Nova York, decide revidar contra as ações violentas e homofóbicas da policia, que frequentemente fazia batidas nos bares gays. Um travesti conhecido como Sylvia Rivera joga a primeira garrafa sobre um policial, ato que seria seguido por outras pessoas, causando uma pequena rebelião, fortemente reprimida, com o espancamento e a prisão de homens julgados “muito afeminados”. Durante as 3 noite seguintes ocorrem manifestações e enfrentamentos no bairro. No ano seguinte, grupos de gays e lésbicas voltam ao mesmo estabelecimento para lembrar os atos condenáveis que aconteceram no local. Esse ato, inicialmente espontâneo, foi a primeira manifestação de gay pride (orgulho gay) e deu inicio ao movimento gay em todo o mundo.
E carros das comunidades árabe, judaica, asiática, africana…Teve até carro de gays católicos no mesmo ambiente em que muita gente critica ou tirra sarro de algumas atitudes da Igreja:

A partir de então, outros países começam a organizar, no mês de junho, paradas, desfiles e manifestações que lembram o episódio de Stonewall e colocam em evidência as lutas atuais do movimento. Lutas por direitos ainda básicos, contra a violência e a discriminação num mundo que só recentemente e a duras penas aprende a conviver com as diferentes orientações sexuais. A violência de Stonewall não foi um caso isolado nos EUA, que na época penalizava a homossexualidade em quase todos os Estados. Mesmo na França, país de grandes pensadores humanistas, das manifestações libertarias de 1968, a homossexualidade era considerada um delito até 1982. Depois da despenalização da homossexualidade, foram varias as vitórias do movimento, que ainda hoje tem que lutar contra o preconceito da sociedade, do conservadorismo e das religiões. Em 1999, o país deu um grande passo em direção à igualdade, com o reconhecimento legal das uniões de casais do mesmo sexo, através do PACS (Pacte Civil de Solidarieté). Similar à União Estável brasileira, o PACS da a casais homossexuais ou a casais heterossexuais que preferem não passar pelo tradicional casamento, os mesmos direitos civis dos casais formalmente casados.
Agora em 2009, quarenta anos depois dos episódios de Stonewall, 10 anos depois da aprovação do PACS, a Marche des Fiertés LGBT (Marcha do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero) aparece com o tema Fier-e-s de nos luttes, a quand l’egalité reele? (Orgulhoso(a)s de nossas lutas; e quando vira a igualdade real?). A França pode ser menos homofóbica que o Brasil, mas por aqui também acontecem espancamentos e assassinatos por discriminação sexual a ainda ouvimos declarações absurdas de políticos e autoridades.
Altamente politizada, como quase todas as manifestações aqui na França, a Marcha de 2009 foi também um momento alegre, descontraído, uma verdadeira festa que abriu em grande estilo, com a presença da cantora americana e ídolo da comunidade gay, Liza Minnelli.


A Liza ficou só um pouquinho e logo desceu do primeiro carro, mas a gente continuou seguindo a marcha, que tava animada e ao mesmo tempo tranquila, sem muvuca, briga ou comportamentos agressivos. Tudo na maior paz, com homossexuais, heterossexuais, bi, trans, adultos, adolescentes, crianças, famílias, com discursos diferentes, mas levantando a bandeira comum da tolerância, da liberdade e, claro, da festa. Não fomos até o fim da Marcha, porque ontem era nosso primeiro dia de Fête du Cinema, mas conseguimos acompanhar boa parte do começo e ainda demos um pulinho na Bastilha na hora do desfecho. O clima era de carnaval, com musica alta e aquele solzão batendo na cara.

Entre os destaques, como sempre, as roupas das pessoas fantasiadas e o brilho das drags, que não conseguiam dar dois passos sem posar para fotos, de tanto sucesso que fizeram:





Essa família assistia à Marcha com uma placa que dizia: Nosso filho é gay e nós somos felizes!

Teve um carro só de pais de homossexuais e outro de casais homossexuais que têm filhos:




Todas as cores, culturas, credos e orientações sociais. Foi um dia colorido, como sempre tem que ser uma parada gay, com franceses em ritmo de carnaval, mais calorosos que o comum. Homens e mulheres andavam com a plaquinha Free hugs e saim distribuindo abraços gratuitos, para todos, para quem quisesse fazer parte da festa. Até o Arthur, que não quis tirar fotos com as drags, se empolgou quando passaram os grupos de meninas sem camisetas, só de soutien. (por que sera, né? rsrsrs) Ta vendo? Tem lugar pra todo mundo na Marcha.
