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terça-feira, 12 de junho de 2012

Sem Medo de Parecer Mulher

Ninguém pune uma mulher por ela se comportar como um homem. Pelo contrário, mulheres que desempenham papéis até ontem considerados exclusivamente masculinos são cada vez mais prestigiadas na sociedade.
Só o homem continua se envergonhando de parecer com a mulher, manifestação típica do macho da espécie que, por milênios considerou-se e foi respeitado como rei absoluto da natureza.
Até praticamente o início do século XX, ser mulher era sinônimo de ser escrava do homem, tendo que viver sob sua tutela, sem nenhum direito a ter uma vida própria. Depois das lutas da mulher pela emancipação – quase todas ganhas, e bem ganhas, até agora – é o homem que está sofrendo os efeitos da mão pesada da repressão social, que o mantém sitiado dentro das estreitas normas de conduta do gênero masculino onde, para ser reconhecido como homem não basta ter nascido macho, mas parecer homem, agir como homem, vestir-se como homem, pensar, sentir (sentir?) e até morrer como homem, 24h por dia, 365 dias por ano, de “mamando a caducando”.
Na cultura patriarcal-machista que tem imperado pelos últimos 10.000 anos, “ser e parecer homem” significa, essencialmente, “não ser e não parecer mulher”. O homem sempre se definiu a partir da negação e da repulsa, em si mesmo, de todo e qualquer traço de “mulheridade”, por assim dizer. Se a mulher tem ou faz isso, um homem terminantemente não pode ter nem fazer – nem isso, nem qualquer coisa semelhante. Ser homem é ser o oposto da mulher em todos os sentidos, por mais absurda que seja essa idéia. Apesar do disparatado da idéia, a rígida divisão dos gêneros masculino-feminino, com um sendo o oposto do outro, funcionou a contento enquanto os espaços sociopolíticoeconômicos foram mantidos bem delimitados, com os papéis de homem e de mulher claramente definidos. A coisa pega exatamente a partir do momento em que a mulher sente-se livre para exercer papéis antes exclusivos do homem, para vestir-se como homem quando bem lhe aprouver, para substituir o homem num sem número de atividades nas quais ele se julgava insubstituível. Nessa hora o homem ficou totalmente sem referências para definir-se, já que não há mais um perfil estável de mulher para ser negado.
A Revolução Feminista veio complicar tremendamente a vida desse personagem patético chamado “homem”, cuja “existência” até então se dava essencialmente em função da “inexistência” da mulher. Com os movimentos de liberação feminina, praticamente tudo o que a mulher não tinha ou não fazia ela passou a ter e a fazer, estabelecendo com o homem uma insuspeita (e totalmente inoportuna e indesejada) “igualdade de direitos”. Ao tornar-se “igual ao homem” a mulher fez muito mais do que tomar posse do que sempre lhe pertenceu de fato e de direito: – ela detonou a definição de homem como alguém que não tem e não faz nada do que uma mulher tem ou faz. Mandou para os ares o conceito de homem firmado a partir da negação e do repúdio a tudo que fosse considerado como “feminino” no comportamento do macho.
Um grande vazio institucional está criado: – se agora a mulher já pode tudo e já faz tudo o que um homem faz, em função de que sobreviverá daqui para frente o conceito de homem? A coisa é ainda mais grave se observarmos que a própria tecnologia, basicamente “inventada” pelo homem tornou-se fortíssima aliada da mulher, ao permitir a ela “dispensar” a participação do homem até mesmo na concepção dos filhos… São cada vez mais claras – e mais assustadoras – para o homem as conseqüências do fim das prerrogativas absolutas do gênero masculino.
A supremacia da mulher é uma realidade incontestável. Mesmo porque, a mulher “é” e sempre será a mãe, a geradora de tudo. Pai, como outros tantos papéis sociais do homem, não passam de meras ficções culturais.
A transgeneridade pode ser um passo adiante na redefinição do que será o homem na sociedade surgida após a revolução da mulher. Homens que imitam – e saboreiam – o comportamento feminino com a mesma naturalidade que as mulheres imitam o comportamento dos homens. Homens que se vestem de mulher, com muita graça, beleza e nenhuma vergonha do que estão fazendo. Homens desvinculados da brutalidade do gênero masculino, que descobrem a graça do gênero feminino e se orgulham de incorporar esses valores à sua própria personalidade. De homem.
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