Para atender o público homossexual já existe até shopping especializado
O
mercado gay brasileiro cresce cerca de 20% ao ano, segundo a Associação
de Empresários GLS do Brasil. Em busca de um público de grande poder
aquisitivo, que não tem despesas com filhos e gosta de consumir, lojas
dos mais diversos segmentos se especializam para atrair a comunidade
homossexual e transexual. Nos Estados Unidos, a economia das empresas
especializadas no atendimento do público GLS teve um crescimento de 7%
em relação ao ano passado. O poder aquisitivo dos homossexuais
norte-americanos é estimado em US$ 485 bilhões, segundo projeção da
empresa Witeck Combs Communications. O valor é equivalente a cerca de 5%
do PIB dos EUA. No Brasil, de acordo com a Associação dos Empresários
GLS, a comunidade gay ¿ 16 milhões de habitantes ¿ movimenta R$ 215
milhões por ano no Brasil, o que representa 0,01% do PIB nacional. Em
Brasília, desde maio, a operadora de turismo TKA criou o Mix Club,
direcionado exclusivamente à organização de pacotes turísticos para
homossexuais. Os roteiros turísticos incluem passeios, vida noturna e
hospedagem em hotéis em que não há barreiras para a expressão da
sexualidade dos turistas.
Em São Paulo, já existe uma loja de
animais de estimação especializada no atendimento de homossexuais. 'Na
verdade, atendemos todo tipo de público, mas fazemos questão de mostrar
que na nossa loja não há preconceito algum em relação à opção sexual dos
clientes', afirma Gustavo Bernardes, um dos sócios da empresa. Para as
empresas que resolvem sair do armário, a decisão pode representar um bom
negócio. 'Como público-alvo, é um segmento de mercado
interessantíssimo', avalia Paulo Roberto Moura, consultor de marketing.
Na opinião do consultor, as empresas que optam pelo atendimento ao
público gay devem criar uma identidade e deixar a intenção bem clara
para o público em geral. 'A princípio, isso pode distanciar alguns
clientes, mas o diferencial do atendimento faz com que os homossexuais
se identifiquem e passem a procurar apenas aquela empresa. Paulo
acredita que gays, lésbicas, bissexuais e transexuais são um nicho de
mercado em que há pouca saturação. Se a empresa for capaz de demonstrar
que tem um diferencial e que não existe nenhum preconceito de ordem
sexual, os clientes vão se sentir mais atraídos, porque o público GLS é
muito carente de mercado', diz Paulo.