"Ser Mulher Transcende uma vagina"

Recentemente, a modelo e transexual Carol Marra disse algo que muitas mulheres e homens ainda não são capazes de compreender. Ela falou: "Ser mulher transcende uma vagina", e está absolutamente certa na sua declaração. Em outras palavras, ela quis dizer que o feminino e o masculino, na nossa sociedade, muito mais do que realidades biológicos, são construções culturais.
Caso alguém procure defender o contrário e, com pés bem enraizados em antigas crenças, queira afirmar que o ser mulher define-se principalmente pelo orgão genital, terá que negar todas uma série de aprendizados e hábitos repetidos, incesantemente, desde a mais tenra infância. Pior do que isso, terá que afirmar que uma série de aprendizados culturais são na verdade parte do nosso códico genético. Seriam toscas as conclusões dessa linha de pensamento. Ela transformaria o uso de saias, maquiagens, posturas mais recatadas e "meigas", e uma série de padrões femininos instituidos socialmente, em simples ramificação do nosso código genético, transformando as mulheres em robozinhos programados previamente pelo DNA.
Não, as mulheres não foram programadas para serem mulheres. Elas não são simples resultado de um código genético. As mulheres não são bonequinhas geneticamente construidas. Pensar assim, seria atestar contra o gênero feminino e sua capacidade criativa. O melhor a pensar é que ser mulher transcende a herança genética e que é muito mais do que uma simples soma de fatores biológicos.
Ser mulher é, antes de tudo, uma construção social e isso nos faz entrar num terreno perigoso porque gera espaço para a inclusão das transexuais. Ser mulher, como disse Carol Marra, transcende uma vagina. Ser mulher é, antes de tudo, sentir-se como mulher, e adquirir os hábitos, valores, e aparências que afirmam o feminino na nossa sociedade. Ou, antes, ser mulher é inserir-se no universo cultural feminino para transgredi-lo, modificá-lo, melhorá-lo e revelar assim que o feminino muda, modifica-se, rompe com antigos paradigmas. Se o ser mulher fosse algo estático e apenas biológico, as mulheres até hoje continuariam submissas aos seus maridos como boas e zelosas donas de casa e cuidadosas "mocinhas de família". Algo mudou no univero feminino e é preciso compreender a mudança para que ela não pare no tempo. Compreender a divisão de gêneros na nossa sociedade é a chave para a libertação de mulheres, transexuais e homens dos ditames de um passado patriarcal e repressivo.
Recentemente, a modelo e transexual Carol Marra disse algo que muitas mulheres e homens ainda não são capazes de compreender. Ela falou: "Ser mulher transcende uma vagina", e está absolutamente certa na sua declaração. Em outras palavras, ela quis dizer que o feminino e o masculino, na nossa sociedade, muito mais do que realidades biológicos, são construções culturais.
Caso alguém procure defender o contrário e, com pés bem enraizados em antigas crenças, queira afirmar que o ser mulher define-se principalmente pelo orgão genital, terá que negar todas uma série de aprendizados e hábitos repetidos, incesantemente, desde a mais tenra infância. Pior do que isso, terá que afirmar que uma série de aprendizados culturais são na verdade parte do nosso códico genético. Seriam toscas as conclusões dessa linha de pensamento. Ela transformaria o uso de saias, maquiagens, posturas mais recatadas e "meigas", e uma série de padrões femininos instituidos socialmente, em simples ramificação do nosso código genético, transformando as mulheres em robozinhos programados previamente pelo DNA.
Não, as mulheres não foram programadas para serem mulheres. Elas não são simples resultado de um código genético. As mulheres não são bonequinhas geneticamente construidas. Pensar assim, seria atestar contra o gênero feminino e sua capacidade criativa. O melhor a pensar é que ser mulher transcende a herança genética e que é muito mais do que uma simples soma de fatores biológicos.
Ser mulher é, antes de tudo, uma construção social e isso nos faz entrar num terreno perigoso porque gera espaço para a inclusão das transexuais. Ser mulher, como disse Carol Marra, transcende uma vagina. Ser mulher é, antes de tudo, sentir-se como mulher, e adquirir os hábitos, valores, e aparências que afirmam o feminino na nossa sociedade. Ou, antes, ser mulher é inserir-se no universo cultural feminino para transgredi-lo, modificá-lo, melhorá-lo e revelar assim que o feminino muda, modifica-se, rompe com antigos paradigmas. Se o ser mulher fosse algo estático e apenas biológico, as mulheres até hoje continuariam submissas aos seus maridos como boas e zelosas donas de casa e cuidadosas "mocinhas de família". Algo mudou no univero feminino e é preciso compreender a mudança para que ela não pare no tempo. Compreender a divisão de gêneros na nossa sociedade é a chave para a libertação de mulheres, transexuais e homens dos ditames de um passado patriarcal e repressivo.
A sexualidade dos t-lovers

Depois de pensar bastante sobre a minha sexualidade, cheguei a seguinte conclusão: os t-lovers não são homossexuais, não são hereterossexuais e não são bissexuais. Nenhuma das palavras utilizadas comumente para descrever a sexualidade humana se encaixa perfeitamente no caso dos amantes de travestis.
Os t-lovers não são homossexuais: Para ser homossexual, uma pessoa teria que manter uma relação afetiva com uma outra do mesmo sexo. Não é esse o caso da relação entre homens e pessoas do terceiro sexo: as transexuais e as travestis situam-se entre o feminino e o masculino, possuindo características de ambos os sexos. Um relacionamento trans só pode ser homossexual se for entre duas travestis, duas transexuais, ou uma trans-mulher operada e uma mulher.
Os t-lovers não são heterossexuais: O sexo entre um homem e uma travesti é significativamente diferente daquele entre um homem e uma mulher. O algo mais da travesti é realmente um diferencial e fazer de conta que ele não existe seria negligenciar uma parte da própria sexualidade. Os t-lovers têm uma sexualidade distinta daqueles homens que gostam apenas de mulheres. Dizer isso não é nem um elógio nem uma crítica aos t-lovers: é apenas uma constatação de que existe sim uma diferença.
Os T-lovers não são bissexuais: Dizer que os T-lovers são bissexuais é tentar a todo custo procurar uma classificação. Para serem considerados bissexuais, os t-lovers teriam que gostar de homens e de mulheres. Não é esse o caso. Os t-lovers não gostam de ambos os sexos. Não tendo relações com outros homens, eles não podem ser bissexuais.
O medo de ser gay é um preconceito herdado: A nossa cultura criou uma espécie de hierarquia em que o masculino é mais valorizado que o feminino, e a heterossexualidade é mais reconhecida que a homossexualidade. Sendo t-lovers, e refletindo sobre a própria condição, devemos procurar questionar essas divisões, se quisermos entender as sutilizas da nossa própria sexualidade. Da mesma forma que as travestis e transexuais se situam entre o polo masculino e o feminino, os t-lovers encontram-se entre o heterossexualismo e o homossexualismo.
O preconceito não sobrevive a um questionamento racional: Não existe nada que indique que ser heterossexual é moralmente superior a ser homossexual, ou vive-versa. A única coisa que faz uma pessoa se sentir inferior por ser gay ou ter medo de sê-lo é a existência de uma série de preconceitos herdados. Aquilo que vale para os gays também vale para os t-lovers. Mesmo não sendo homossexuais, os t-lovers acabam por fazer parte da comunidade LGBT. O T do final da sigla, mesmo que não se refira a nós T-lovers diretamente, nos inclui no mesmo grupo. Somos minória, e os preconceitos que afetam os demais também nos envolve.
Quando os elogios não cheiram bem
Depois de pensar bastante sobre a minha sexualidade, cheguei a seguinte conclusão: os t-lovers não são homossexuais, não são hereterossexuais e não são bissexuais. Nenhuma das palavras utilizadas comumente para descrever a sexualidade humana se encaixa perfeitamente no caso dos amantes de travestis.
Os t-lovers não são homossexuais: Para ser homossexual, uma pessoa teria que manter uma relação afetiva com uma outra do mesmo sexo. Não é esse o caso da relação entre homens e pessoas do terceiro sexo: as transexuais e as travestis situam-se entre o feminino e o masculino, possuindo características de ambos os sexos. Um relacionamento trans só pode ser homossexual se for entre duas travestis, duas transexuais, ou uma trans-mulher operada e uma mulher.
Os t-lovers não são heterossexuais: O sexo entre um homem e uma travesti é significativamente diferente daquele entre um homem e uma mulher. O algo mais da travesti é realmente um diferencial e fazer de conta que ele não existe seria negligenciar uma parte da própria sexualidade. Os t-lovers têm uma sexualidade distinta daqueles homens que gostam apenas de mulheres. Dizer isso não é nem um elógio nem uma crítica aos t-lovers: é apenas uma constatação de que existe sim uma diferença.
Os T-lovers não são bissexuais: Dizer que os T-lovers são bissexuais é tentar a todo custo procurar uma classificação. Para serem considerados bissexuais, os t-lovers teriam que gostar de homens e de mulheres. Não é esse o caso. Os t-lovers não gostam de ambos os sexos. Não tendo relações com outros homens, eles não podem ser bissexuais.
O medo de ser gay é um preconceito herdado: A nossa cultura criou uma espécie de hierarquia em que o masculino é mais valorizado que o feminino, e a heterossexualidade é mais reconhecida que a homossexualidade. Sendo t-lovers, e refletindo sobre a própria condição, devemos procurar questionar essas divisões, se quisermos entender as sutilizas da nossa própria sexualidade. Da mesma forma que as travestis e transexuais se situam entre o polo masculino e o feminino, os t-lovers encontram-se entre o heterossexualismo e o homossexualismo.
O preconceito não sobrevive a um questionamento racional: Não existe nada que indique que ser heterossexual é moralmente superior a ser homossexual, ou vive-versa. A única coisa que faz uma pessoa se sentir inferior por ser gay ou ter medo de sê-lo é a existência de uma série de preconceitos herdados. Aquilo que vale para os gays também vale para os t-lovers. Mesmo não sendo homossexuais, os t-lovers acabam por fazer parte da comunidade LGBT. O T do final da sigla, mesmo que não se refira a nós T-lovers diretamente, nos inclui no mesmo grupo. Somos minória, e os preconceitos que afetam os demais também nos envolve.
Quando os elogios não cheiram bem