Depois de um embate de gays, O blog Sociedade Gls Glbt fala de “O censo da diversidade”, sobre pais gays, mães lésbicas e filhos.
trouxe como matéria mais um artigo que diz respeito ao nosso
universo GLS: “O censo da diversidade”, sobre pais gays e mães lésbicas.
Reforçaram um pouco mais – como introdução da reportagem – a ideia de
que a nossa sociedade inclui cada vez mais o gay e nos trata com
naturalidade, sob o ponto de vista das classes sociais de mais acesso.
Realmente faz sentido, embora não seja regra.
“pais gays e filhos”, assunto ainda que engatinha entre os gays
brasileiros, pelo menos àqueles que tenho algum contato. Mas os dados
são interessantes e reveladores: apesar do Censo ter se realizado há
dois anos atrás, em 2010, 20% dos gays entrevistados manifestaram o
interesse em ter filhos, comparado aos resultados dos EUA de 16%.
A reportagem “Gays e filhos – O censo da diversidade”
apresenta alguns casos de pais gays e mães lésbicas que estão por aí,
em solo brasileiro, cuidando de seus filhos e batalhando, cada um a sua
medida, para conquistar seus direitos perante seus rebentos e mediante a
sociedade.
Filhos. Gays, por que tê-los?
Primeiro que diante os dados apresentados pela reportagem
64% dos casais homossexuais declarados na pesquisa contam com mais de
dez anos de estudo, em comparação aos chefes heterossexuais de família
que chegam a 34%. Segundo que o rendimento médio de um casal homossexual
também declarado na mesma pesquisa (Gregori) chega a R$ 5.200,00 por
mês, quase o dobro da realidade no lar hétero declarado. Mas a ideia
aqui, obviamente, não é fazer uma comparação que privilegie os gays; não
seria uma abordagem do estilo . De qualquer forma, pelo que indica a
reportagem, nós, gays, tendemos a estar mais estruturalmente preparados
para pensar em filhos. Diga-se estrutura, em níveis intelectuais e
financeiros, nesse caso.
Coincidentemente, também abordei o assunto de ser pai antes dessa
edição chegar as minhas mãos e especificamente a minha
preocupação são três: condição intelectual, financeira e tempo para
poder criar um filho.
Quando tinha 23 anos e já estava me assumindo, pensava nessa
possibilidade com um deslumbre, na ideia de perpetuar minha genética e
apresentar ao mundo mais um “filho da diversidade”.
Já conversei algumas vezes com a minha amiga Ela do “Que Gay Sou Eu?”
a respeito desse desejo e de minhas pretensões com um novo rebento no
mundo. Quem lê o Blog Sociedade Gls Glbt há um tempo percebe o quanto “minha filha
empresa” me toma tempo, atenção e energia. Mas quando estiver mais
amadurecida e menos dependente, por que não pensar na possibilidade de
um filho?
Gostaria, a princípio, de ter um filho com a minha genética.
Provavelmente não faria diferente de Elton John e David Furnish, casal
britânico que misturaram seus espermas e fecundaram um óvulo numa
barriga de aluguel. Imagino que os custos dessa possibilidade sejam mais
altos, não procurei saber ainda, mas me convém ter um filho se as
minhas condições alcançarem esse esse tipo de privilégio no futuro.
Não penso necessariamente em ter um outro pai me acompanhando. Pode
ter ou não ter e vai depender muito do nível de maturidade e afinidade
de ambos, que no momento e falando da minha parte não tenho.
Precisaria, sim, de tempo pois não gostaria de ter um filho educado
por uma babá, avós ou ser pai apenas nos finais de semana, como muitos
fazem pelo exercício do trabalho. Basta ver o caso da presidente
executiva do Yahoo – Marissa Mayer – que tirou apenas duas semanas de
licença maternidade. Se nos primeiros respiros de seu filho Marissa
preferiu assim, imagine então o quão distante estará no processo de
crescimento da criança caso não mude seu foco atual? Creio que eu seja
tradicionalista nesse aspecto!
Nas devidas proporções e humildemente falando, meu foco é o mesmo de
Marissa. Porém, me soa muito inapropriado pensar num filho para ser
criado por outro, como a minha mãe. Já até ouço meu pai esbravejar:
“colocou um filho no mundo, agora trate de criar ao invés de ficar dando
esse trabalho pra gente!” – rs.
Em contraposição à coluna de JR Guzzo que deu pano para manga ao
comparar casamentos gays com relacionamento com cabra, “O censo da
diversidade”, conteúdo escrito pela jornalista Gabriele Jimenez me
parece – e posso estar enganado – a desculpa discreta da para o
público gay.
Desculpa ou não, interessante abordar o assunto de pais, mães gays e
filhos no Blog Sociedade gls glbt, e perceber que existe um grande número de
casais gays brasileiros com interesse em ampliar o lar. Esse movimento
agrega mais respeito a diversidade, a inclusão social e muitos aspectos
que – no dia a dia – podem revelar sim uma sociedade cada vez mais
esclarecida.
Se tenho medo de ter um filho pela sociedade que recriminaria?
Absolutamente. Meu medo é de não poder dar conta da maneira que entendo
que a palavra “criar” faria sentido.