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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Meu filho é gay. O que fazer?

Quando se descobre que o filho é gay, a primeira certeza que todos os pais devem buscar é a clareza de que homossexualidade é espontânea.
Não existe de forma alguma a opção ou escolha de ser gay e esse conceito é bastante errado. Os filhos não escolhem serem gays e não existem elementos externos suficientes que possam nos influenciar a tomar esse tipo de decisão. Não se decide ser gay. Decide-se se assumir ou não.
Não nos tornamos gays se convivemos com gays, mas andamos com gays porque em alguma medida nos identificamos. O que não quer dizer, de forma alguma que, se o seu filho anda com alguns amigos gays, ele seja. A juventude de hoje está cada vez mais disponível à diversidade e esse conceito é bastante louvável. Evoluído, melhor dizendo.
No momento que o filho se assume gay ou os pais descobrem a real sexualidade do filho, o mais importante é batalhar pela absorção desses conceitos, novos conceitos. Em paralelo, é fundamental entender que não existe culpa dos pais pois não existe uma fórmula de educação, trato ou comportamento durante o processo de vida e socialização que levem o filho a se tornar gay. Não existe o “tornar-se gay”. Existe o revelar, se encontrar ou se aceitar.
Muitos pais de filhos gays ficam horrorizados quando a verdade vem à tona. Alguns sugerem que o filho “seja gay mas não se relacione com nenhum outro homem” – a exemplo do meu pai no começo. Outros ameaçam, rejeitam e ao mesmo tempo se punem com o velho pensamento: “Aonde foi que eu errei?”. Outros pais buscam pesquisas e estudos a respeito enquanto as mães vivem entristecidas, deprimidas, procurando por uma luz emocional que não vem. Esperam uma luz de fora, mas a luz – na realidade – virá de dentro. E claro que hoje há aqueles pais que absorvem essa realidade de maneira mais digna com todos os envolvidos, incluindo eles mesmos.
A melhor dica para os pais de filhos gays é que peguem todos valores e tentem se desprender do que a sociedade diz ou do que o próximo pode dizer. O fundamental, nesse processo de aceitação e clareza entre filhos gays e seus pais, é rever os próprios valores.
Lembra da piada que fizeram sobre gays outro dia? Pois é, esse hábito pode continuar mas precisa mudar de sentido. Lembra do filho do amigo que se falava “pelas costas”? Olha aí mais um hábito para se mudar!
Lembra que pais idealizam nos filhos seus sonhos e expectativas? As idealizações podem continuar mas não será exatamente do jeito que se espera. Aliás, quando é exatamente como se espera? Eis um ponto importante: sabemos que os filhos esperam bastante dos pais e essa necessidade é até bem clara na relação familiar. Já os pais também esperam algo dos filhos, não é verdade?
Bem ou mal, certo ou errado, os pais também são “vítimas” de uma sociedade historicamente heterossexualizada. Heterossexualidade é o que se chama de padrão, é o modelo dito como correto, da retidão religiosa, do machismo ou da tradição familiar. Mas no momento em que se descobre que o filho é gay, são essas reflexões que devem ser levantadas: “afinal de contas por que heterossexualidade é o correto?”. Não existe uma linha restritamente correta quando o assunto é sexualidade e quem disse que há, basta olhar para o mundo e, se não vê, está cego ou voltado para dentro.
A religião nos impõe doutrinas, regras firmes e quase absolutas e, nessa toada, diz que homossexualidade é pecado. A tradição familiar fala da questão dos descendentes, da importância de herdar valores de pais para filhos e seguir por uma linha de conduta. E quem disse que homossexualidade está a parte da conduta? A avó, a bisavó, o imaginário da tradição familiar?
Essa linha nada mais é do que o apego por regras e padrões. Regras e padrões duram para sempre?
Como seguir essa “linha” se, novamente, a homossexualidade é espontânea? Das duas uma: brigar e impor uma postura rígida (em vão) porque o filho pode até se submeter à força da tradição (ou de ameaças), assumir uma vida heterossexual, ter uma esposa e filhos, mas em sua essência – em sua intimidade – sempre vai morar o desejo pelo outro do mesmo sexo e você, pai e mãe, que impõem condições pela tradição terão que assumir pelo resto da vida (ou pelo tempo que o filho viver no padrão de conduta esperado) o egoísmo, a frieza e até a amargura por ter priorizado a ideia de que “filho meu não pode ser gay”. Priorizar os valores do ego desse jeito, com a intolerância, são coisas de pessoas cujos adjetivos não são dos melhores. Para vocês que são pais e pensam assim, sinto em dizer que aprenderão sobre a tolerância vivendo e sofrendo muito da intolerância. Esse caminho tende a armagurar. Mas quem sou eu para dizer como PAIS devem fazer?
Ou, como segunda opção (e isso sim é uma escolha), romper com a rigidez da tradição. As vezes nem se pensa ou se entende de onde vem a tradição familiar. Por que se faz tanta questão com a tradição referenciada na sexualidade? Talvez nem você saiba direito a resposta e dizer “porque ter um filho bicha é inconcebível” é o mesmo que uma criança imperativa pedindo por bala!
Quebrar paradigmas, reatribuir valores na relação de pais e filhos e perceber que para a homossexualidade deve existir a tolerância – se o objetivo é que seu filho seja realizado – são as oportunidades que a vida traz a todos, pais e filhos, de viver sem fardas, hipocrisia e imaturidade. Porque poupar a si da realidade homossexual de filhos, sinto muito, não é amor. Querer que filhos sigam doutrinas e valores tradicionais não é amor. Cadê a tão comentada “compreensão” que exigimos, inclusive, de nossos próprios filhos no processo de educação?
(Pais viram crianças quando se descobre que o filho é gay, não é isso? Muitos viram! Porque a mim essa coisa de intolerância é deveras infantil!).
Devemos aceitar a espontaneidade das pessoas mesmo que essa espontaneidade seja diferente do rigor do que, para pais, lhes foram ensinado. Aliás, pais rigorosos seguem por regras da tradição por escolha, mas a escolha nem sempre quer dizer uma consciência da mesma. Lembrando que pessoas amadurecidas e capazes, hoje em dia, se desprendem de valores herdados com muito mais flexibilidade para a conquista dos próprios valores. Temos que ser cada vez mais capazes e mais adaptáveis. Não é isso que, inclusive, os pais esperam dos filhos?
“Capacidade de adaptação” – tão lógico e claro quando os pais se referem ao desenvolvimento profissional ou até mesmo humano dos filhos. Tão obscuro quando o assunto tange a homossexualidade. Tradição, no meu sincero ponto de vista, não pode ser o efeito de um muro, mas sim a base para que filhos se fortaleçam e vivam o hoje com segurança.
Naturalmente, os “bons filhos gays”, muito preocupados por essa “deficência social” buscam compensar de outras maneiras mesmo que inconscientemente. E os bons pais que se deparam com essa “deficência social”? Onde colocam suas virtudes nesse momento de aceitação?
Mais uma vez, queridos pais, a homossexualidade é espontânea e não se opta. Opção vocês têm de viver com o sofrimento ou com a plenitude de poder amar seus filhos sem barreiras. Pais normalmente mal entendem porque são intolerantes com a homossexualidade e, tal qual crianças, despejam autoritarismo em cima dos filhos quando o assunto é homossexualidade!
“Porque filho meu tem que ser macho”. “Porque não aceito um filho viado”. “Porque essa coisa de ser gay é falta de vergonha na cara!”. Estou para ver pais que lancem essas frases ao ar diante dos seus filhos gays e saibam explicar essas ideias de maneira clara como se espera de pais.
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