sem sobressaltos, com tranquilidade. Cada um segue o caminho que tem de seguir. Eu quero-lhes bem, gosto muito deles e eles de mim, estou certo disso. Ainda no outro dia estava ao telefone com uma tia, disse-lhe que ainda tenho o palhaço que ela me ofereceu quando eu tinha cinco anos. Prefiro que os meus familiares se mantenham à parte deste processo, para que não sejam incomodados.



Em todo o caso, não lhe faz falta essa retaguarda familiar?

Mas que melhor apoio poderia eu desejar senão o da minha mulher? Não sou ainda casado com Esperanza, mas ela é a minha mulher, é a minha companheira. E como casal, queremos ter um filho juntos. Não é isso que querem os casais? O apoio que precisamos é um do outro. É disso que precisam os filhos, que os pais se apoiem, gostem um do outro, se tratem bem, que tenham uma vida conjugal de afectos. Ponto. Se isso não existir num casal, então não são um casal. A minha gravidez é tão complexa – quero dizer, complexa socialmente, porque as pessoas têm dificuldade em entendê-la e aceitá-la –, que o melhor é evitar todo o tipo de pressões sobre este assunto.



Chegaram a pensar em nomes para os bebés?

Quando estava grávido sim, pensamos em alguns nomes de menino e de menina. Desta vez não, vamos esperar. Não quero especular...



E o seu nome, escolheu Rubén Noé porquê?

Estefánia é um nome comprido, chamavam-me Fanni e eu não gostava. Então, para evitar que os outros adoptassem diminutivos feios, procurei um nome curto. Pensei em Noé. Só que Noé confundia-se com Noemi, Noeli, era ambíguo, tanto dava para homem como para mulher. Lembrei-me de um nome mais masculino, que não levantasse dúvidas. Rúben. Rubén Noé. É nome de homem.



Acabou de mudar de casa e de cidade. Da pequena localidade de Berga passou para a grande Barcelona. Porquê?

Gosto de Barcelona, é uma cidade aberta. Madrid também poderia ser uma opção. Corri praticamente toda a Espanha vivendo num sítio e noutro com a minha namorada, e dos sítios por onde passámos, Barcelona foi a cidade de que mais gostámos. Ela é funcionária da ONCE [Organización Nacional de Ciegos Españoles], o que a obriga a deslocar-se com frequência e eu acompanhava-a, porque a minha profissão - sou carpinteiro e faço algum trabalho de vigilância – posso exercê-la em qualquer lugar. Neste momento estou desempregado. Chegámos agora a Barcelona, ainda não encontrei trabalho.



Acha que aqui em Barcelona vai viver mais tranquilo? Será mais fácil a um homem grávido passar despercebido?

Despercebido não diria, mas aceite sim. Se a minha preocupação fosse passar despercebido, então teria ido para Madrid. Barcelona é uma cidade aberta a toda a diversidade, as pessoas são mais tolerantes, e do ponto de vista dos acessos praticamente nenhuma cidade em Espanha oferece tantas vantagens nem tantas condições para pessoas com dificuldades de visão como Esperanza (é uma cidade plana). Barcelona tem tudo para sermos felizes. Penso que aqui poderei andar na rua sem o olhar das pessoas fixo em mim como se fosse de outro planeta. Olharão para mim e pensarão que sou um homem gordo, com uma barriga proeminente.



As pessoas com quem se cruza na rua reconhecem-no dos jornais e da televisão como o transexual que engravidou de gémeos?

Algumas pessoas reconhecem-me, são simpáticas. Algumas perguntam-me: «Você é o homem grávido? Vi-o na televisão...». Eu digo que sou, claro. As pessoas olham para mim e ficam de boca aberta, porque vêem um homem, acham inacreditável que eu seja aquele grávido, não acreditam que eu nasci mulher. Mais dia menos dia a sociedade vai ter que mudar e aceitar que há outras realidades distintas daquela em que vive a maior parte das pessoas. Há mundos mais pequenos que também existem.



Como é que a sua gravidez se tornou pública? Foi o Rúben que a divulgou aos jornalistas?

Não.



Foi a clínica?

Não, não creio que tenha sido a clínica, porque uma das condições sine qua non que a clínica me impôs para aceitar fazer-me a inseminação foi o anonimato.



Então o que terá acontecido?

Não faço ideia. Sei que um dia me telefonaram de um jornal e me disseram: «Sei que está grávido, gostaria que me concedesse uma entrevista». Hesitei, mas insistiram, acabei por aceitar. Sabe, tive receio de que se não falasse, se não expusesse as minhas razões, alguém faria isso por mim, dando azo a especulações e mentiras. Por outro lado, pensei que a exposição do meu caso seria uma forma de ajudar outras pessoas, outros transexuais que estariam a viver a mesma situação em silêncio.



Serviu-lhe de alento o caso de Thomas Beatie, o transexual americano que já vai no segundo filho, de uma segunda gravidez?

Eu sempre desejei ter filhos e teria engravidado mesmo que mais nenhum transexual antes de mim o tivesse conseguido. De resto, o caso dele não me serviria de alento porque as pessoas complicaram-lhe a vida. Eu apenas fui insultado, mas ele recebeu ameaças de morte.



Acha que no futuro haverá muitos casos como o seu e o de Thomas Beatie?

Não tenho dúvida disso. A sociedade muda, evolui. Tem de evoluir. Acho até que deve haver outros casos anteriores ao de Thomas Beatie, simplesmente mantiveram-se fora da comunicação social. O meu caso e o caso de Thomas Beatie será assim tão diferente dos de homens e mulheres que são pais e mães e a dada altura da sua vida mudam de sexo? Há pessoas que descobrem e assumem a sua transexualidade depois de terem filhos. Esses casos existem. Não se pode ignorá-los. Não são novidade, simplesmente parecem invisíveis, interessa a uma sociedade que tem medo da mudança, não interessa vê-los. Penso que no futuro estas situações não serão consideradas aberrações. Eu não sou uma aberração. Já fui abordado por um transexual masculino como eu que também queria engravidar e não sabia o que fazer. Creio que o importante na minha exposição pública é abrir portas e criar opções, esclarecer quem vive uma situação semelhante.



Há pessoas que lhe escrevem no blogue a dizer que estão a viver a mesma situação?

Não, no blogue os comentários geralmente são anónimos e quase todos para me insultar.



Acusam-no de zoofilia. Que história é essa?

É um absurdo. Gerou-se uma polémica à volta de uma fotografia com os meus animais que não passa de uma ilusão óptica. Não sei se viu a foto. As pessoas vêem o que querem ver.



Se engravidar outra vez e levar a gravidez até ao fim, juridicamente quem vai ser a mãe?

Eu. Todo o processo está a decorrer como eu sendo mãe solteira.



Mantém o nome de baptismo no cartão de identidade?

Sim [mostra o passaporte].



Aos olhos da lei o Rubén é uma mulher. ..

Exactamente.



Então, nada na lei espanhola [Lei 14/2006, de 26 de Maio sobre as Técnicas de Reprodução Humana Assistida] o impede de recorrer à inseminação artificial...

Está tudo conforme a lei, caso contrário a «minha» clínica não me aceitaria.



Se o Rúben vai ser legalmente a mãe, Esperanza será o quê para a criança?

Na prática, será a mãe. Para nós não há qualquer confusão. Aos olhos da lei, eu sou a mãe, sou a mãe biológica. Mas «dentro de casa», que é como quem diz, na nossa vida diária, quem decide esse papel sou eu e Esperanza. Vamos construir a nossa família como tantas outras o fazem. Para a criança eu serei o pai, Esperanza a mãe. E quando chegar a altura certa, dir-lhe-emos a verdade, explicaremos tudo. Não há que haver confusões. Além disso, depois do parto continuarei o tratamento hormonal com testosterona e farei a cirurgia de redesignação sexual. Serei um homem por inteiro. E quanto ao meu nome de baptismo, depois da cirurgia poderei mudá-lo [no Registo Civil].



Vai ser fácil explicar isso a uma criança?

Acho que as crianças entendem as coisas de uma forma mais simples e aceitam-nas mais facilmente.



O seu corpo é então um instrumento para atingir o objectivo de ser pai?

O meu corpo não, os meus órgãos reprodutores. E quando esse objectivo estiver concretizado, então sim, estarei preparado para extrair tudo o que ainda me resta de mulher, farei a cirurgia para retirar o útero e os óvarios e a cirurgia de redesignação de sexo. Nessa altura sentir-me-ei completo.



Em que clínica está a fazer a inseminação artificial?

Não posso revelar. Foi esse o acordo que fiz com a clínica.



Porquê? A clínica tem receio de que a classe médica em peso lhe «caia» em cima?

Não é por isso, é porque quer manter a privacidade dos outros pacientes. Nenhum casal deseja chegar à clínica para fazer um tratamento e deparar-se com cinquenta jornalistas à porta. Uma clínica deste tipo tem que garantir privacidade. Sendo a minha gravidez uma gravidez mediática e polémica, alguém poderia lembrar-se de fazer manifestações em frente à clínica. Há outra razão: fui inserido num estudo clínico, pelo que o nome da clínica não deve mesmo ser divulgado



Tentou outras clínicas antes dessa?

Muitas. Pessoalmente fui a 15 e enviei emails a todas as 155 clínicas [de Procriação Medicamente Assistida] existentes em Madrid. Todas me disseram que não, que era imoral, que não era ético. Outras nem sequer me responderam. Esta foi a única que me aceitou.



Quanto dinheiro já gastou na inseminação artificial? A imprensa espanhola falou em 16 mil euros...

Não é um processo barato, mas não chega a esses valores. Gastei muito menos. Não me importava de dizer-lhe quanto, simplesmente não posso, porque o valor identifica a clínica. Cada uma tem o seu preço.



Quem paga?

Nós. Eu e Esperanza, quem mais?



Gostaria que me falasse um pouco do seu passado. Viveu num orfanato, foi adoptado mas só o soube mais tarde...

Soube quando tinha sete anos, por um colega da escola. Eu vivia numa localidade muito pequena, toda a gente sabia da vida de toda a gente. Fiquei a saber assim. Fui logo para casa e perguntei à minha mãe se era verdade. Com o passar do tempo, essa revelação não me saía da cabeça e então decidi procurá-la, saber quem era a minha mãe biológica. Encontrei-a, mas nunca falei com ela. Apenas quis saber quem era. Porquê? Porque entendo que a procura da identidade só vale a pena se formos capazes de a aceitar, de a digerir. Eu não sei se seria capaz disso. Em todo o caso, não tinha necessidade de conhecê-la. Saber quem era sim, conhecê-la, falar com ela, não. Eu sou um bocado assim: se preciso procuro, se não preciso fico quieto, deixo como está. Eu sei a minha história. A minha história é a história de uma gravidez indesejada, complexa, de uma menina de 17 anos nos anos 60 que não teve condições para me ter e então fui parar a um orfanato e mais tarde a casa de uma família que me acolheu.



A imprensa irá certamente disputar as primeiras fotografias do seu futuro bebé. Vão ter um preço, essas imagens?

Há que reconhecer que essas não serão umas fotografias quaisquer. Essas fotos terão um preço, sim.

'Eu Sou Gay': descubra como os famosos saíram do armário

Saiba como Daniela Mercury, Thammy Miranda, Ian McKellen, Ricky Martin e muitas outras celebridades saíram do armário e disseram: 'Eu sou Gay'

Saiba como os famosos declaram para si mesmos e para a sociedade: “Sim, eu sou gay”
1. Ricky Martin

O cantor porto-riquenho, que fazia sucesso com as mulheres nos anos 1980 no grupo  Menudo, assumiu ser homossexual em 2010 com uma declaração em seu blog. "Tenho orgulho de dizer que sou um felizardo homem homossexual. Sou muito abençoado em ser o que sou", escreveu ele, que tem a sua biografia contada no livro Eu.
2. David Hyde Pierce

O ator revelou ser gay em um perfil publicado em 2007 pela agência  Associated Press. Ao final do texto, o autor dizia que Pierce veio para Los Angeles nos anos 1990 com seu parceiro, o ator, roteirista e produtor Brian Hargrove.
3. Charice Pempengco
A atriz filipina que foi batizada por Oprah Winfrey como "a garota mais talentosa do mundo" assumiu sua homossexualidade em junho deste ano no programa The Buzz. “Sim, eu sou uma menina moleque”, afirmou ela, que atuou em episódios do seriado Glee.
+ Atriz de 'Glee' assume ser homossexual e muda o visual radicalmente
4. Ian McKellen

Ian McKellen, O Gandalf de O Senhor dos Anéis, contou que se assumiu publicamente apenas aos 49 anos de idade. “Quando eu era jovem, nos anos 1950, não havia lugares gays. Sentíamos muita vergonha e éramos até presos”, explicou ele.
5. Neil Patrick Harris

O astro, de How I Met Your Mother, declarou para a revista People que era gay para poder se defender. Ele foi acusado de ajudar um suposto namorado a entrar na série. "Tenho muito orgulho de dizer que sou um homem gay muito feliz, vivendo minha vida ao máximo", falou. O namorado em questão era David Burtka.
6. T.R. Knight

O médico do seriado Grey´s Anatomy saiu do armário por meio de um comunicado. "Prefiro manter minha vida pessoal privada e espero que o fato de eu ser gay não seja a parte mais interessante sobre mim", expressou.
7. Guillermo Díaz

O ator americano, que é gay assumido, explicou à revista Open por que procurava esconder sua verdadeira opção sexual. "Essa fachada de ser alguém que eu realmente não era foi apenas para me proteger. Isso me ajudou a poder atuar", falou.
8. Rupert Everett

O ator assumiu que era gay no auge da carreira, nos anos 1980, mas parece que se arrependeu de ter saído do armário. Em entrevista ao The Guardian, ele aconselhou os jovens atores homossexuais a esconderem sua opção sexual. Ele falou que perdeu muitos contratos por se assumir.
9. Mark Feehily

O cantor da boyband Westlife disse ao se assumir: "Sou gay e tenho muito orgulho disso. Quero que as pessoas saibam a verdade sobre a minha sexualidade". A revelação foi publicada no tabloide inglês The Sun.
10. Sean Hayes

O ator da série Will and Grace estampou a capa da revista The Advocate e disse na entrevista à publicação que é gay.
11. Netinho

O cantor contou para o programa Fantástico, da Globo, que teve experiências homossexuais.
12. George Michael

O cantor revelou sua preferência sexual em entrevista à CNN no ano de 1998 após ser preso em flagrante com outro homem em um banheiro público em Beverly Hills. "Eu me sinto estúpido e imprudente por ter exposto minha sexualidade desta forma, mas não sinto vergonha", declarou.
13. Rob Halford

O vocalista da banda de heavy metal Judas Priest declarou que é homossexual na MTV, em 1998.
14. Anderson Cooper

O jornalista da CNN disse em um comunicado que é gay. "O fato é: sou gay, sempre fui e sempre serei e não poderia estar mais feliz, confortável comigo mesmo e orgulhoso",falou decidido.
15. Pepê e Neném

As cantoras confessaram que gostam de mulheres em rede nacional, durante participação  no programa De Frente com Gabi, no SBT. "Nós duas somos homossexuais", disseram.
+ Pepê e Neném revelam: ‘Nós duas somos homossexuais’
16. Christián Chávez

O cantor, que fez sucesso como integrante da banda mexicana RBD, falou que é homossexual depois que vazaram fotos dele com outro homem. "Não quero mais mentir e mentir a mim mesmo por medo (...), me sinto muito mal por não ter podido compartilhar isto antes com todos os meus fãs, que são os que mais me preocupam e por quem decidi ser honesto", afirmou.
17. Thammy de Miranda

A filha de Gretchen assumiu que é homossexual após deixar a banda da rainha do rebolado, em 2006.  “Foi um tormento na minha vida. (..) Minha mãe me levou na igreja e me deu uma surra”, disse. Hoje, Gretchen a aceita e a apoia.

18. Jim Parsons

O Sheldon Cooper da série cômica The Big Bang Theory revelou que é gay em entrevista ao The New York Times. Na ocasião, ele disse que namorava outro homem há 10 anos.
+ Jim Parsons, o Sheldon da série 'The Big Bang Theory', assume homossexualidade
19. Chris Colfer

O ator de Glee assumiu que é gay durante uma entrevista em 2009.
20. Matt Bomer

O ator da série White Collar e do filme  Magic Mike assumiu sua homossexualidade em um evento beneficente organizado para homenagear causas humanitárias. “Eu realmente quero agradecer em especial minha linda família: Simon, Kit, Walker e Henry. Obrigado por me ensinar o amor incondicional", disse ao receber um prêmio.
21. Zachary Quinto

O Spock de Star Trek assumiu ser gay em entrevista à New York Magazine, quando falava sobre um personagem homossexual que interpretava na peça Angels in America.
22. Ellen DeGeneres

A apresentadora revelou ser gay em uma entrevista à revista 'Time'.
23. Daniela Mercury

A cantora revelou neste ano que tem um relacionamento homossexual ao mostrar uma foto romântica com a jornalista Malu Verçosa. "Malu agora é minha esposa, minha família, minha inspiração para cantar", falou ela, que afirmou estar "casada".
+ Daniela Mercury fala do namoro com Malu: 'Ela faz tudo por mim'
24. Michael Stipe

O líder da banda R.E.M tornou pública sua opção homossexual em entrevista a revista Spin, em 2008. Ele ja havia falado sobre o assunto para a revista Time, mas a revelação não foi publicada na época.
25. Lance Bass

O cantor do N Sync falou para a revista People que escondia sua homossexualidade para não prejudicar a boyband.
26. Elton John

Elton John falou que era bissexual para a revista norte-americana Rolling Stones. Hoje, ele é casado com um homem com quem tem dois filhos.
27. Jason Collins

O jogador de basquete se tornou o primeiro jogador de basquete da NBA a revelar sua homossexualidade. A declaração foi feita em um artigo da Sports Illustraded. "Tenho 34 anos, sou negro e sou gay", falou logo na primeira frase do texto.
+ Jason Collins se torna o primeiro jogador da NBA a assumir sua homossexualidade
28. David Yost

Ele ficou famoso como o power ranger azul na série infantil dos anos 1990. Em 2010, disse que deixou o programa porque sofreu discriminação. "Eu era chamado de 'bicha' muitas vezes pelos criadores, produtores, roteiristas e diretores", relembrou.

DIÁRIO DE UM HOMEM TRANSEXUAL

"...não escohi me sentir menino mesmo tendo nascido num corpo de menina, não escolhi a minha vida toda querer refletir no espelho uma imagem masculina que habitava na minha mente. Essa, foi uma decisão e uma seleção da natureza, por um motivo que infelizmente não sei dizer qual..."

SUPERANDO OBSTÁCULOS

Tudo parecia perfeito, a libertação da personalidade que eu era obrigado a assumir dia após dia como uma epécie de tortura diária, estava prestes a ter fim. Olhei no espelho após a primeira grande atitude de cortar o cabelo e me vestir com roupa exclusivamente masculina ( não mais unisex ), "enfaixei" aqueles que me incomodavam e de que nada tinha orgulho, os peitos, que não gostava de denominar seios. E ali estava: a primeira grande parte de mim. Estava desaprisionando um pássaro que de tantos anos presos, não sabia voar. Sorri, senti-me leve, e a vida se simplificou naquele sorriso.
Os efeitos de que tudo era só flores apartir daquele momento confrontaram-se com a realidade ao sair na rua, na verdade, ao sair do quarto. Eu não havia comentado com ninguém mais além da minha namorada, e não imagina o quanto minha família sofreria com o que pra mim seria um desaprisionamento. Tudo era tão bom que eu não conseguia fazer conexão alguma com dor ou sofrimento, mas além deles vierão também os preconceitos, os julgamentos, a rejeição, o afastamento... e eu comecei a perceber que haveria de pagar um preço, mas nada me impediria, nada era maior do que o desejo de ser feliz. Por vezes me questionei se estava sendo egoísta, mas aos poucos entendi que não existem grandes mudanças sem processos de desapego, e que nem sempre são agradáveis. Entendi que eu deveria suicidar a velha personalidade, enterrar, aprender e ensinar a esquecer. E a morte, como é comum que seja, é dolorosa. O transexual precisa morrer para nascer de novo, a grande diferença é que para nós essa morte tem sabor de vida, é prazerosa, libertadora... para os que nos são próximos, é muitas vezes assustadora, eles não sabem o que está por vir, nós sabemos porque convivemos por toda a vida com essa imagem de quem somos em nossa mente. Eles não, não sabem quem somos além de quem temos sido até então. È preciso ter amor, paciência e tolerância com os que amamos, muito mais nós com eles do que o contrário. Essa fase iria passar, aos poucos eles sentiriam junto comigo o alívio de me verem como sou. E passou...
È preciso saber que nem todos vão ficar, alguns, talvez por medo, se afastarão. Mas o tempo vem remediar essas feridas. O amor, quando verdadeiro, sempre permance.
As pessoas não foram os únicos obstáculos, os sistemas, as leis, a medicina, os orgãos públicos... alguns parecem ignorar a existência do homem transexual, ou reunem meias informações e formam conceitos errados sobre nós. Precisei enfrentar cada uma dessas barreiras com a força da minha vontade de viver, impulsionando, pressionando, doando a energia que me mantinha nessa luta. E a vida me doou pessoas, para que eu não me sentisse só, pessoas as quais serei eternamente grato, é preciso saber recebê-las, mantê-las e,principalmente, agradecê-las.

O mais importante nisso tudo, é que percebi a missão: Não adiantava cobrar que os médicos soubessem lidar comigo, que os orgãos públicos soubessem me receber sem olhar torto e muitas vezes criar caso me impedindo de tirar documentos importantes para a minha ação como cidadão. Não, não adiantava bater de frente, seria exaustivo e tão violento quanto a violência que eu sentia em mim. Era fato que o mundo parecia estar despreparado, mas tudo na história teve um começo de luta, de imposição. E como tudo o que é novo, assusta, apavora... eu estava lá, e precisava continuar fazendo parte do mundo, se eles não sabiam lidar comigo, eu é quem precisaria ensinar, com amor e paciência.
Diferente das mulheres transexuais, os homens têm se mantido discretos, querem excercer seu papel na sociedade sem precisar remeter ao passado. E de fato, é isso que a maioria de nós quer. Mas o silêncio fez com que todas essas barreiras continuassem ali presentes para os próximos que viriam a superá-las, tornando nossa trajetória solitária e dificultando o real entendimento a nosso respeito. Acredito que possa existir a revolução silenciosa, sem exposição. Através dela abriremos caminhos, facilitando o entendimento, somos o que somos e é preciso respeitar esse dom, assim como todos os outros!

Meu marido ou namorado se assumiu gay e virou meu melhor amigo

Amigo de todas as horas
No caso do ex-casal Camila Scatolini, 21, e Ricardo Virginilli, 24, foi ela quem se assumiu gay e depois acabou virando a melhor amiga do antigo parceiro, com quem namorou por quatro anos. Camila se descobriu lésbica ao se apaixonar por uma colega da faculdade de Engenharia.
Camila recorda que foi difícil falar sobre assunto com Ricardo, que estuda Enfermagem. “Eu expliquei que precisava terminar com ele e me assumir lésbica. Ele ficou triste e chocado. E eu fiquei triste por magoá-lo, mas ele venceu a dor da separação ficando próximo a mim e continuando meu amigo. Ele sabia que se continuássemos eu estaria mentindo tanto para ele quanto pra mim”, observa a estudante.
Ricardo não nega que ficou realmente chocado. “Eu queria que ela voltasse atrás, chorei”, admite o estudante, que acabou aceitando a situação posteriormente. “Vi que estava sendo um idiota no começo”, constata.
Hoje, dois anos depois do rompimento, Camila e Ricardo continuam com uma amizade intensa, apesar da distância, já que amiga dele mudou para a França com a namorada.
“O Ricardo é meu companheiro, amigo para todas as horas. É alguém com quem eu posso conversar de tudo, que gosta das mesmas coisas que eu. Do mesmo modo como ele quer me ver feliz, eu quero vê-lo feliz, nunca conseguiríamos deixar de ser amigos”, conclui Camila.
 
Camila Scatolini e Ricardo Virginilli. Ela namorou com ele e depois se assumiu gay

Meu marido ou namorado se assumiu gay e virou meu melhor amigo

Divórcio não acabou com amizade
A dona de casa Emanuela da Ponte, 37, e o designer de interiores Gláucio Veiga, 38, ficaram casados por 11 anos e tiveram dois filhos. “Nós nos dávamos muito bem, tínhamos uma cumplicidade muito grande, um casamento sólido. Vivíamos para as crianças, sempre curtindo a vida e viajando”, conta ela.
Mas quando o casamento se desgastou, o designer passou a conversar com outros homens na internet, conhecendo um rapaz com quem teve um encontro. “Logo depois, voltei pra casa, peguei minhas coisas e me separei, não foi pra ficar com ele nem nada, só achei que ela não merecia a traição”, lembra Glauco.
Emanuela da Ponte e Gláucio Veiga foram casados 11 anos até ele se assumir gay

Meu marido ou namorado se assumiu gay e virou meu melhor amigo

Depois de ter relacionamentos héteros, homens e mulheres se descobrem gays e se separam, mas não perdem carinho dos antigos parceiros

“Quando ele me contou, eu falei: ‘qual a novidade?’. Eu sempre soube que ele era gay, desde a época que namorávamos. Sempre gostei dele como pessoa, a orientação sexual não fazia diferença na época e não faz hoje”, observa Daniela. 

A maneira receptiva com a qual a amiga recebeu a notícia só fez a cumplicidade entre os dois aumentar. “A Dani vai estar sempre junto de mim, não sei se no mesmo bairro ou no mesmo prédio, mas vai estar”, projeta Dieferson. Atualmente, os dois vivem e trabalham juntos num apartamento no centro São Paulo, no qual eles produzem vestidos de noiva.
Daniela se relaciona bem com atual namorado de Dieferson, mas confessa que ainda sente ciúmes das mulheres que se aproximam dele. “Cada mulher com o seu gay, já estou cultivando esse tem sete anos, fico fula da vida quando a mulherada chega nele, mesmo que elas queiram só amizade”, brinca a estilista.
Nos planos do casal, ou melhor, dos amigos Dieferson e Daniela há um projeto importante. “Quero um filho, e se tudo der certo vai ser com a Dani. Não sabemos como, mas acho que nada seria mais perfeito do que ter um filho dela”
Fran Drescher e o ex-marido Peter Marc Jacobson: casamento de 21 anos terminou quando ele 'saiu do armário'

Parada da Diversidade reúne 60 mil no Centro Cívico de Curitiba


Curitiba parou para a diversidade

Festa agitou Centro Cívico com mais de 100 mil pessoas na avenida. Tema deste ano foi “Liberdade e Cidadanida. Defenda a Democracia”

 Desfile começou com a grande bandeira do arco-íris, símbolo da diversidade em todo o mundo: quatro trios elétricos animaram a descida pela Cândido de Abreu

Parada da Diversidade reúne 60 mil no Centro Cívico de Curitiba

Desfile ocorreu na tarde deste domingo (1º) na Avenida Cândido de Abreu.
Tema da 13ª edição foi 'Liberdade e cidadania, defenda a democracia'.

 Parada da Diversidade reuniu 60 mil em Curitiba (Foto: Reprodução/ RPC TV) 

Mais de 60 mil pessoas participaram neste domingo (1º) da 13ª edição da Parada da Diversidade de Curitiba, de acordo com a Polícia Militar (PM). O evento teve início por volta das 12h, com concentração na Praça Dezenove de Dezembro, no Centro, e prosseguiu pela Avenida Cândido de Abreu, que permaneceu bloqueada para o trânsito Entre os participantes estiveram lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros, integrantes de movimentos feministas, negros, e famílias heterossexuais, de acordo com a organização. O tema desta edição foi “Liberdade e cidadania, defenda a democracia”.

 Trio elétrico passou pela Avenida Cândido de Abreu (Foto: Reprodução/ RPC TV)

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Sexo oral, sem travas!

Para alguns, o sexo oral é sinônimo de prazer garantido. Mas, a prática depende da intimidade do casal e, claro, da disposição. A ginecologista e terapeuta sexual Glene Rodrigues lembra ainda que muita mulher tem nojo da secreção ejaculada e, nem sob decreto, se arrisca à prática. "São questões de educação familiar, religiosa e sócio-cultural, que construíram a identidade sexual da mulher e podem dificultar a espontaneidade da sexualidade no relacionamento", avalia.
A médica, que trabalha com grupos de anorgasmia (inibição do orgasmo), vaginismo, inadequação sexual e ainda orienta mulheres com disfunção sexual, diz que um dos maiores erros delas, na hora do sexo oral, é demonstrar que não está à vontade - e mesmo assim continuar. "Os homens percebem, pela fisionomia, que elas estão com nojo do ato em si, o que pode levar a uma crise nesse relacionamento. A sexualidade precisa ser prazerosa para ambos", lembra.
Outro erro, segundo Glene, é morder ou machucar com os dentes o pênis. "É preciso cuidar também para não introduzir muito o pênis dentro da boca. Ao atingir a garganta, pode provocar ânsias de vômito".
Como bem lembra Glene, nada substitui a espontaneidade de um casal que está em sintonia. Mas algumas dicas podem tornar o sexo oral ainda melhor. Segurar com a mão na base do pênis é boa pedida, pois diminui o comprimento, evitando assim que ele se introduza por inteiro. Usar camisinha (é necessário usá-la inclusive no sexo oral) de sabores variados ajuda a resolver a preocupação em relação à ejaculação. Convidar o parceiro para tomar um banho, antes de começar, também pode ajudar quem tem um pouco de repulsa quanto à prática. "Lembre também que a área mais sensível para o homem é a glande. Mas movimentos de sucção ao longo do pênis, assim como ao redor da glande, também são fontes de prazer".
Para Glene, que também é médica Centro de Referência em Sexologia do Hospital Pérola Bynghton, em São Paulo, a criatividade é uma das melhores aliadas na hora de apostar no sexo oral. "Chupar bala de menta dá uma sensação gelada e pode ser agradável. E, se a mulher não se sente hábil, vale treinar com uma banana, se isso a deixar mais segura".

Mesmo com tantos artifícios - e com a certeza absoluta de que o parceiro adora o sexo oral - pode ser que você simplesmente não goste da coisa. Pode ser opção, claro. Mas também pode ser que você tenha criado uma barreira dentro da sua cabeça. "A questão psicológica, com relação à submissão, é muito forte. Às vezes elas acham que estão fazendo pelo parceiro. Mas é preciso lembrar que sexualidade é um compartilhar, é dar e receber", insiste. Para Glene, o casal que tem intimidade, compartilha o explorar da sexualidade no corpo um do outro e tem mais chances de estabelecer relação baseada no prazer e na segurança. "A satisfação sexual do casal é entendida como qualidade de vida. Mas, ainda assim, é preciso respeitar os limites de cada ser humano e de cada casal".

sábado, 16 de novembro de 2013

Atração por Pessoas do Mesmo Sexo

Falando sobre a atração por pessoas do mesmo sexo
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias reconhece que a atração por pessoas do mesmo sexo é um assunto delicado que requer bondade, compaixão e compreensão. O site mormonsandgays.com busca tratar, por meio de entrevistas e vídeos de líderes e membros da Igreja, o assunto sobre atração por pessoas do mesmo sexo e como isso se relaciona às pessoas e aos membros da família envolvidos. As declarações e histórias enfatizam a importância do mandamento de Cristo de amarmos uns aos outros e reafirmam a posição da Igreja.
A posição doutrinária da Igreja é clara: a atividade sexual deve ocorrer apenas entre um homem e uma mulher casados. Contudo, isso jamais deve ser usado como justificativa para atos rudes. Jesus Cristo, a quem seguimos, foi claro em Sua condenação à imoralidade sexual, mas nunca cruel. Seu interesse sempre foi o de elevar a pessoa, e nunca o de humilhá-la.
Em resumo, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias afirma a centralização das doutrinas relativas à sexualidade e ao gênero humano, bem como a santidade e o significado do casamento como a união de um homem e uma mulher Entretanto, a Igreja acredita firmemente que todas as pessoas são filhos igualmente amados de Deus e merecem ser tratadas com amor e respeito. Um apóstolo da Igreja, Élder Quentin L. Cook, declarou: “Como membros da igreja, ninguém deveria ser mais amoroso e compassivo. Sejamos os primeiros a usar termos que expressem amor, compaixão e cordialidade. Que nossas famílias não excluam nem desrespeitem os que escolheram um estilo de vida diferente devido a sentimentos que têm em relação a pessoas do mesmo sexo”. 
A Divina Instituição do Casamento
A Igreja diferencia o comportamento do sentimento de atração por pessoas do mesmo sexo. Apesar de não ser pecado ter sentimentos e inclinações por pessoas do mesmo sexo, envolver-se em um comportamento homossexual conflita com o “princípio doutrinário, fundamentado na escritura sagrada (…) de que o casamento entre um homem e uma mulher é essencial ao plano do Criador para o destino eterno de Seus filhos”. 
Porque a Igreja acredita que os poderes sagrados da procriação devem “ser exercidos apenas entre um homem e uma mulher legal e legitimamente casados como marido e mulher, (…) quaisquer outras relações sexuais, incluindo as com pessoas do mesmo sexo, comprometem a família, essa instituição divinamente criada”. Assim, a Igreja apoia medidas que definam o casamento como a união de um homem e uma mulher. No entanto, “proteger o casamento entre um homem e uma mulher não remove as obrigações cristãs de amor, bondade e humanidade dos membros da Igreja para com todas as pessoas”. 
Direitos Individuais
A afirmação da Igreja de que o casamento deve ser entre um homem e uma mulher “não constitui nem tolera qualquer tipo de hostilidade contra gays e lésbicas” Ao contrário, muitos líderes da Igreja têm falado claramente sobre o amor e o respeito que deve ser demonstrado por todas as pessoas. O Presidente anterior da Igreja, Gordon B. Hinckley (1910-2008), disse aos membros que têm atração por pessoas do mesmo sexo: “Nosso coração se volta para [vocês]. Lembramo-nos de vocês perante o Senhor, nós os compreendemos e respeitamos como nossos irmãos e nossas irmãs”. O Presidente Boyd K. Packer afirmou: “Nós não os rejeitamos. (…) Nós não podemos rejeitá-los. (…) Nós não vamos rejeitá-los, porque amamos vocês”.
A Igreja defende os direitos dos casais homossexuais relativos à “hospitalização e aos cuidados médicos, aos direitos de moradia e emprego, ou direitos de sucessão, desde que esses não prejudiquem a integridade da família tradicional ou os direitos constitucionais das igrejas” Em Salt Lake City, por exemplo, a Igreja apoiou regulamentos para proteção de residentes gays da discriminação com respeito à moradia e ao emprego.  
Evangelho de amor
O evangelho de Jesus Cristo baseia-se no amor, respeito e arbítrio. Os mórmons acreditam que todos os seres humanos herdaram forças, fraquezas, desafios e bênçãos e são convidados a viver, por meio da ajuda e graça de Deus, os princípios revelados por Jesus Cristo. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias declara que “o amor e a paternidade universal de Deus atribuem a cada um de nós um reconhecimento inato e reverente de nossa dignidade humana compartilhada. Somos ordenados a amar uns aos outros. Devemos tratar uns aos outros com respeito, como irmãos e irmãs que são filhos de Deus, não importando o quanto sejamos diferentes uns dos outros”.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A primeira vez de um homem gay é sempre dolorida?

Declaração o sofrimento da primeira vez de um gay, trouxe à tona a pergunta: sexo anal dói muito?  homens que passaram pela experiência e especialistas para esclarecer esta e outras dúvidas

Depois de interpretar o bruxinho Harry Potter nos sete filmes da série, Daniel Radcliffe   cresceu e passou a se deparar com papéis sexualmente bem mais complexos. Na peça "Equus", de que foi protagonista, ficou nu e sugeriu fazer sexo com um cavalo. Quando afirmou em entrevista para a revista "Flaunt" que procurou ser realista ao filmar sua primeira cena de sexo gay no filme “Kill Your Darlings", e que para isso precisou demonstrar dor, trouxe à tona a questão: a primeira experiência com sexo anal é algo necessariamente doloroso e incômodo para todos?
Para esclarecer essa dúvida, o  conversou com homens de 21 a 32 anos que passaram pela perda da virgindade anal, e foi ouvir também especialistas que deram dicas para diminuir o desconforto da primeira vez. Como pudemos ver, as histórias são bem diferentes. Há os que sentiram dor, os que sentiram prazer e dor, e os que não sentiram nada - nem prazer e nem dor. Muitas vezes, independente do incômodo físico, a primeira vez é apenas frustrante. 
 
O funcionário público de Brasília  Filipe  , 21, relata que passou por várias tentativas prévias antes de consumar a primeira experiência homossexual. Quando afinal perdeu a virgindade, sentiu uma certa dor, mas depois aproveitou. “Eu já havia feito preliminares, aquele lance de ‘só a cabecinha’, mas nada de penetração mesmo. Quando finalmente aconteceu estávamos na sala, tentamos algumas posições, mas não dava certo. Depois que lubrificou o pênis, o rapaz foi de uma vez, e doeu um pouco. Então ele me segurou, me acalmou, e daí aproveitamos. Foi um pouco desconfortável, mas nada descomunal”, revela ele.
Com o analista de sistemas bissexual  André  , 32, foi bem diferente: sua primeira vez foi sem nenhum preparo. Segundo ele conta, perdeu a virgindade anal aos 25 anos. Depois de um dia de trabalho agitado, resolveu ir a uma balada gay em São Paulo, onde vive. Encontrou um parceiro e os dois foram para a sua casa. “Foi tudo bem frenético. Sem conversa, sem acordo. A gente entrou, fomos para a cama já sem roupa, ele me virou de costas e eu fui curtindo. Ele colocou a camisinha e o sexo rolou sem maiores delongas. Não doeu e sensação foi ótima, não apenas a penetração em si, mas o ato como um todo. A submissão inesperada que acabou sendo exercida, assim como a total diferença dessa condição para aquela de ativo (que realiza a penetração), ou de uma relação com uma mulher”, explica. A sexóloga Carla Cecarello   afirma que a prática do sexo anal é saudável e prazerosa quando realizada da forma correta. Com relação à dor, ela diz que é relativa, assim como no caso da perda da virgindade vaginal. “Doer ou não depende muito de como o sexo anal vai ser feito, da mesma forma como a relação vaginal pode doer ou não. É importante lembrar da lubrificação. A vagina é naturalmente lubrificada, já o ânus não. Por isso é importante o uso do lubrificante à base de água”.Vai depender muito de como o sexo anal vai ser feito, da mesma forma como a relação vaginal pode doer ou não
Como era de se esperar, o estado de espírito interfere muito na sensação física da primeira vez. A mesma condição de “duas primeiras vezes” se repetiu com o relações públicas Bruno  , 26. “Eu tinha 18 anos e conheci um rapaz. Depois de sair algumas vezes resolvemos transar, preparei tudo, criei um clima. Tudo rolou legal até ele se lubrificar e me penetrar. Durou só uns cinco segundos, foi frustrante. Tempos depois, após muito sexo oral e masturbação com um namorado, tentamos e rolou. Fico bem nervoso sempre, porque acho que dói um pouco, então tenho que ir devagar para me acostumar e relaxar”, explica.
O sexólogo Amaury Mendes  lembra que a prática do sexo anal é recheada de tabus. “Até no sexo vaginal pode existir dor, mas é importante ressaltar que o sexo anal é circunscrito de tabus, medos e culpa. Tudo que não é reprodutivo tem uma conotação de pecado, tanto o sexo anal como o sexo oral. A partir do momento em que duas pessoas rompem esse preconceito e ficam tranquilas, tudo tende a dar certo. A dor não é uma regra no sexo anal e tem muitos homens e mulheres que gozam ao praticá-lo”, conclui.
Técnica de relaxamento
Cecarello explica que, ao ser penetrado, o ânus se contrai, o que dificulta o ato e pode causar dor. Nessa hora não se deve tentar a penetração. “Tem que encostar devagarzinho e esperar o esfíncter relaxar, para só então penetrar. Isso tudo com muita lubrificação, para deslizar tranquilamente”.
Carla Cecarello alerta ainda que o uso de camisinha também é imprescindível. “Se você vai se submeter a uma relação anal, pode acontecer de ter fezes, e por isso a camisinha permite uma higiene”, diz ela. Porém, a prática de lavagem estomacal, comumente chamada de “chuca”, não é recomendada. “Quando você faz algum tipo de lavagem com chuveirinho, pode machucar o canal anal e também elimina a mucosa que protege o ânus de doenças.” 
Tomando os cuidados necessários, Filipe é adepto do processo de lavagem estomacal, e dá também outras dicas para aumentar o prazer e a segurança do sexo anal - e minimizar os possíveis constrangimentos. "Eu incluo sempre grãos e alimentos que facilitam a digestão na minha alimentação. Antes da prática, fico de jejum por algumas horas, e faço a famosa lavagem intestinal em casa. Sou bastante vaidoso e me cuido bastante. Assim como hidrato meu corpo, hidrato a região anal. E, na hora do sexo, camisinha e lubrificação”, conta.
Mendes ressalta a importância do estímulo do parceiro. “Seja homem ou mulher, durante a prática de sexo anal é preciso lembrar de estimular quem está sendo penetrado, ou até ele mesmo pode se masturbar, se tocar”, conclui.
Sobre as posições sexuais mais adequadas, cada um tem suas preferências. Filipi curte todas, sem restrições, André prefere ficar sentado de frente para o parceiro, enquanto Bruno, que sente um pouco mais de desconforto, prefere de lado, a posição recomendada por Cecarello. “Para começar, é melhor deitado de ladinho, onde o pênis dá uma curvadinha na hora da penetração. De quatro ou sentado são penetrações sem obstáculos, o que pode gerar desconforto”, recomenda a especialista.

Postagens populares