Quem
não se lembra da mais famosa transex brasileira, Roberta Close? Sim, a
moça ficou famosa ao estampar a capa de uma revista masculina em 1984. E
agora, Ariadna Thalia Arantes, também famosa por ser ex-confinada do
reality show global, repete o feito. Este mês a cabeleireira publica
fotos mais que insinuantes, provando que depois da cirurgia de mudança
de sexo que fez em 2001, está realizada e feliz com o corpo. “Operei na
Tailândia com um médico indicado por uma amiga e assim que acordei da
anestesia me lembro da alegria que senti ao conferir que tudo tinha sido
feito mesmo (risos)”, revela.
A
morena afirma que só faltava o procedimento para sentir-se mulher de
verdade. “Mudou um pouco de tudo: minha personalidade, meus desejos e a
forma de viver. Hoje tenho qualidade de vida e tudo se transformou para
melhor”, confessa.
A
carioca afirma que o procedimento e o pós-cirúrgico foram bem
tranqüilos e ressalta que não sentiu dor. “Eu preferi me mudar. Morava
em Madureira pouco antes da cirurgia, fui para o Realengo. Lá, ninguém
me conhecia e a adaptação foi bem tranqüila”. A ex-BBB afirma que não
teve nenhuma consequência após a operação. “Hoje, vou ao ginecologista
como uma mulher normal, faço controle hormonal para ver se está tudo
certo no canal vaginal e na uretra e minha vida depois da participação
no programa está repleta de oportunidades, com novos trabalhos e o
carinho do público que eu adoro”. Ariadna promete aproveitar o espaço e
quer seguir carreira como modelo fotográfica e de passarela, além de
fazer um curso de teatro mais pra frente.
A cirurgia no Brasil
Para
o urologista Carlos Adib Cury, pioneiro em cirurgias de mudança de sexo
no País, o Brasil vem evoluindo nessa área, embora esteja atrasado 50
anos em relação à Europa porque o procedimento era proibido por aqui até
1998. O médico que tem 40 anos de profissão e uma centena de cirurgias
realizadas traz à tona a realidade nacional: “Há um transexual masculino
para cada 30 mil homens e um transexual feminino para cada 100 mil
mulheres. É preciso aceitar e respeitar o desejo de cada um. Embora
muitos transexuais já tenham conseguido o novo registro civil com mais
facilidade após o procedimento, ainda existe muito preconceito. Cerca de
10% da população brasileira é homossexual, bissexual ou travesti. Já os
transexuais são raros. A diferença é que o travesti se veste de mulher,
mas traz trejeitos masculinos, assim como uma agressividade típica,
enquanto o transexual é mulher”, explica.
A
partir do momento em que se resolve pela mudança de sexo, é preciso ter
um diagnóstico bem estabelecido. “São dois anos de análise com
psicólogo e psiquiatra, além da equipe multidisciplinar que é composta
por um endocrinologista, assistente social e cirurgião”, alerta o
médico.
A
prevenção e acompanhamento constantes antes do procedimento é regra
para que haja um resultado positivo. “É importante acompanharar a
vivência no gênero, ou seja, se vestindo, se portando, usando outro
nome, fazendo uso de hormônios, enfim, levando o mesmo estilo de vida
que vai ter após ser operado”, explica Alexandre Saadeh, psiquiatra
coordenador do AMTIGOS - Ambulatório de Transtorno de Identidade de
Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das
Clínicas da FMUSP.
Como
a triagem e preparo antes da operação são maçantes, é praticamente
impossível encontrarmos um caso de arrependimento pós-cirúrgico. “Uma
das virtudes do nosso trabalho é que nenhuma paciente nossa se
arrependeu da cirurgia. Eles se sentem muito confortáveis depois da
mudança porque atribuem o seu complexo a genitália, já que se sentem
plenamente mulheres”, lembra Adib.
Quanto
ao prazer, o cirurgião afirma que o feixe vásculo nervoso do pênis é
preservado em toda sua extensão, e transformado em um clitóris.
“Colocamos a glande no fundo da vagina que está sendo construída,
preservando assim toda a sensibilidade. No caso das mulheres, elas tomam
hormônios masculinos que aumentam de volume o clitóris cerca de 4 a 5
cm e na cirurgia ele é solto da vagina, proporcionando e mantendo a
sensibilidade e o prazer”.
Do reality para a vida real
Vivian
Fantin tem 39 anos e é uma bióloga de sucesso. Fez a cirurgia em junho
de 2010 e agora está realizando as cirurgias estéticas. Ela conversou
com exclusividade conosco, durante sua visita ao consultório para a
retirada de pontos da intervenção estética.
Qual a sensação de ter se tornado mulher?
Vivian Fantin: Muito
grande, logo que acordei da anestesia eu fiz questão de colocar a mão
(risos). Mas a sensação é inexplicável, pela primeira vez eu senti que
era eu.
O que mudou na sua vida?
Vivian Fantin: Tudo.
Antes eu tinha receio de entrar nos lugares, de ser discriminada. Hoje
eu vou em qualquer lugar e gosto muito mais de mim e do meu corpo.
Como foi a primeira vez como mulher?
Vivian Fantin:
Foi ótimo, esse sonho era mais meu que dele, mas foi muito bom. Nos
conhecemos antes da cirurgia e ele é heterossexual e nos apaixonamos.
Hoje tudo está melhor.
E quanto ao preconceito? Vc passou por isso? Como se sentiu?
Vivian Fantin: Olha
eu sofri muito preconceito sim, principalmente dos travestis e
homossexuais amigos meus que ficaram contra mim e a cirurgia. Muitos não
falam mais comigo e acham que eu mutilei meu corpo. Perdi muitos
amigos. Eles acham que depois de um tempo a gente enlouquece, o que não é
verdade. Eu renasci.
Qual a sua relação com sua nova genitália?
Vivian Fantin: Muito boa (risos)! Tenho todas as sensações e já tive 3 orgasmos depois da operação, menina (risos).
Arrasando no exterior
Lea
T, a primeira supermodelo transgênero do mundo anunciou sua operação
para mudança de sexo. A bela morena de 28 anos assumiu sua condição aos
25, a duras penas. “Aos 12 anos eu já era um menino bem feminino. Tentei
aceitar meu corpo de homem porque seria mais fácil, mas não consegui”. A
modelo que ficou conhecida internacionalmente por campanhas de marcas
famosas como a Givenchy, é autêntica. Em uma entrevista à Oprah, contou
como esconde o órgão masculino para fotografar e desfilar por passarelas
fashion. “É um trabalho árduo e doloroso, tenho que virá-lo todo para
trás e é mais complicado quando tenho que me sentar para fotografar, por
exemplo”, disse.
A
filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo fez questão de enfatizar
que seu pai é amoroso e a apóia o tempo todo. Sua cirurgia acontece este
mês em março, na Itália.